Capítulo Dezenove

202 44 21
                                    

Foi Fábio quem abriu a porta da casa de Marco e Elisa quando Luana tocou a campainha. Ele parecia estressado e, assim que a viu, inundou-a de reclamações.

— Finalmente mais uma mão para me ajudar! Entra, Luana. Venha ver a catástrofe que ficou o quarto dos trigêmeos. Por que eles foram nascer em um período de recesso da fábrica de móveis, hein?

— O que aconteceu? — Ela fechou a porta atrás de si e mal teve tempo de se virar para a sala quando foi "desmontada" pelo amigo, que tirou a bolsa de seu ombro e a sacolinha com presente para os bebês de sua mão. Colocou tudo em cima do sofá e a encaminhou para o quartinho infantil sem delongas.

— Eu tinha tudo pronto, móveis planejados, todas as roupas feitas à mão, e então me nasce um bebê a mais! — Seu protesto foi dramático e sofrido. Nem parecia o mesmo homem que chorou horrores de tão emocionado com a notícia de que teria três pupilos para mimar. — Agora estou aqui, graças a Deus com um berço do mesmo estilo, mas não da mesma madeira, porque só restou esse à pronta entrega na fábrica da qual encomendei. E as roupas? Não tive opção além de comprar prontas. Ai, me dói só de pensar! São sem os bordados perfeitos que os lençóis e almofadas dos outros dois têm. É de cortar o coração.

— Fábio, isso é o de menos. O importante são as energias positivas para os pequenos se manterem saudáveis.

— Impossível pensar em energia positiva no momento, Luana. — Eles pararam na porta do quarto infantil. — O terceiro berço portátil ao lado da cama da Elisa e do Marco não ficou tão ruim porque consegui outro exatamente igual, mas olhe que horror esses aqui, que fiasco! Não é apenas questão de estética, nós perdemos espaço com essa nova disposição dos móveis. Antes, os dois berços ficariam na horizontal nessa parede em que tem os cubos com ursinhos, mas agora tivemos de inverter tudo! E os três berços couberam somente assim, na vertical e no lado oposto para não atrapalhar a porta.

Luana avaliou a situação. O berço realmente era de outra cor. Mais escuro que a madeira dos demais e apresentava alguns arranhões. As roupas de cama dele possuíam bordados à máquina que destoavam bastante da delicadeza das outras. Apesar disso, estava longe de ser um total desastre.

— Mas, Fábio, assim como você colocou, com o diferente no meio, ficou muito bom. A mistura de tons dos berços deu até um charme, agora é só encontrar mais uns cubos da mesma cor para compor o resto do quarto e combinar.

— E o que fazer com a roupa de cama? Nem adianta fingir, sei que ficou muito ruim. Ainda assim, tive que comprar alguma coisa, o novo conjunto que encomendei, igual, só ficará pronto daqui a dois meses. Dois meses, Luana. Porque a mulher que borda está com muitas encomendas. — Fábio colocou as mãos sobre o coração, inconformado. — E veja isso, o trocador precisou ficar na janela. Sabe quantos pesadelos eu já tive com algum dos bebês caindo do outro lado?

Luana se aproximou para espiar.

— Ah, Fábio! A tela na janela é bem resistente. Devem ter pensado nisso por causa do William, mas funciona para crianças também.

— Sim, pelo menos isso. Só que não era para ser assim, entrando vento nos bumbunzinhos dos pequenos, ainda mais após o banho. Eu já tinha tudo tão bem planejado...

Compreendendo o quanto o amigo sofria por esse tipo de coisa, Luana lhe deu uns tapinhas nas costas.

— Pronto, pronto. O importante é que os bebês estão com saúde e que a Elisa está muito bem. Acha mesmo que o Marco e ela não fecharão a janela para usarem o trocador? Além disso, essas coisas são bonitas, mas o principal é que os berços sejam fortes o bastante para suportar o peso dos pequenos até os três aninhos. Depois teremos que ver como enfiar um triliche aqui.

Meu Adorável VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora