Capítulo Nove

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Luana ainda não podia acreditar.

Foram semanas tentando entrar em contato sem qualquer sucesso para, agora, do nada, Fernando querer conversar? E bem no meio do parto da irmã dele? Rá!

Do nada não, benhê, sua consciência a corrigiu, divertindo-se. Isso é o resultado de uma noitada de sexo quente e muito suado.

A indignação tomou conta de Luana. Fernando que tirasse o cavalinho da chuva, pois não conversariam tão cedo. Primeiro precisava resolver suas emoções sozinha, analisá-las e catalogá-las. Depois sim se reuniriam e trocariam ideias. Se ela esperou pelo fujão até agora, então o dito cujo que a esperasse também.

Antes que Fernando conseguisse arranjar coragem para abrir a boca e chamá-la para um canto, Andressa apareceu na porta da sala de espera em seu jaleco branco com o crachá pendurado no bolso. Luana ainda se emocionava ao vê-la no hospital. Era tão difícil aceitar que sua amiga já trabalhava ali há mais de dois anos. O tempo passava rápido demais...

Dona Nonô e Andreia foram as primeiras a saltarem das cadeiras.

— Mana! Os gêmeos nasceram?

— Como a minha filha está?

Andressa já esperava aquele bombardeio.

— Nossa futura mamãe está bem. Foi encaminhada para a sala pré-operatória e agora o Marco se juntou a ela. A cesariana é de emergência, mas a obstetra, Dra. Natália, já estava preparada para o caso de um parto prematuro. Assim que a Elisa entrar na sala de cirurgia, o Guilherme vai nos avisar, ele é amigo do pediatra neonatal que acompanhará o parto.

— Mas os bebês irão para a incubadora? Vai ficar tudo bem? Na idade da minha filha... — Dona Nonô insistiu.

Andressa pegou a mão dela entre as suas e a encarou, muito séria.

— Qualquer cirurgia é um risco, Dona Nonô. Uma grávida com mais idade é um risco e partos prematuros também, principalmente de gêmeos. Mas Elisa está bem de saúde, foi acompanhada durante o pré-natal e conta com uma grande equipe médica, então são poucas as chances de algo dar errado. Quanto aos gêmeos, só o pediatra neonatal poderá dizer certinho. Ele vai verificar o peso, o desenvolvimento e informar o que será feito.

Sua própria gêmea abriu a boca para reclamar, mas Andressa a cortou com um olhar ferino.

— É tudo o que posso dizer, Andreia, e você sabe disso. Vamos esperar.

O silêncio se instalou. Cada um estava perdido nos próprios pensamentos.

Dona Nonô foi a primeira a sair do aturdimento. Pegou o smartphone e deslizou os dedos pela tela.

— Vou ligar para a Mírian. Ela precisa de notícias.

Andressa voltou a sair, pois continuava a trabalhar no plantão. Fábio puxou a bolsa de Luana, uma vez que seu estômago o lembrou de que não havia comido nada. Antes que abrisse o pacotinho de biscoitos de aveia, porém, Sandro e Morgana apareceram, cada um com duas sacolas.

Pelo jeito, os dois passaram em alguma padaria no caminho, porque um cheirinho maravilhoso de pão de queijo quentinho vinha de uma delas. Em outra, era possível identificar uma garrafa térmica e o que pareciam ser copos descartáveis.

— Alguém aí quer café? — Sandro perguntou após um longo bocejo.

Deus, como ele odiava acordar antes do meio-dia em pleno final de semana.

Morgana, para seu desgosto, estava mais acesa que uma árvore de Natal.

— Viemos equipados com pães de queijo, salgadinhos, docinhos e café. Sei que tem padaria aqui perto, mas além de os preços serem uma facada, não podem ser comparados a essas delícias lá de perto do escritório. — Ela deu uma olhada em Fernando. — Mesmo que o meu confeiteiro favorito não os tenha feito hoje. Ah, se o parto não acontecer até meio-dia, já falei com um serviço de marmita. Eles vêm entregar, é só eu avisar às onze horas confirmando quantas serão.

Meu Adorável VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora