Capítulo Trinta e Quatro

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Apesar de ter prometido parar de focar apenas nas datas e se dedicar a todo o resto, Luana não podia negar que ficou curiosa sobre qual seria a ideia de Fernando para resolver aquele assunto de uma vez por todas.

Entretanto, não quis insistir para que ele lhe contasse sobre seus planos, pois temia demonstrar interesse demais e voltarem a discutir.

Sendo assim, não perguntou nada e ignorou a ansiedade. Passaram o domingo juntos e visitaram os trigêmeos. Os três pareciam crescer mais do que grama. Elisa estava tão agradecida de ter braços extras para embalar os pimpolhos que nem reclamou quando Fernando deixou cair a mantinha de um deles.

Tomaram café da tarde na companhia dos Carvalho e dos Greier. Foi a primeira vez em muito tempo que Luana jogou Batalha Naval e sequer imaginava que Marco se envolvesse tanto, muito menos que tivesse um vocabulário tão diversificado de xingamentos quando perdia.

Conhecer melhor o pai dele a fez perceber que se sentia grata por retomar a relação com o seu antes que fosse tarde demais. Alzheimer, assim como outras doenças, não mandavam aviso de chegada.

No dia seguinte, segunda-feira, ela procurou se concentrar no trabalho para depois pensar no enigma da solução de Fernando. Reorganizou sua agenda e retornou a ligação dos pacientes que permaneceram em espera durante sua fase obsessiva. Marcaram as primeiras consultas para aquela semana mesmo, incluindo a do que foi indicação de Marco. Às quatro e meia da tarde, conforme o combinado, deu o expediente por encerrado e seguiu para o banheiro do consultório. Retocou a maquiagem em tempo recorde e ajeitou os cabelos enquanto esperava seu ruivo favorito chegar.

Quando ele o fez, aparentava tanta tranquilidade que Luana quase pensou ter sido enganada, que não fariam nada além de jantar e maratonar alguma série.

— O que quer fazer hoje? — Fernando mexia no pêndulo de Newton que decorava a mesa dela.

Luana parou a mão a caminho de agarrar a bolsa e se virou para olhá-lo. Era um fato que o nervosismo explodiria o seu peito, mas tentando ser discreta, apenas perguntou:

— Nós não íamos... Quero dizer, você já não tinha programado a noite?

Ele parou as bolinhas, impedindo-as de continuarem batendo uma na outra.

— Pensei em convidá-la para conhecermos uma cafeteria que inaugurou no centro. O que acha?

— Mas... — Luana lutou para controlar a frustração, porém perdeu a batalha. — Ai, desisto de tentar disfarçar a ansiedade. Combinamos de nos encontrar hoje porque você tinha uma ideia sobre como resolver a história das datas, não é? Vai me fazer esperar mais? Ou isso é castigo pelas vezes em que desmarquei ou esqueci que íamos sair?

Fernando deu um sorrisinho antes de dar a volta na mesa e se aproximar dela.

— Ah, quer dizer que a deixei ansiosa para se encontrar comigo hoje só por causa das datas?

— Claro que não! — Luana se sentiu encurralada. — Eu só... Ai, Fernando, ok, admito, estou curiosa desde que você mencionou ter essa tal ideia. Mas juro que não deixei nada de lado por causa disso.

Ele ainda sorria quando uma de suas mãos foi até o bolso. De dentro, retirou um papel dobrado e lhe entregou.

— O que é isso? — ela perguntou assim que viu um endereço rabiscado.

— É onde encontraremos respostas.

Luana analisou o nome da rua e não achou nada que os ligasse àquele local.

— É de um especialista em adivinhação? Encontrou algum oráculo diferente que pode nos ajudar?

— Não, mulher. — Fernando teve que rir. — Foi o atendente da livraria quem me deu esse papel.

Meu Adorável VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora