Capítulo 6 - O possível desafiando o impossível

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— Não acha que ele já deveria ter voltado? — Sam observava a máquina do tempo, aguardando Steve aparecer.

— É, acho que sim. Está demorando! — Bucky passava a se preocupar com a demora do seu amigo.

— Cara, será que aconteceu alguma coisa? — Os olhos de Sam não piscavam, esperando por ele. Ambos ficaram em silêncio. Um silêncio que só foi quebrado após algo difícil de ser explicado acontecer.

— Olha! — Bucky fixava o seu olhar para a direita, em direção ao rio.

Sam se virou para conferir e percebeu que na margem, sentados em um banco, um casal de idosos olhava para o horizonte.

Bucky permaneceu onde estava, deixando que seu amigo fosse conferir de quem se tratava e descobrir, talvez, o que estaria acontecendo. Já que em um minuto não havia ninguém no local, aquele banco estava vazio e somente eles estavam por lá.

Porém, pouco foi necessário para compreender que os dois eram velhos conhecidos deles.

— Steve? — Sam não acreditava no que via. Atrás dele, Bucky sorria aliviado e, ao mesmo tempo, confuso em relação à aparência do Capitão.

— Oi, irmão! Como é bom te ver... — Steve sorriu para o rapaz, e ele sorriu de volta. Mas, Sam esperava uma explicação sobre como ele havia chegado daquela maneira, de como tinha ficado daquela forma, tão idoso, além de querer saber quem era a senhora ao seu lado.

E então, para acabar com qualquer dúvida, a mulher virou o rosto e colocou seus olhos verdes diante dos deles.

Não precisou que Steve falasse nada, inicialmente. Eles a reconheceram no mesmo instante. Sam deu um salto para trás, claramente não acreditando no que via.

— Nat? — Ele custava a dar credibilidade à aquela visão. Bucky se apressou, andou rápido em direção deles para conferir. Não sabia se aquilo era possível ou até mesmo se poderia ser verdade.

— Oi, meninos! — Ela sorriu.

— Natasha? Como? — Bucky se aproximava, tentando ter certeza do que via. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Acho que devemos algumas explicações, não é? — Steve olhou para Natasha e ambos sorriram. Um sorriso genuíno, carregado com afirmações de que os dois viveram juntos a maior aventura das suas vidas, e que era justo contá-la aos seus amigos.

Os garotos se apressaram e chamaram os outros, que após chegarem ao local, ficaram tão surpresos e maravilhados quanto eles. Todos estavam felizes em ver Steve, mas choraram copiosamente ao encontraram Natasha outra vez. Eles mal podiam acreditar que dariam um último abraço nela ou que ao menos estariam diante de alguém que já havia partido. Inclusive Clint, que a abraçou com tanto amor que a fez chorar de saudade também.

Foi uma grande comoção, todos se reuniram na margem daquele rio, esperando que eles contassem como chegaram até lá e, principalmente, como Steve conseguiu trazer a Natasha de volta.

Ela era a única que não sabia da real importância dela para mim. E, vocês sabiam de tudo, além do meu sofrimento ao perdê-la. — Steve apertou a mão de Natasha. — Não havia nada programado quando eu voltei para devolver as joias. Achei que só faria o meu trabalho e retornaria. Mas, um encontro com a sua mãe mudou o rumo. — Steve olhou para Thor, que não havia entendido o papel de Frigga naquilo tudo. — Ela me disse algo que foi importante para compreender o que me aconteceria depois.

Fui devolver as últimas três joias, no ano de 2012, e sem pretensão alguma, eu a vi.

Natasha lutava junto a nós do passado, em Nova Iorque e me encontrou paralisado, olhando para ela. Eu não achava que poderia encontrá-la, e que muito menos pudéssemos interagir um com o outro. Ela tentou me matar de início, achando que não era possível ter dois de mim, mas consegui explicar de um jeito que ela passou a confiar no que eu dizia, onde contei fatos muito pessoais para ela.

Depois, falei tudo sobre o que sentia. Mesmo pretendendo sair de lá e voltar para 2023, onde veria aquele momento como uma lembrança, onde a Nat pelo menos saberia que eu a amava. Mas, ela disse que me amava também, e tudo mudou naquele segundo.

Decidimos que precisávamos ficar juntos, só não sabíamos como. E, com as minhas decisões, eu tinha medo de alterar o rumo do que nós, Vingadores, conseguimos.

Então, resolvi junto com Natasha que era necessário ver alguém que pudesse nos ajudar com a resposta.

Planejei ver o Ancião.

Só que, em algum momento entre a nossa conversa, percebi que atrás do carro, do outro lado da rua, estava Natasha. Do mesmo jeito que eu a vi no momento em que cheguei. Mas, era uma outra Natasha.

— Eu estava do lado dele, e a vi também. Foi estranho. — Ela sorriu para todos, que visivelmente estavam admirados com aquilo.

— No momento em que percebi que também havia duas dela como dois de mim, eu entendi o que estava acontecendo.

Quando Natasha se aproximou e falou comigo, ela entrou na minha realidade. Ela se conectou a mim, deixando de ser parte do passado, virando parte do futuro. Ela entrou na mesma sintonia paralela que eu. E por isso, a Natasha de 2012 permaneceu no meio de toda a guerra, por que a Natasha que veio até mim se prendeu a minha realidade, deixando a sua anterior para trás. O que não interferiria no futuro, já que a outra Natasha viveria tudo o que ela viveu, inclusive o sacrifício em Vormir.

Frigga me disse que linhas temporais poderiam ser criadas além da que já temos. Então, após devolver as joias, ao invés de retornar para este ano sozinho, eu retornei para 1940 com ela.

Onde, de acordo com o tempo, eu estaria congelado e Natasha ainda não existia. Então, a decisão de voltar não iria interferir neste tempo atual, já que a Viúva Negra que se sacrificou ainda nasceria em algum momento e viveria tudo o que viveu com vocês, e o outro eu seria descongelado, como aconteceu antes. E nós conseguiríamos viver juntos na nossa realidade alternativa.

— Ao que parece, funcionou. —  Natasha finalizou.

Todos estavam encantados, acreditando estarem diante de um milagre, e felizes em saber como os dois eram a comprovação de que não existe limites, nem para a vida, nem para a morte.

— E como conseguiram retornar para esse momento? — Clint prosseguiu questionando, curioso.

— Guardei comigo a data e horário exatos do nosso último encontro. Guardei também o que sobrou das partículas Pym. — Steve parecia ter orgulho do que havia feito. — Obrigado por me fazerem levar partículas reservas, caso algo saísse errado. Mas, graças à elas saiu muito certo.

— Eu não posso acreditar que isso seja real. — Wanda, assim como a maioria, chorava. Ela tinha certeza de que não veria Natasha em nenhum momento mais durante a sua estadia na Terra, e vê-la sentada diante de todos, por mais que ela estivesse envelhecido, era fantástico.

— As vezes nem nós acreditamos que conseguimos. Mas, essa é a prova mais perfeita de que nada impossível para o amor. — Steve completou.

O casal prosseguiu contando aos presentes sobre a maneira que levaram a vida no século XX. Mudaram de nome, mudaram de país também. Foram morar no Brasil, e passaram por outros países da América do Sul, como Natasha sempre sonhou. Se adaptaram à falta de tecnologia e arrumaram um estilo de vida de acordo com a época, desde as roupas até a maneira de falar. Casaram e adotaram duas crianças que nomearam de Frigga e Anthony. Uma clara e singela homenagem à pessoas importantes em suas trajetórias.

Ficaram completamente longe dos conflitos que haviam vivido anteriormente e que ainda aconteceria na realidade onde estavam. Trocaram de profissão, fizeram novos amigos e os chamaram de família também.

Mas, em hipótese alguma esqueceram das pessoas que deixaram para trás ao escolherem um novo caminho.

Um novo caminho que trouxe o que ambos haviam perdido: a vida e a vontade de viver. A possibilidade de retornar ao passado deu a Steve uma nova chance de ter a sua Natasha de volta. E, junto a ele, Natasha teve a vida que sempre sonhou, o destino que sempre esperou chegar.

Eles viveram felizes além da realidade. Eles encontraram a oportunidade mais maravilhosa que o universo poderia criar.

Eles foram e são o possível desafiando o impossível, e venceram.

O amor venceu.

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