NATIESE: QUANDO VOCÊ CHEGOU

Capítulo 38

PRISCILLA NARRANDO...

Um estilhaço de vidro e do airbag no meu olho direito. Aquilo doía como o inferno. Fiz a cirurgia e foi tudo bem. Dois dias depois recebi alta a Nat ia ficar comigo lá em casa. Minha mãe parecia um pouco ansiosa, um pouco nervosa, mas estava muito sonolenta para ficar perguntando sobre isso. Dormi a sexta feira o dia inteiro. Quando acordei notei que a Natalie estava diferente. Estava tensa, nervosa, mesmo não podendo vê-la perfeitamente, eu sabia que tinha algo errado com ela, até que ela me contou o que houve. Minha mãe foi baleada e bateu com o carro. Minha mãe sofreu uma tentativa de assassinato. Ela vinha sofrendo ameaças e todo mundo sabia menos eu. Aquilo me deixou totalmente furiosa. Eu não queria comer, eu não queria conversar, eu não queria nada, eu queria apenas ir para o hospital e a Natalie não quis me levar. Deu milhões de desculpas e falas fofas ponderando para que eu não fosse e aquilo me deixou irada demais. A noite a gente acabou discutindo feio e ela falou muitas coisas para mim. Na verdade ela jogou muitas coisas na minha cara e foi embora. Eu não falei nada, porque eu já estava muito nervosa e acabaria muito pior do que já estava. Ela foi embora e eu não a impedi por mais que meu coração estivesse gritando por dentro para que eu fizesse alguma coisa. O Felipe logo veio me contar todo o quadro da mamãe, o que os policiais disseram sobre o que aconteceu também. Eu não dormi a noite toda e comecei a ligar sem parar para Natalie, ela estava com raiva e magoada, não iria me atender. Eu estraguei tudo, enquanto ela só fez o que era certo no momento. De manhã tomei banho me troquei ia ao hospital. Tomei café da manhã, meu irmão me levou ao hospital para ver a mamãe, mas a Luíza não me deixou entrar na UTI por causa da minha cirurgia no olho, ela não queria arriscar uma infecção.

Eu: Me fala... Ela vai ficar bem?

Luíza: Ela passou a noite estável, não teve nenhum pico de pressão, não desestabilizou. Nos testes que foram feitos durante a madrugada ela foi responsiva em todos. Ela chegou aqui muito mal por causa das paradas cardíacas que ela teve, mas agora ela está bem. O projetil da perna foi retirado, não atingiu nenhum osso o que é ótimo, fizeram um pequeno enxerto então ficou tudo bem. O do ombro, ela vai sentir um pouco mais de dor por um tempo, e ele era o mais perigoso porque saiu pelo pescoço e a preocupação de terem atingido algum veia essencial era grande. Foi reparado. O da costela fraturou feio a costela dela, fizeram o reparo e o cabeça também foi superficial. Feriu o couro cabeludo dela.

Eu: Quando ela vai para o quarto?

Luíza: Se ela continuar estável vamos acordá-la hoje e vamos leva-la para o quarto e mais uns 5 dias ela vai pra casa, as vezes até antes.

Eu: Se for em home care ela pode ir pra casa antes?

Luíza: Acho que sim, eu não sou médica dela, mas porquê?

Eu: Tentaram matar minha mãe Luíza, acha que não tentarão o mesmo aqui? – ela ficou em silêncio – Minha casa é segura, e acho que ela vai ficar segura lá. Não importa quanto isso vai custar. A gente monta uma UTI num dos quartos da minha casa se for preciso, dinheiro não é problema. Só preciso que minha mãe saia daqui. Eu confio em todos vocês, mas não sei se a pessoa que fez isso pode se passar por um funcionário e numa troca de turnos tentar matar minha mãe de novo. Eu ainda nem sei direito por que isso está acontecendo porque a minha namorada sabia que minha mãe estava sendo ameaçada e não me contou. – falei com raiva.

Luíza: Não fala assim com relação a Natalie. Ela te ama e ama muito. Ela não contou nada, porque ela não podia se meter e ela nem tinha certeza do que estava acontecendo e ela não sabia o que fazer. Eu conversei com ela hoje, ela perguntou como sua mãe estava e me falou o que houve entre vocês duas. Ela está muito mal com tudo isso Priscilla, e acho que você precisa ver o lado dela nessa história. Inclusive, ela foi atrás da sua mãe até a garagem da sua casa e a pediu para ir num dos seus carros, por ter blindagem, porque ela estava com um mau pressentimento. Ela só não sabia como fazer e o que fazer, mas ela no errou em nada do que fez. Como sua namorada e sua enfermeira, ela preservou sua saúde delicada por conta da sua cirurgia, e porque a sua mãe pediu que não dissesse nada por enquanto. Não seja dura com ela.

Eu: Não tem lado Luíza, é a minha mãe, ela não tinha o direito de me esconder isso.

Luíza: Ela ia te contar tudo Pri... Ela só não contou nada, porque você caiu de balão nesse hospital pra uma cirurgia no olho que tinha grandes chances de te deixar cega permanentemente.

Eu: Olha sobre o home care da minha mãe e me avise ok? – encerrei o assunto. Logo meu irmão veio e fomos a delegacia.