Prólogo 💫

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17: 00

Estacionamento do Mini Preço
Fanny

Rápido, por favor vá mais rápido!

Deus, queria tanto poder dizer isso em voz alta, mas apenas faço careta por trás da máscara do one direction.

— Eu sinto muito, sabe como é bolsa de mulher. Posso estacionar primeiro? — perguntou a senhora jogando a bolsa para o banco de trás.
Levanto o polegar e ela sai para uma vaga dos fundos, dando tempo pra Sérgio arrancar com o jeep logo atrás.

Sérgio é o mais tranquilo dos filhos da Tauba, e mesmo assim eu temo sua presença. Poderia ser pior, é o que sempre penso. A rede de lojas Mini Preço é da família Gelhorn: Icek, Mauro, Michel e Tauba Feldman. Icek, Michel e Tauba tiveram entre dois a quatro filhos, fazendo com que cada um deles tenha uma função específica para participar dos negócios ja que Mauro não tem herdeiros.

Suspiro aliviada voltando a olhar para frente e me assustando com Luan apoiado no balcão com um sorriso. Meu melhor amigo há anos e somos como unha e carne. Temos uma programação semanal que cumprimos a risca e nossas famílias se dão tão bem quanto nós, mesmo ele e Nathan tendo suas desavenças eles se aturam.

—Como você se sente sabendo que tem a minha ilustre presença a qualquer momento?

Feliz, muito radiante

Luan começou a trabalhar na área de T.I tem quase dois anos e mesmo assim todos os dias tínhamos esse mesmo diálogo. Ele sempre diz que estarmos na mesma empresa é um presente divino e eu deveria lembrar disso todos os dias.

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— Eu posso lidar com um garotinho da computação. — Respondo segurando o sorriso, ele tinha olhos azuis quase fechados pelo sorriso largo, e mal me viro quando uma mão se apoia em meu ombro pesadamente, diz sabendo exatamente quem é. - Já não te mandaram hoje?

Nathan retira a mão do meu ombro e cumprimenta Luan com um soquinho depois de usar o álcool em gel.

—Está deixando Ana mal humorada, Luan. Já te disseram que você deveria começar a trabalhar? Eu juro, nunca vi vocês fazendo nada além de fofocarem como duas velhas. —Disse o idiota se apoiando no balcão. O jaleco verde do estacionamento ficando melhor agora com seu cabelo loiro, ele também combina com os olhos verdes que tem a sorte de ter. Nathan era realmente bonito, roubou toda a beleza que era pra ser minha no útero. Costumo dizer que deixou a inteligência pra mim como um pedido de desculpas. As vezes fico chateada como quando éramos mais novos e fiquei de castigo por ter tentado arrancar seus olhos.

Em minha defesa eu tinha 7 anos! Eu só estava cansada dos olhos castanhos.

Luan ri, a máscara penderuda na orelha e a cabeça inclinada enquanto cruza seus braços sobre o peito magro encarando Nathan com um jeito estranho, quase admirado. Parecia ter o mesmo olhar de Fran, a sua perseguidora no ensino fundamental.

—Eu trabalho tanto, você não vê porque só fica encostado no balcão. Enfim.. vejo vocês depois, tenho que ir no CD, estou com o notebook do Rh. — Se despediu com um sorriso e acenou fazendo um dos cabos enrolados em sua mão soltar e atingir seu rosto. Fez uma careta leve pelo som das nossas risadas.

Espero ele estar longe pra sentar um pescotapa no meu querido irmão, o mesmo revira os olhos antes de me empurrar de leve.

—Você precisa relaxar, podíamos sair..— Começou levantando e abaixando as sobrancelhas de forma atrevida. - Ou será que a programação de vocês vai atrapalhar?

Nathan solta farpas como essa apenas pra irritar um de nós dois, sem ciúmes e sim um tom mais dramático. A reclamação constante de que ele não deveria me dividir.

Tudo que eu NÃO queriaOnde histórias criam vida. Descubra agora