Cap 13 - Seu toque suave.

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- Meu braço está dormente...

Acordei com o som da sua voz, perto do meu ouvido. Acreditei estar em um sonho... Desta vez, um sonho leve e gostoso. - Mas era real. - Carter adormecera junto à mim, tão rápido, tão sereno. Algo singelo e natural como a brisa leve da manhã roçando através do tecido em minha pele. Poderiam passar-se anos, talvez décadas... Mas a conexão que tínhamos não iria acabar. Era como um nó em um forte cordão, anafado, grande, inquebrantável. Iria além de qualquer explicação lógica. Era apenas: - Eu e ele. Ele e eu. - Sem mais ou menos.

- Imagino que esteja doendo mesmo, pode tirar.

Ele me olhou sob a fraca luz da alvorada, os raios solares escondidos, demorando declarar seu esplendor.

- Não quero. - correu o polegar em meus braços. Um simples toque. Cheio de pureza, e de outros inúmeros sentimentos que foram esboçados através de um pequeno sorriso em meu rosto.

- Acredito que se você for visto aqui, eu terei muito mais do que o pulmão e as costelas ruins.

Ele abriu um enorme sorriso.

- Então diga-me cara Lucy, o que mais lhe poderia acontecer? — ele  perguntou, com um sorriso brincalhão nos lábios.

- Bem, vejamos... - passei o braço livre ao redor de sua cintura - Primeiramente...

- Conte-me.

- Caso vossa alteza não me interrompa novamente, eu lhe contarei.

Ele ergueu uma das mãos em defesa, e deixou-a cair em volta da minha cintura. Quase em um abraço.

Senti o rosto aquecer.

- Ah, Lucy! Não precisa dizer nada. Eu nunca deixarei que lhe façam mal, não é algo que deve ser medido. Irei lhe proteger para sempre, até o fim. Agora que lhe tenho de volta, não deixarei escapar.

Ao pesar das palavras, quando me dei conta uma lágrima solitária já escorria dos meus olhos.

- Não chore, querida. - levou o braço ao alcance do meu rosto, e o acariciou com ternura - Não importa pelo que passou, você está à salvo agora... Em meus braços.

Então ele tocou meu queixo com gentileza e meu campo de visão estava coberto apenas pelo rosto de Carter. Seu cabelo estava desgrenhado de um jeito entorpecente, seus olhos brilhavam... ou melhor, - cintilavam. E senti uma vontade absurda de passar o resto da minha vida com essa visão ocupando minha mente.

Sua mão já pousada em minha cintura, me trouxe para mais perto de si. Seu perfume natural me envolvia e havia um novo brilho em seus olhos, dançando alegre nas íris iridescentes. Prendi a respiração. Congelei quando vi que ele estava a centímetros de mim. Meu coração desatou a bater como louco dentro do peito, e pensei que pudesse explodir com as pancadas urgentes.

E inexoravelmente, Carter me beijou. Senti como se realmente flutuasse, em uma explosão de cores, calor e luzes que me inundou. Seus lábios eram gentis, ternos e pareciam querer desvendar todos os meus segredos. Eu me sentia viva, intensa e... linda! Carter me fazia sentir linda. Estava nervosa com a intensidade que vinha dele, não apenas do beijo, mas de todo ele. Era como se algo fascinante saísse do seu coração e me tocasse, cada molécula do meu ser. Um arrepio percorreu todo meu corpo, até os dedos dos pés, me acalentando a medida de sua suavidade.

- Quanta saudade você sentiu? - disse sussurrando.

- Muita. - murmurei.

Pousou um beijo em minha testa, e acariciou meu rosto.

- Eu volto ao amanhecer. Descanse, meu bem. - então se levantou e foi em direção aos corredores.

Permaneci onde estava, com um sorriso delicioso que insistia em se acomodar. Um súbito calor inundou meu peito, juntamente com uma enorme sensação de proteção. E mais uma coisa que eu voltara a sentir, inundou meu coração.

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- Bom dia, manaaaaa!

Horas antes, eu não esperava acordar de tal forma. A voz de Joy ecoava pelo ambiente, desafiando quem quer que fosse a não ouvi-lá.

Levantei o corpo sem vontade alguma, e segundos depois desabei novamente, levando o travesseiro acima do rosto, na tentativa de abafar o som estridente da voz de Joy.

- Nada disso srta Lucy! Eu vou te tirar daí agora, e não estou nem ligando se tiver que prejudicar seus pulmões, costelas e afins. Vamos, vamos! - e lá estava ela, arrancando todos os lençóis da cama enorme.

Mas não foi preciso, em um pulo levantei-me e fiquei de frente à ela.

Joy ficou boquiaberta.

- Lucy de Deus! Como você fez isso? Não é possível que tenha melhorado tão depressa. Ontem mesmo não podia nem levantar o braço!

- Joy, você não vai nem acreditar. - eu dizia, juntamente com o sorriso insistente em meus lábios.

Ela arqueou as sobrancelhas e me olhava curiosa, desconfiada.

- Você está estranha. Sim, muito estranha.

- Deixe-me contar. - alcancei suas mãos e levei-a até a cama. - Sente-se.

- Desembuche Lucy. - me olhou entediada.

- Carter dormiu comigo esta noite. Quero dizer, metade da noite por que...

Joy não me deixou terminar de explicar, quando virou-se para mim e agarrou meus ombros em um aperto nada compreensivo:

- O que você fez? Lucy de Deus... você não... você não... Lucy, você é tão pura!

- NÃO JOY! Não seja louca. Eu não fiz nada do que está pensando. Aliás, por que você me apertou desse jeito? - levei a mão aos ombros na tentativa de massagear-los.

- Puft! Desculpe. É que ele é o príncipe né? Então você poderia ser presa caso tivesse... bem,... não importa. - levou as mãos ao peito, suspirando. - Estou aliviada.

- Não seja louca Joy. Carter é um cavalheiro.

- Um cavalheiro muito bonito... -sussurrou.

- O que você está dizendo?

- Nada, nada. Continue, o que estava a dizer. - empertigou-se na cama com olhos curiosos e alegres.

Acomodei-me junto à ela, com as lembranças já vivas em minha mente.

- Como eu estava dizendo... Carter veio aqui ontem pela noite. Estávamos conversando e ele se deitou junto à mim, e Joy! Você não... foi incrível!

- Eu não estou entendendo nada, preciso de detalhes. Vamos, recomece. Ele se deitou com você, e?

- Desculpe. - sorri timidamente - Ele se deitou e conforme estávamos conversando, nós dois acabamos dormindo. Acordei no meio da madrugada, e ele ainda estava ao meu lado. E... bem,... acabamos nos beijando! Ah, Joy! Eu estou tão feliz.

Joy soltou um berro estridente e pulou por cima de mim.

- Lucy, eu estou tão feliz! Como você se sentiu?

E então a porta foi aberta, revelando uma mulher que eu ainda não havia conhecido. Provavelmente, nunca havia visto. Mas sua figura era intimidadora de um jeito bom e único. Ela era linda. Seu corpo era lindo, com curvas bem acentuadas e visíveis, alternando a visão entre sua estatura mediana e a graça que sua presença oferecia. Os cabelos loiros e curtos, davam entonação aos ombros e busto, com vestes lindas e glamourosas.

Se alguém poderia ser uma rainha visivelmente, essa rainha seria ela.

- Acabei ouvindo gritos. Perdoem-me pela intromissão, moças.

- Nós que lhe pedimos desculpas, não sabíamos que estávamos atrapalhando, vossa...

Ela sorriu constrangida.

- Perdão. Me chamo Dilze, sua soberana.

Minha cabeça girava. Tivera o rei uma nova esposa? Muito difícil. O rei não podia se casar. Então, deveria ser uma rainha estrangeira. E o castelo não recebia rainhas estrangeiras, a não ser que...

Alianças.

Alianças formadas por casamentos. Incluindo princesas solteiras. Ou... príncipes.

Meu coração saltou.


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