Cap 8 - Me leve ao rei.

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Minhas pernas tremiam, e pude sentir a vibração que o temor causara em meu corpo. Tudo era tão incerto em minha vida, que por um momento, desejei que o estrondo do revólver realmente saísse e se dirigisse a mim.

Notei que Joy, havia dado dois passos a frente, de modo que seu corpo cobria o meu. Mesmo que eu morresse naquele mesmo momento, morreria de certa forma -, completa.

No decorrer da terrível vida que tive, havia um homem que me amara perdidamente, uma família que queria cuidar de mim, e estavam dispostos a arriscar as próprias vidas para me ver a salvo. E no final - não menos importante -, havia Joy. Que eu conhecera a poucos dias, e estava na frente de um revólver, por minha causa. Na esperança que se o pior realmente acontecesse, - ela morreria no meu lugar.

A voz do homem a minha frente, me tirou do terrível transe interno que eu havia criado:

- Quem fez isso? - apontou com a arma na direção do corpo de Mat, caído ao chão.

Joy fez menção de falar, quando cortei de antemão e me pus a frente dela:

- Foi eu! Por favor, se for matar alguma de nós, mate somente á mim! - Virei o rosto para dirigir o olhar a Joy, e me deparei com seu olhar assustado. - Minha amiga não tem nada a ver com isso, então eu lhe peço, - olhei em direção ao homem, com o rosto de súplica - não faça nada com ela. Deixe-lá ir.

Sua expressão era indescritível, parecia analisar qual a melhor das hipóteses a se fazer no momento. Quando em uma fração de segundos, ele baixou a arma.

- Vão. Saiam pela janela, os outros precisam acreditar que vocês fugiram.

Joy e eu trocamos olhares esperançosos, e um pouco do temor foi tirado dos nossos ombros.

- Obrigada. - eu disse com a voz embargada de gratidão.

Ele correu os olhos por nós, e demorou o olhar em minha direção.

- Eu sei o que você passou. E eu... Nunca gostei dele. - olhou na direção de Mat.

Não pude conter o sorriso.

Joy estava parada, ao lado da janela já aberta. No seu rosto, era possível perceber o vestígio de um sorriso. Quando apontou com a cabeça a direção que eu deveria ir.

- Venha. Vou te ajudar a subir. - ela disse.

- Não precisa. - saltei em direção a janela alta - Já domino essa arte, até pulei de um veículo em movimento esses dias. - dei uma piscadela e pude ouvi-lá gargalhar.

Cruzamos o grande quintal, e então me dei conta do que acabou de ter acontecido. Mat estava morto. E nós o matamos.

Eu o matei.

Aquele pensamento começou a assombrar minha cabeça, e uma culpa enorme percorria meu coração. Eu não podia acreditar que tinha sujado minhas mãos dessa forma.

- Eu o matei Joy - as lágrimas rolavam por meus olhos e afundei as mãos no rosto -, eu matei uma pessoa! Não acredito que fui capaz disso.

- Ei! Pare com isso. - passou as mãos por minha cintura, me envolvendo em um abraço. - Aquele homem queria acabar com sua vida, Lucy. Sei que seus valores morais não condizem com isso, mas realmente, era preciso. Se você não fizesse isso, ele não iria parar; e seria você que acabaria morta por ele. Sabe disso.

Tirei as mãos do rosto, e enxuguei as lágrimas, em busca de arrancar aquele sentimento de culpa que aflorava por meu corpo.

- Sei disso Joy, mas é tão difícil para mim. Sem dúvidas, isso ficará marcado em mim; para o resto da minha vida.

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