Cap 10 - Carícia familiar.

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A multidão concentrada no campo aberto e vasto, era quase extraordinária. Os gritos frenéticos dados por centenas de pessoas, era ensurdecedor. Ao longo do vasto gramado central, estava posicionado um grande pódio. - ou ao menos, se parecia com um - Nele, foram colocados três tronos, divididos exatamente em três. O segundo trono, ficava em evidência, e era mais alto que os outros dois, na lateral.

O trono em evidência era ocupado por um homem alto, de cabelos grisalhos. Suas bochechas exibiam um tom vermelho natural e seu corpo já era um pouco robusto. Sua postura era ereta, juntamente com a cabeça erguida e semblante rígido. - Como se estivesse desafiando quem quer que fosse, a não olhá-lo.

Era o rei.

Os outros dois tronos laterais e menores, não eram ocupados. Porém, á sua frente havia uma grande passarela tingida de preto, e nela caminhavam pessoas em fila única, dispostas á frente do rei e... algemadas.

- Qual o seu crime? - perguntou ao passo que um detento se aproximava, ficando frente à frente com o rei.

- Roubo, majestade. - sua cabeça se mantinha baixa, assim como sua postura redimida e tímida - Peço-lhe sua misericórdia, meu senhor.

- Conte-me o motivo de tal ato. - falou o rei, parecia estar pouco interessado e com os pensamentos longe. Como se estivesse apenas escolhendo o cardápio de seu jantar.

- Minha filha. Ela... - seus olhos pareciam marejar, engoliu em seco tentando retomar as palavras - bem... minha filha é criança, ela estava... ela está, muito desnutrida. As feiras de alimentos estavam cheias, clientes por toda parte, peguei escondido o que pude. - baixou a cabeça mais uma vez - Ela ficou tão feliz, bem... fazia tempo que não comia direito. Fiz tudo por ela.

Embora pudesse se ouvir chiados e burburinhos de cochichos, a multidão estava calada, todos estavam aguardando o posicionamento do rei.

Joy agarrou meu braço. Ela ouvia tudo calada, percebi que estava tão tensa quanto eu. Me perguntei se não estava imaginando a situação a si própria. Quantas vezes Joy não tivera que roubar para poder comer?

Meus pensamentos foram cessados, pela volta do diálogo entre o rei e o detento:

- Me diga seu nome, por favor. - indagou o rei.

- Davis Pulman, meu senhor.

- Por meio desta sentença, e por meio da misericórdia e benignidade do seu soberano, diante de todas as autoridades aqui presentes. Eu declaro, que o senhor Davis Pulman, terá a sentença de dois anos aprisionado. - dois guardas se posicionaram diante de Davis, que já pusera as mãos para trás do próprio corpo. - Porém sua filha, srta Pulman, será assistencializada por meio do meu reino. Declaro aos devidos fins, que ao final da sentença de Davis, ele terá casta sete, e poderá ter a devida tutela de sua filha novamente, após o período que deverá ser cumprido á sua majestade real.

A platéia vibrava novamente, e as últimas palavras de Davis não puderam ser ouvidas. Ele logo foi algemado e conduzido por guardas e escolta. A multidão continuava vibrando, como se sentenciar uma pessoa à ser um sete e prisioneiro, fosse realmente um grande ato de bondade e misericórdia.

Aquela situação me doía. Meu coração estava tão acelerado por ver tamanha frieza. A filha dele certamente iria para algum abrigo - ou algo do tipo.

- É melhor sairmos daqui. - interveio Steven. - Não quero que os outros soldados nos vejam. Serei obrigado a colocá-las no final daquela fila.

- Não podemos entrar pela porta principal, podemos? - dirigi meu olhar às portas principais do palácio, pareciam ser revestidas a ouro, gravejadas com grandes rubis. Faziam-se o desenho da bandeira de Greta, mas de uma forma que eu nunca havia visto antes. Era esplendorosa, coberta por riquezas. Imaginei como deveria ser o palácio nas partes de dentro.

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