Um Faz de Conta de Verdade

CAPÍTULO IX

Annie

- Por que um jantar de noivado? Não precisamos disso. – Não é a primeira vez que falo isso para Eliot, continuo dormindo no mesmo quarto que ele. Meu príncipe não abriu mão de me ter em seu quarto, em sua cama. Disse que para ele já estávamos casados, disse que ficaria com minha tia em sua ala no Palácio, mas ele disse que Maria estava lá com ela, vencida em todos os argumentos, então, estamos dividindo o quarto, porém, o quarto que usaremos depois de casados está sendo preparado, outro exagero na minha opinião, mas, não vou discutir, não adianta.

- Annie, meu amor, já discutimos isso. Somos os príncipes da Dinamarca, o país está em festa por nossa causa, estão felizes com nosso noivado e nosso casamento em breve. – Eliot me fala a mesma coisa sempre, hoje tenho um contra argumento para isso.

- O povo não foi convidado para o nosso jantar de noivado. – Respondo cruzando os braços em protesto.

- Minha Princesa quer fazer uma festa para o povo? – Eliot sorri, sei que é impossível fazer uma festa para o povo. A Dinamarca não é um país tão pequeno.

- Sei que não é possível. Só que...nesses eventos sempre encontramos seu primo o Barão Jerry Soren. Não gosto dele, ele me dá arrepios, fora que me disse que tinha que ficar longe de você, porque você estava prometido para a Lady Hanna. – Finalmente coloco para fora o verdadeiro motivo para minha recusa.

- Annie, Soren ameaçou você? – Pergunta Eliot e vejo ódio em seu olhar, eu nunca havia falado da conversa com Soren no baile real.

- Eliot... – Não consigo continuar, ele me corta, se Soren estivesse por perto com certeza Eliot acabaria com ele.

- Não ouse me esconder nada Annie, nem pense em tentar proteger aquele imbecil. – Ele está alterado, nunca o vi dessa forma e é melhor contar o que aconteceu.

Suspiro, e conto a Eliot o que aconteceu no Baile Real e o que Soren me disse, conforme conto, mais nervoso Eliot fica.

- Por que não me contou? – A pergunta é num tom suave, mas os olhos dele me dizem outra coisa. Eliot tem um olhar ameaçador, sei que não é destinado a mim, mas é de arrepiar. Não gostaria de ter essa raiva toda direcionada a mim, sei que está chateado comigo, mas não com raiva.

- Meu amor, não achei importante, na época não era nada, apenas uma convidada no Palácio e no baile e sua amante. Quando me fez "a ameaça", como você diz, foi para uma possível princesa, nem passava perto disso, quando ele me confrontou. – Digo a verdade e não sei se foi uma boa ideia, pois seus olhos soltaram faísca e pareceu mais irado e acho que agora poderia começar a correr, pois as faíscas vinham em minha direção.

- Annie, minha querida, não quero falar mais sobre isso, está me fazendo ter pensamentos homicidas contra aquele idiota, mas, fará uma promessa a mim, agora. Se qualquer pessoa, te ameaçar, falar rispidamente ou até mesmo olhar feio para você, quero ser informado imediatamente. Você entendeu? – Ele foi bem específico e categórico, me dando até arrepios com seu tom de voz. Nunca tive medo de Eliot, mas seu tom de voz estava me assustando.

- Como você está fazendo agora? – Tentei fazer uma piada para ver se ele se acalmava, mas foi em vão.

- Você não corre risco nenhum comigo, mas, quem fizer isso com você corre. Ah, com certeza corre. Quero que prometa, Annie. – Ele continua transtornado e minha piada não ajudou em nada.

- Tudo bem. Calma, eu prometo. Agora dá para parar de rosnar? – Pergunto fechando a cara e cruzando os braços na defensiva.

- Estou rosnando, porque você me escondeu uma informação importante. O que eu faria se tivesse acontecido alguma coisa com você? Mas, estou mais tranquilo com sua promessa. Voltando ao assunto, teremos que ter um jantar de noivado meu amor. Teremos inclusive imprensa internacional para divulgação do nosso noivado e em breve o casamento. – Se já estava nervosa com o jantar, imagina agora que sabia que teria cobertura da imprensa internacional. Por que não fiquei noiva do dono da mercearia da esquina de uma cidade do interior do Kansas ao contrário do príncipe da Dinamarca? Agora já era tarde não tinha como voltar atrás.