Os sussurrou preenchiam a grande sala de reuniões da família, demonstrando o quanto todos estavam inquietos e ansiosos com a convocação do Avô. Em um canto tia Carolina conversava com primo Roberto enquanto lançava olhares nervosos em volta. Em outro canto tio Tiago e tia Paulina repreendiam o pequeno Mateus. Estavam todos a flor da pele e isso estava deixando o ar pesado.
Eu aproveitei para tomar mais um pouco de vinho de minha taça enquanto tentava evitar ser notado. Ser um dos menos hábeis da família pesava sobre mim e a maioria de meus primos aproveitavam-se destas reuniões familiares para fazer um pouco de bully.
Estavam presentes na grande sala quase todos os parentes que estavam na cidade. Mais de vinte pessoas se espremendo nos cantos, aproveitando para esticar as pernas já que sabiam que teriam que ficar sentados em volta da longa mesa de mármore quando Avô chegasse.
De repente uma pressão caiu sobre mim, me sufocando e querendo me forçar a cair de joelhos.
- Olha quem finalmente deu as caras – a voz irritante de primo Diego chegou aos meus ouvidos.
Eu me concentrei, invocando minha fraca Aura para cobrir meu corpo como uma fina e porca película defensiva que combatia a Aura agressiva que era irradiada de Diego. A pressão diminuiu sutilmente, mas não o suficiente para que eu me sentisse confortável.
- Parece que alguém está melhorando – primo George comentou se juntando a Diego, cruzando seus musculosos braços diante do corpo.
- Está de sacanagem comigo? Como essa merda de Aura é melhorar?
Um sorriso zombeteiro se abriu nos lábios tortos de Diego enquanto ele me olhava com desdém. Falando alto o suficiente para que outros membros da família percebessem a presença da "vergonha" da linhagem dos Loureiros.
- Deixe Francisco em paz, Diego – uma voz fria cortou as risadas zombeteiras que começavam a se espalhar pela sala e na mesma hora a Aura de Diego desapareceu enquanto ele se virava para ver a chegada dos prodígios.
Prima Gabriela caminhava na frente, com outros três atrás dela. Todos os quatro eram bons o suficiente no uso da Aura para serem chamados de Mestres e terem o direito de ensinar outros a como despertar e usar suas Auras. Eles eram a verdadeira esperança da família.
- Gabi, meu amor, finalmente você chegou – tia Carolina se desvencilhou rapidamente de primo roberto e correu em direção a Gabriela. – Me diga, querida, você sabe o que seu Avô quer conversar com a família toda?
Gabriela deu a tia um olhar frio que fez com que a mulher mais velha recuasse um pouco assustada e então se virou para os outros membros da família na sala.
- Sentem-se.
Sem esperar para ver se os outros iriam obedecer, ela puxou uma das cadeiras ao redor da longa mesa de mármore e se sentou enquanto os outros prodígios faziam o mesmo, se sentando em volta dela. O resto da família entreolhou-se assustados com o comportamento agressivo de Gabriela antes de fazer o mesmo.
Eu me sentei no canto, entre alguns tios que me ignoraram completamente e assim que todos se sentaram, uma pressão assustadora caiu sobre a sala, fazendo com que todos invocassem suas Auras para não serem esmagados contra suas cadeiras. É fácil entender que com minha fraca Aura, eu mal consegui manter minha consciência.
Passos lentos soaram enquanto Avô entrava na sala. Um homem alto e robusto de cabelo ralo e completamente branco. Mesmo velho como eu sabia que era, Avô ainda tinha o porte de um atleta na flor da idade.
Ele parou na cabeceira da mesa e olhou em volta para os membros da família presentes. Em sua maioria ele demonstrava decepção e resignação enquanto olhava para todos nós, sua expressão só se suavizava quando seus olhos passaram pelos quatro prodígios.
- Serei breve – ele começou com sua voz pesada, sua Aura ainda esmagando a todos na sala, demonstrando quem detinha o poder ali. – Minhas fontes me contaram que o Véu está fraco e que uma catástrofe está para acontecer. Quero todos vocês dentro da propriedade nos próximos dias e prontos para entrar em ação independente do que venha a acontecer. Nós, os Loureiros, permaneceremos erguidos independente do que aconteça em Salvador ou com o mundo, entenderam?
Um coro de concordâncias soou enquanto o velho assentia satisfeito e recolhia sua Aura, deixando que todos respirassem aliviados enquanto ele dava as costas e se afastava. Enquanto meu corpo estremecia com o esforço de se manter firme na cadeira, eu me perguntava o motivo de nos reunir ali se era somente para dizer aquelas poucas palavras.
Sabendo que havia pouco que eu pudesse fazer ali dentro, me distancie dos outros cambaleando um pouco com as pernas bambas e sai da sala antes que alguns de meus primos resolvesse descarregar suas frustrações em cima de mim. Enquanto deixava a sala e caminhava pelos corredores da mansão, eu dei uma boa olhada no céu estrelado pela janela. Uma bela lua cheia brilhava no céu noturno.
Em algum lugar lá fora era bem provável que as pessoas estivessem festejando despreocupadamente, sem saber dos perigos que se aproximavam delas.
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Contos da meia noite
ФэнтезиHistorias do universo Noite Eterna Esse livro ira focar em contos e historias que aconteceram no universo de Noite Eterna antes do começo do livro. As vezes serão historias de capítulos únicos ou divididos em partes. Poderemos ver alguns personagen...