1.2 MoonReaper

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- Sim, nos últimos dias tem tido um fedor demoníaco desconfortável nas redondezas. – O garoto falou com uma expressão azeda no rosto.

- E como você sabe que é o cheiro de um demônio? – Miguel perguntou ainda um pouco desconfiado.

- Um dos Anciões me levou para um lugar onde uma seita demoníaca fez um ritual lá em Salvador um tempo atrás. – Veio a resposta junto com um dar de ombros despreocupado. - O cheiro que está no ar por aqui é bem parecido com o que impregnava o local, só que muito mais forte.

Miguel ficou em silêncio por um momento, olhando para o garoto diante dele com atenção. O quanto ele deveria confiar nas palavras desse jovem não-humano?

- Você localizou a fonte do cheiro demoníaco? – Miguel perguntou esperançosamente.

- Sei que vem do interior do bosque daquele lado ali. – Ele apontou indicando o leste de onde eles estavam. Miguel olhou na direção apontada, mas conseguia ver pouca coisa por estar de noite e os outros hotéis estarem cobrindo seu campo de visão. – Eu até pensei em ir dar uma olhada, mas depois que a primeira pessoa desapareceu, preferi me manter perto de meus amigos para protegê-los.

- Espere um momento. Como assim uma pessoa desapareceu?

- Você não ficou sabendo? De ontem para hoje já sumiram três pessoas por aqui, até onde eu sei pelo menos.

A testa de Miguel se franziu mais ainda. Aquela notícia mudava tudo, dando um ar há mais de periculosidade a situação em que eles se encontravam assim como uma certa urgência para que eles resolvessem logo aquilo tudo. Olhando com atenção para o garoto diante dele, era possível ver que ele estava sendo sincero em suas palavras. Suspirando, Miguel balançou a cabeça e disse.

- Esqueça essas coisas garoto. – Ele se virou e começou a andar em direção a entrada do prédio. – Esconda sua presença para os Templários não sentirem ela e proteja seus amigos. Essa será uma noite um pouco turbulenta.

Sem dizer mais nada, ele seguiu escada abaixo em direção ao seu quarto. Ele tinha ido até o terraço só para comprovar a identidade do garoto e nunca tinha imaginado que conseguiria algumas informações extras sobre o que buscava.

Ele sabia que precisaria falar logo com seu companheiro para decidir como passariam aquelas informações para os Templários. Por mais que ele não gostasse dos não-humanos, ele não sentia nenhum ódio por eles para começar uma luta até a morte diante da presença do primeiro que aparecesse em sua frente.

Assim que entrou em seu quarto, ele encontrou Oduwake ainda na mesma posição em sua cama, dormindo profundamente. Grunhindo, Miguel deu um chute no pé da cama, a balançando e acordando o velho sobre ela.

- O que é? – O velho perguntou mal-humorado enquanto girava na cama e olhava ameaçadoramente para ele.

- Tenho novidades. – Miguel falou simplesmente, se sentando em sua cama de frente para a de Oduwake.

Ele então falou o que descobriu com o jovem não-humano e assim que chegou na metade da história o velho já estava sentado em sua cama, olhando para ele com atenção.

Quando terminou de falar, um grunhido escapou dos lábios secos de Oduwake.

- Você tinha que complicar mais as coisas metendo um bestial na história, não é? – Ele reclamou jogando as mãos para cima. – Espero que os malditos Templários não percebam a presença do garoto aqui, malditos fanáticos.

- Controle seu temperamento. – Miguel alertou friamente o que fez com que o velho o olhasse emburrado, mas por fim ele suspirou e se deitou de costas novamente na cama.

Contos da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora