Contos da meia noite

Roggrot, o Bravo da Colina Fafarena

A Aura de Roggrot se espalhou pela colina, esmagando seus inimigos da Nonagésima Quinta Legião do Abismo. Um punhado de sub-raças demoníacas que avançavam sobre Roggrot e seus companheiros com o único objetivo de extinguir a vida deles e daqueles que eles juraram proteger.

Talvez eles até obtivessem sucesso, não fosse a presença de Roggrot, o Bravo da Colina Fafarena, mais poderoso dos guerreiros Tauros. Seu gigantesco machado de guerra se movia em arcos mortais, despedaçando dos seres do Abismo que teimavam em continuar investindo contra ele.

Mas Roggrot sabia que lutava contra o tempo, fazendo do possível e impossível para garantir que seus amigos e familiares conseguissem fugir para outro lugar, talvez se juntar a outro clã sobrevivente.

Do outro lado do campo de batalha, esperando que a Legião esmagasse a última resistência dos Tauros, se encontrava Akelion, um poderoso Demônio com mais de quatro metros de altura, o corpo coberto por um exoesqueleto rubro com chamas azuis queimando em sua superfície.

Akelion era poderoso, poderoso demais para que qualquer outro Tauros o enfrentasse, por isso Roggrot fazia seu caminho pelo campo de batalha até o líder inimigo. Se derrotasse Akelion, a luta penderia para o lado de seus companheiros e talvez alguns deles conseguissem voltar com vida até o povo deles.

Um ser parecido com um inseto bípede pulou no caminho de Roggrot e seu machado o dividiu ao meio, outros dois tentaram flanqueá-lo, mas sua Aura oprimiu um enquanto o machado despachava o segundo com eficiência antes de terminar o giro e esmagar o aquele paralisado.

Dezenas de pequenos seres tentaram barrar o caminho de Roggrot, suas frágeis Auras se erguendo em resposta a dele enquanto erguiam suas armas. O Tauros bufou, abaixando sua cabeça bovina e apontando seus maciços chifres em direção aos pequenos demônios. Reunindo uma quantidade assustado de Aura, ele se impulsionou para frente, atropelando e lançando para longe aqueles que não foram empalados pelos seus chifres.

Cansado, com pequenos ferimentos por todo o corpo, ele finalmente abriu seu caminho até Akelion. O Demônio sorriu, as chamas azuis que cobriam seu exoesqueleto rubro se ascenderam de antecipação ao confronto e ele se jogou contra o Bravo da Colina Fafarena.

A Aura Demoníaca se ergueu cheia de fúria em oposição a opressiva Aura Taurina de Roggrot. Os dois trocaram inúmeros golpes, fendendo a terra e fazendo com que qualquer um sem uma boa Aura para se defender explodisse ou simplesmente morresse ao serem acertados pelas ondas de choque causadas quando os golpes dos dois se encontravam.

Roggrot, o Bravo da Colina Fafarena, grande guerreiro dos Tauros, teve seu corpo marcado pelas chamas demoníacas, um chifre se perdeu para um golpe esmagador de seu oponente e um de seus braços pendia inutilmente ao lado do corpo.

Em contrapartida, Akelion tinha sofrido muito mais. Seu exoesqueleto estava rachado e rompido em várias partes, revelando a pele cinzenta por debaixo e suas chamas azuis tinham se apagado. Um de seus braços tinha sido arrancado pelo machado de Roggrot e sua cabeça estourada pelo último golpe do guerreiro Tauros.

Cansado, esgotado e ferido mortalmente, Roggrot se virou para acompanhar os últimos de seu povo, morrendo e matando o resto da Legião do Abismo. Sem Akelion, os malditos não representariam uma ameaça para aqueles que fugiram, pelo menos não até que um novo comandante fosse enviado para subjugar os Tauros, mas infelizmente, aqueles que lutavam acabariam por perecer ali junto a ele.

- Bela luta, Bravo Roggrot – uma voz carregada de poder soou na mente de Roggrot e o tempo pareceu desacelerar enquanto o mundo era coberto por uma luz que somente o Tauros conseguia ver.

- A que devo a honra da presença de um Guardião em meus momentos finais? – Roggrot perguntou com dificuldade em sua mente.

- Venho com uma proposta, Bravo Roggrot, um pacto – a luz acertou o corpo de Roggrot, afastando a dor de suas feridas momentaneamente. – Me entregue sua Essência por cem anos e sirva como protetor de um Santuário e em troca salvarei o resto de seu povo que ainda luta.

Roggrot nem precisou considerar a proposta. Ele conhecia a índole dos Guardiões bem o suficiente para não temer pelo destino de sua Essência. E mesmo se o tempo fosse maior, ele ainda se sacrificaria pela sobrevivência de seu povo. Ele já estava morrendo mesmo, então não tinha muito a perder.

Com uma risada depreciativa ele aceitou o pacto com o Guardião e o mundo voltou a se mover normalmente enquanto uma luz descia sobre o campo de batalha, eliminando todos os demônios inferiores da Legião ainda de pé.

Com sua parte feita, os Guardiões tomaram a Essência de Roggrot de seu corpo, levando-a para um Santuário nos Labirintos que eles estavam preparando para enviar para a Terra. Talvez Roggrot fosse o que os terráqueos precisavam para sobreviver ao que estava acontecendo por lá.