Melancolia Erótica

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Naquele dia, as gotas de chuva escorriam pela janela do quarto frio. Podia-se ouvir o vento forte,que provocava certos barulhos desconfortáveis, juntamente à maldita árvore que tamborilava seus galhos contra a vidraça.
         Enrolado ao seu lençol, Nikolai relia o livro de Alice no País das Maravilhas. Em seu colo, um coelho branco adormecia enquanto o mesmo recitava em uma entonação alta. 

A voz do pequeno era doce; tão calma… Como explicar a voz de Nikolai? Era melódica, agradável e suave. Suas mãos acariciavam aquele pequeno coelho de uma forma ainda mais meiga. 

O barulho da chuva misturada ao frio daquele dia chuvoso o fazia lembrar dos braços quentes de Sebastian. 

Fazia três dias. 

O que será que estava fazendo? Com quem será que estava falando? 

Pusera seu livro de lado, suspirando, e decidindo interagir com o coelho depois de tanto acariciá-lo. 

— Ei, por quê está assim? Parece tão real… Undertaker. Não me diga que está gostando de ser um coelho mimado. — Dissera enquanto segurava o coelho branco em suas mãos. O animal felpudo parecia não entender muito bem o que estava fazendo. — De todo jeito… Por que a minha terapia com o Sebastian está demorando tanto? Será que ele não quer me ver? Estamos no horário livre mas, mesmo assim, não tenho vontade de sair da cama.

O pequeno coelho apenas saltou para o chão, atravessando a porta que parecia entreaberta. Evanoff arregalou os olhos, preocupado com o animal. 

Para onde ele iria? 

Logo, se pôs de pé e acelerou os passos disfarçadamente atrás do coelho que já caminhava para bem longe.
      Sinceramente, sair daquela cama o fazia se sentir fraco fisicamente. Soava como se não possuísse energia o suficiente para lidar com a rotina repetitiva.
      Afinal, essa cena já aconteceu, não foi? 

As pessoas pareciam intensificar seus olhares para o ruivo, que parecia cada vez mais desconfortável. Odiava ter que sair de seu quarto. Odiava olhares; eram muitos. Niko acelerou os passos cada vez mais em um corredor, caindo acidentalmente por cima de alguém. 

Era uma jovem esbelta de cabelo vermelho-violeta escuro e pele pálida. Possuía óculos de armação redonda, com a lente muito espessa, e uma aparência bastante feminina. Permanecia usando as clássicas roupas de paciente, ainda assim, não deixando de exalar um semblante único.
         Apesar de seus óculos redondos quase sempre esconderem os olhos castanhos, conseguia ver claramente. E seu cabelo era curto, porém, a garota parecia insistir em amarrá-lo

A primeira impressão do rapaz ao vê-la pudera ser definida em apenas uma frase:

Excepcionalmente desajeitada. 

Ela parecia um tanto desesperada e tímida, afinal, repetia a palavra “desculpa” diversas vezes. 

— Sou um tanto desajeitada, me desculpe. Você foi transferido da Rússia para cá? — Ela dizia, tentando ocultar a vergonha enquanto Evanoff se levantava de cima da mesma e a ajudava. 

— Eu ahm… Como sabe disso? — Ele respondeu, sentindo uma dor nos joelhos, percebendo que havia se machucado. 

— Sua aparência. Não sou de julgar as pessoas por isso, mas você é o mais novo aqui também. Me chamo Mey-Rin. Você é…?

— Me desculpe, não tenho tempo para falar agora. Eu perdi uma coisa e… — Sua expressão mudou completamente assim que vira onde o bendito coelho estava. Bem em frente a porta do escritório de Sebastian. — Mey-Rin? Esse nome… Parece que há uma enfermeira procurando você, rápido, parece importante. — Completara, fazendo-a não notar a existência do coelho ali e caminhar diretamente para o lado oposto. 

Dancing with the Devil | Sebastian MichaelisOnde histórias criam vida. Descubra agora