Dancing with the Devil | Sebastian Michaelis

A noite é como tua voz

Após o maior concluir o ato, seus olhares se intensificaram cada vez mais. Sebastian segurava o rosto pálido de seu amado suavemente, acariciando sua bochecha quente e macia. Ambos sentiam a respiração pesar prazerosamente, obviamente por conta do beijo tão intenso que ocorrera.
          Michaelis tinha uma expressão única estampada no rosto, como se tentasse impedir que seus desejos mais profundos lhe fizessem sair do controle.

O mais baixo pôs seus braços em volta do pescoço de Sebastian, exigindo mais. Queria o sabor doce de seus lábios proibidos, de forma tão mais intensa quanto jamais quisera.

Entretanto, o médico apenas negou com a cabeça.

Parecia ciente do que acabara de fazer, então o viu levantar, pondo a mão na cabeça do rapazinho. Aparentara estar feliz ao vê-lo bem novamente.

— Isso é o suficiente por hoje. Por favor, mantenha sua cabeça firme e longe de pensamentos negativos. — Sebastian disse, pondo sua mão carinhosamente nos cabelos do rapaz. — Vejo você na terapia amanhã.

Nikolai parecia aborrecido por não poder continuar aquele afeto com o homem pelo qual era extremamente apaixonado. Por isso, cruzou os braços e revirou os olhos.

Quando ele iria tê-lo só para si? Que chato!

Hospital estúpido.

Milhares de xingamentos vieram em mente, enquanto ainda tentava retomar o fôlego perdido e descompassado. Contudo, por um instante, imaginara que aquele hospital não era de todo mal.
            Se não fosse por aquele local, não o teria conhecido, afinal.

Era uma péssima hora para se confundir em pensamentos, então, apenas chacoalhara a cabeça, suspirando em busca de ignorar os devaneios conturbadas que o beijo repentino de Sebastian o trouxera.

— Você vai cedo demais. Não pode ficar mais tempo comigo? Estou com muita saudade! Por favor, Sebby! — O menor dizia em um tom de voz manhoso, segurando a ponta da camisa do terno elegante que o médico usava.

Sebastian riu levemente, o derrubando na cama e sussurrando em seu ouvido.:

— Eu ainda não terminei a minha surpresa. — Ele dizia em uma entonação rouca e provocativa. Conforme as palavras eram ditas em sussurros, o ar quente fazia Evanoff delirar. Podia sentir um frio no estômago, incontrolável, pois aquela era uma voz deliciosa de se ouvir tão de perto. — Até mais, pequeno. — Ele continuou, dessa vez, com sua entonação normal.

Em passos lentos, o mesmo se retirou do quarto de seu paciente, deixando-o na cama, sozinho.
          O garoto estava corado, sem acreditar no ocorrido. Era como em seus livros, mas dessa vez, tão vívido que o fazia sentir borboletas no estômago. Algo tão corrosivo que o fazia explodir por dentro, apenas ao relembrar do instante em que seus lábios foram aquecidos pela calidez dos dele.

Sebastian... como era possível que alguém tivesse a capacidade monstruosa de fazê-lo enlouquecer? De fazer seu interior congelar em uma temperatura relativamente quente.

Sinceramente, permanecia intrigado com o turbilhão de sensações diferentes e satisfatórias que o preencheram naquele momento. E, sabendo que aquilo não merecia ser esquecido, correra em direção ao diário, abrindo-o com uma velocidade tão voraz que parecia voar contra o tempo.

Precisava escrever para que nunca mais esquecesse. Nunca mais o esquecesse.

Iria ser uma de suas melhores lembranças.

Ah...Como o amava.

Contudo, repentinamente — como de se esperar — Undertaker surgiu deitado de mal jeito na cama.