O céu em seus olhos

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Nikolai sentia um medo desesperador ao encarar aqueles olhos azul-índigo que brilhavam de uma forma absurdamente bizarra dentro da ventilação. A adrenalina fluiu em seu corpo que, assim como seu coração, estava disparado.
Definitivamente, chegara no ponto de surtar ao lado de Undertaker e precisava fugir.

Não pensou duas vezes para que pudesse agir rápido e apertar o botão, tentando gritar desesperadamente por ajuda enquanto empurrava a porta que, para sua surpresa, estava aberta.
Não tinha tempo para pensar o porquê da porta não estar fechada, pois, precisava se esconder.

O ruivo se via com olhos chorosos e face desesperada, bastante ofegante. Mantinha a vista atenta para o que tinha atrás de si, possuindo a certeza de que não estava sendo seguido...

até esbarrar em algo ou alguém e cair para trás.

Olhara para cima com um medo absurdo, se surpreendendo ao ver que Sebastian Michaelis estava a sua frente, confuso e preocupado. Ele parecia perplexo por ver que alguém como Evanoff havia escapado do quarto que deveria estar trancado.

Mas bem... O que diabos ele fazia ali? Não era tarde para estar andando?

Eram diversas perguntas, mas nenhuma seria respondida naquele momento. Sebastian se pôs de joelhos para poder falar melhor com seu querido paciente, mas Evanoff parecia apavorado demais para simplesmente ficar ali parado ou deixar que Sebastian se machucasse.

- Por favor, me tire daquele quarto. Tem alguém lá! - O garoto dizia num tom de choro, angustiado. - Eu não quero que você se machuque, não vá.

Sebastian estava surpreendentemente calmo. Era comum, bastante comum, ver coisas como essa naquele hospital. O mesmo segurou o queixo do menor e sorriu.

- Acalme-se. Não tem nada aqui. Precisa respirar fundo, certo? Eu posso levar você até as enfermeiras e... - Nikolai o corta com um "Não!" no meio da frase.

Os olhos do mais novo pareciam como o oceano, tão claros quanto às águas do mar. Temerosos, sôfregos; derramando bastante lágrimas e dor. Era impossível não ficar. Seria um monstro acaso recusasse.
Michaelis sentiu sua camisa ser molhada com aquelas lágrimas salgadas. O choro incontrolável do menino ecoava pelos corredores. Estava o apertando, implorando-o para ficar. Nada era mais importante do que a presença de seu médico. O de cabelos negros acariciou cada fio daquele tão sedoso.

- Não se preocupe, estou aqui. Ficarei aqui para sempre. Cuidarei de você, pequeno. - Disse num tom de sussurro, acalmando o coração calejado do rapaz. Evanoff parecia chorar um pouco mais baixo após ouvi-lo.

O garoto se assustou com o som de passos acelerados vindo do mesmo corredor. Eram sapatos femininos, Sebastian pôde distinguir rapidamente: Angela.
A enfermeira veio por conta do alarme que foi aplicado em cada quarto de cada paciente.

- Senhor Sebastian? O que faz aqui? E o que houve com Evanoff? - A mesma dizia em entonação de preocupação.

- Não é necessário ficar. Eu mesmo vou passar um tempo para acalmá-lo. Pode apenas verificar o quarto? - Sebastian disse num tom de voz firme e calma.

A enfermeira fez que sim, afirmando que não havia nada incomum naquele quarto. Enfim, o de olhos vermelho-vivo levou o seu paciente em seus braços até o quarto que foi conferido.
Nikolai estava apavorado, apertando as roupas do homem que lhe carregava. Se sentia seguro, mas tinha medo de que algo o machucasse.

Angela se retirou, o deixando a sós no quarto. Com certeza ninguém naquele hospital incomodaria os planos do melhor psiquiatra do mundo.
O de olhos vermelhos fixou o olhar para as mãos trêmulas do rapaz, notando alguns sintomas de pânico. Isso fez com que o doutor colocasse sua mão por cima da dele, fria e delicada. Nikolai estava desesperado demais para que pudesse perceber o que estava acontecendo.

- Estou sentindo como se este lugar fosse meu túmulo. Só estou tentando sobreviver, ou sinto que morrerei em breve. Há algo doente e sádico sobre esse lugar. Esbanjo um sorriso pra tentar, mas não posso mais continuar fugindo do destino que pousa sobre mim. - Evanoff disse com certa preocupação em sua voz, sem tirar seus olhos daquela maldita ventilação.

- Escute, Nikolai. Sei que a dor que está passando agora é impossível de ser sentida por qualquer um exceto por quem está passando pelo mesmo. Mas quero que enxergue que agora está tudo bem. Você está seguro comigo. Pode tentar fazer isso por mim? Por você. Me diga, por quê está grato neste momento? - Sebastian disse enquanto esquentava as mãos frias do mesmo.

- Eu...Ahn... Sou grato por ter você comigo agora. Sou grato por não ter morrido. Sou grato por ter conseguido escapar. - Ele dizia aos poucos conseguindo deixar sua respiração calma.

- Bem, essas pequenas coisas, quando pensamos nela... Nos ajuda muito em momentos desesperadores. Por exemplo, eu me sinto grato por estar olhando para seus olhos agora. É como estar olhando para o oceano. - Sebastian dizia num tom de flerte.

Ao perceber, o ruivo apenas corou intensamente.

Estava completamente sem jeito. Olhos como o oceano? Isso é bastante clichê romântico. Mas... era adorável.

Seus rostos estavam perto o bastante para sentir a respiração quente um do outro. Sebastian intensificou cada vez mais o contato visual. Queria aquele garoto olhando apenas para si.

- Ah Nikolai... Estou grato por você ser lindo como aquela rosa que te dei. O vermelho me lembra a cor dos seus cabelos. - O doutor disse enquanto passava as mãos naqueles cabelos tão macios e encaracolados em suas pontas. Aquele carinho fazia com que Evanoff se acalmasse ainda mais.

- E-Eu sou bonito? Quer dizer que você me acha... - Antes que pudesse terminar de falar, sentiu o atrito daqueles lábios únicos de seu amado. Eram os lábios de Sebastian, quentes e ardentes como aquele quarto nunca fora. Pela primeira vez, estava sentindo o êxtase de um amor proibido e o gosto do quanto poderia ser doce.

Finalmente pudera sentir suas línguas entrelaçando, aquecendo e arrepiando todo seu ser. Aquela fantasia finalmente havia acabado. Sebastian mordeu levemente o lábio de seu paciente, puxando e podendo sentir o quão cálido estava o rosto de seu pequeno.

Isso é amor? Era como mergulhar num mar de rosas e deixar com que a onda te levasse para o melhor caminho. Era delicioso, queria mais e mais...

E sempre iria querer que o calor dos lábios de Sebastian o devastasse como fizera naquele instante.

Continua...

Dancing with the Devil | Sebastian MichaelisOnde histórias criam vida. Descubra agora