Capítulo 01

1.4K 137 8
                                    

Sempre pensei  em como seria minha vida depois dos dezoito anos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sempre pensei  em como seria minha vida depois dos dezoito anos... Uma completa luta diária. Nasci na Bahia em uma cidadezinha pouco conhecida,lá estudei até o ensino médio. Sempre tive o sonho de vir pra cidade grande e graças a Deus consegui!

Estava cansada de ver mainha apanhando de Joel,o homem que carrego o sangue paterno. As brigas em minha casa eram frequentes e eu sempre me escondia no quarto quando ele chegava bêbado altas horas da madrugada.
Mamãe era quem levava a pior, queria poder ajuda lá ou ligar pra polícia.

Mas ela me proibia.

Dizia que ele iria mudar, enxergar seu erro e ser aquele homem bondoso e bom pai, a verdade é que não tenho nenhuma lembrança boa dele, como pai! Ele nunca mudou e nunca mudara, só não vê quem é cego... Mas estava cansada de vê lá apanhando dias após dia, sendo humilhada e diminuída por ele, em um ato de valentia eu revidei.

Acertei um chute em seu estômago, certeiro.

Eu tinha por volta dos doze anos, foi a primeira surra que levei na vida. Ele me bateu até quando eu já estava caída, desfalecida no chão da cozinha. Aquele dia ainda me assombra, mas foi somente uma amostra do que eu teria que aguentar por muitos anos.

Aos quinze anos comecei a trabalhar no armazém da esquina, seu Edgar me pagava certinho mesmo meu salário não sendo grande coisa. Sempre tinha que esconder meu pagamento já que Joel vivia me roubando pra beber, aquilo me irritava mas tinha que me manter calada.
Sabia que chegaria uma hora e veria minha mãe morta pelas mãos dele, rezava pra isso não acontecer mas por que ela não largava dele?

Juntei todas minhas economias, não era muito mas o suficiente para sobre vivermos enquanto arranjavamos um trabalho e teto pra morar. Contei meus planos pra minha mãe e ela aceitou, fiquei tão feliz... Mas não sei como, Joel descobriu tudo e me deu mais uma surra mas de diferente das outras, eu quebrei um braço e o ligamento do meu joelho se rompeu. Fiquei dias de repouso e precisei de fisioterapia para andar "normalmente" de novo.

Aquilo tinha que ter um fim.

Por conta própria, fui na farmácia e comprei calmantes e peguei um tarja preta que mainha tomava frequentemente. Fiz um suco e coloquei vários comprimidos, minha intenção era que ele apagasse mas não seria nada de ruim, caso ele batesse as botas... Ninguém sentiria falta, ao não ser seu Jair dono do bar.
Conseguimos fugir na madrugada, mamãe chorava em silêncio pelos anos de sofrimento. Sei que é um trauma que jamais esquecera. Tínhamos minha tia Rosário e seus dois filhos aqui em São Paulo. Desde que o conheci meu primo, Kalel se tornou um irmão mais velho que nunca tive. Ele era meu protetor e melhor amigo. E Liandra era uma irmã, minha confidente.

Mainha conseguiu um emprego em uma mansão, iria ser uma das cozinheiras de um empresário famoso. Conseguimos nos estabelecer, viver sem medos e agarras.

Mas bem lá no fundo, tinha um receio, de que Joel nos encontra se algum dia.

—  Filha me ajuda a por a mesa de jantar.

Prazer,seu senhor!Onde histórias criam vida. Descubra agora