A tão esperada trégua

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Um ano antes
— Jennie Kim
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"[...] Um estrondo foi ouvido no corredor, o som era parecido com caixas sendo jogadas no chão, e duas vozes sobrepostas surgiram. Eram muito familiares e fez um arrepio percorrer os pelinhos dos meus braços.

— Que bom que você vai embora! — Ouvi Lisa grunhir, provavelmente acordando metade do corredor. — Eu não suportaria viver no mesmo teto que você nem mais um dia!

— Por que está aqui, então!? — Jennie devolveu.  — Eu consigo me mudar sozinha!

— Quero ter certeza que não vai voltar! — Então ouvimos passos rápidos e barulhos de papelão, como se elas disputassem as caixas com a mudança de Jennie.

— Qual o seu problema, Lalisa? Tem cinco anos?

— Cala a boca, meia porção!

Mais barulhos de briga.

— Cala boca já morreu quem manda na minha boca sou eu! — Barulhos de tapas.

— Quem de nós tem cinco anos mesmo? Pega aqui! Hahaha não consegue alcançar porque é uma nanica!

Na nossa cidade não era comum que os policiais já soubessem que se tratava de Jennie e Lisa só pela descrição das pessoas que ligavam para a central de polícia, dizendo algo como "tem duas meninas brigando aqui no supermercado, uma loira e uma morena, tem outra tentando separar."








Eu não entendia Lalisa Manoban.

Na noite passada, ela me usou da maneira mais suja, baixa e vil que existia, me fazendo cair em sua sedução barata, mas, no dia seguinte, decidiu me impedir de mudar de quarto.

— Isso não é da sua conta, Lalisa! — berrei. — Eu não preciso dar satisfações para você!

Saí do quarto, jogando a última caixa no chão do corredor. Lisa veio atrás de mim.

— É claro que precisa, você é a minha colega de quarto!

— Eu... — gritei, apontando o dedo no peito dela. — Não... — gritei mais alto. — Sou mais! É isso que estou tentando dizer, eu não sou mais a sua colega de quarto!

Lisa olhou para as caixas, para mim, para as caixas, e depois soltou um riso incrédulo.

— Eu não vou deixar — ela simplesmente disse.

Arqueei as sobrancelhas, pasma.

— O que você falou? — perguntei, levantando a alça do pijama que vivia escorregando dos meus ombros.

— Tá surda, é? — Lisa se aproximou sorrateiramente. Engoli o seco, sentindo sua respiração se mesclar com a minha ao passo em que ela ergueu meu queixo com o indicador. — Eu não vou deixar.

— Você não tem que deixar nada — sussurrei em resposta. Meu corpo inteiro formigava. — Eu vou mudar de quarto, você querendo ou não.

Lisa olhou no fundo dos meus olhos, como se quisesse decifrar se aquilo era mesmo verdade, e se afastou.

— Você está de pijamas do smiliguido no meio do corredor... aliás, é o mesmo pijama que você usava quando tínhamos 7 anos e... — Ela desviou os olhos. — Consigo ver seu mamilo piscando há dois quilômetros de distância, então, a única coisa que você vai fazer é entrar no quarto e trocar essa roupa.

Arregalei os olhos, tapando meus mamilos com as mãos.

— O quê... !? — Arfei, chocada. — Você não manda em mim!

O Plano JOnde histórias criam vida. Descubra agora