Onde está Park Rosé?

3.6K 344 309
                                    

Dias atuais
— Lisa Manoban
━━━





Antes do médico fechar a porta do quarto de hospital, Jisoo deu um tchauzinho para nós, mas eu ainda conseguia vê-la pelo vidro janelado da porta. Não sei se foi impressão minha, mas pra alguém que acabou de cair do segundo andar de um prédio e fraturou uma costela, Jisoo parecia tranquila.

— E ela vai ficar bem, doutor? — Ao meu lado, Jennie perguntou.

Era a primeira vez que eu ouvia a voz dela depois da nossa briga. Agora, com apenas nós duas e o médico no corredor asséptico, era difícil não perceber o clima estranho.

— Ela fraturou uma costela, então é importante que mantenha o repouso durante o período de recuperação e execute apenas atividades leves — respondeu o médico, um velhinho com uma vibe "gente boa", parecido ao Dr. Drauzio Varella. —  Tencionar os músculos do abdômen pode fazer com que o osso saia do lugar novamente, não queremos isso, certo? — Ele nos esperou acenar negativamente com a cabeça. — É preciso que ela fique no hospital até amanhã, para observação.

— Mas ela vai ficar bem? Quer dizer, sem traumas? — perguntei de novo, para ter certeza.

No mesmo instante, olhamos para a divisão de vidro. Jisoo conversava com Seulgi enquanto bebia um suco de caixinha.

— Ela é frequentadora do hospital, vai ficar bem. É até surpreendente que não tenha fraturado mais nada... — O médico deu um tchauzinho para Jisoo, através do vidro. —  Estávamos com saudades dela.

Jennie e eu nos entreolhamos. Jisoo era mesmo uma hóspede no hospital universitário.

— Aliás, como anda a namorada dela? — perguntou o doutor. Até ele percebeu a ausência de Rosé, o que me lembrou do que fazíamos no alojamento masculino: procurar a nossa melhor amiga perdida.

Jennie suspirou, respondendo em um fiapo.

— Espero que bem, doutor.

— Ótimo! Se tiverem mais alguma dúvida, é só perguntar lá na recepção.

Maneamos a cabeça em afirmação, observando-o se distanciar pelo corredor ensolarado até sumir. O clima que antes era estranho se tornou insuportável agora, e eu estava sem saber o que fazer. Eu deveria conversar com Jennie sobre a briga ou focar em procurar a Rosé? Rosé estava mesmo em apuros ou só dormindo na praça depois de comer coxinhas?

Jennie continuava do meu lado, em silêncio, esperando que eu dissesse alguma coisa, mas nunca tive a sensibilidade necessária para agir em momentos de crise. Eu estava tão ou mais perdida que ela e pronta para dizer isso em voz alta, mas uma presença familiar cruzou o corredor do hospital. Passou tão rápido que pensei ter sido um vulto.

— Acho que vou buscar comida. Quer um sanduíche natural? — Não esperei uma resposta de Jennie. — Um sanduíche natural parece ser bom pra mim. Já volto!

Lancei-lhe um sorriso sem graça enquanto corria atrás do garoto, que já tinha sumido pelo corredor. Eu teria que conversar com Jennie, só não precisava ser agora. Mais tarde, Lisa, prometi a mim mesma. Decidi de última hora encontrar Rosé.

Jungkook estava de costas, andando despreocupadamente, até eu puxar a manga do seu moletom. Ele se virou confuso, até me reconhecer.

— Ah, oi Lisa. — E coçou os cabelos.

Me afastei um passo, tentando soar natural.

— Oi! Então... que loucura foi hoje, né? Foi tipo, que situação e...

Jungkook franziu o cenho.

— Tá tudo bem com você?

Olhei para trás, para ter certeza que Jennie não me seguia, e suspirei fundo. Meus ombros estavam rígidos e minha cabeça doía.

O Plano JOnde histórias criam vida. Descubra agora