Um cogumelo muito louco

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Dias atuais
— Lisa Manoban.
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Jisoo fitou o quadro negro com o cenho franzido. Os óculos estava tão engordurado que mesmo na pouca luz do quarto, consegui ver as marcas de dedos na lente. O moletom era salpicado de manchas de catchup e precisava de uma lavagem urgente. Ela desenrolou o barbante vermelho e pregou em um novo ponto do quadro: Pista de Boliche.

— Ao que parece, essa foi a última vez que Rosé foi vista — disse ela.

Maneei a cabeça em concordância, chutando algumas roupas jogadas no chão do quarto. Jisoo parecia um detetive que foi expulso da polícia por não saber a hora de parar de investigar um caso, e agora sobrevivia a base de auxílio emergencial e miojo de galinha da Turma da Mônica.

Jennie se aproximou do quadro negro com o cenho franzido.

— Momo disse que viu Rosé depois disso, não foi?

Parei perto de Jisoo e nós três tombamos a cabeça para o lado, fitando o quadro cheio de ramificações em barbante vermelho e fotografias impressas em preto e branco.

Jisoo levantou a mão, pronta para pregar mais um barbante na foto de Momo, mas eu a interrompi.

— Vocês querem mesmo confiar em algo que saiu da boca da Sininho maconheira? — perguntei. — Lembram o que aconteceu da última vez?

Jisoo levantou os óculos com o dedo mindinho.

— Momo está sóbria há duas horas, Lisa.

— É um recorde — Jennie acrescentou.

Cruzei os braços, incrédula.

— Momo disse que Rosé está presa no mundo dos anjos! — rebati. — Vocês piraram de vez?

— Rosé não gostaria de ver você destratando a Momo assim. — Jisoo me olhou com censura. — Além do mais, ela está ajudando no que pode.

— Qual é? — Abri os braços. — Mandar DM's no Instagram da Xuxa não é ajudar!

Jennie nos empurrou para trás, apartando a discussão.

— Brigar não vai adiantar nada! — Ela nos fitou alternadamente, parando o olhar em mim. — E toda informação é bem vinda, Lalisa... até da Momo.

Jisoo pareceu satisfeita com a resposta de Jennie, pegou a ponta do barbante e colou em cima da foto de Momo. Aquilo era tão irreal que parecia piada, eu não sabia que estávamos desesperadas assim. Dei alguns passos para trás, ainda em choque.

— Vocês estão mesmo defendendo ela? A Momo? Estamos falando da mesma pessoa? Quer dizer, vocês se lembram do que aconteceu na última vez que Rosé confiou nela?

Jisoo e Jennie se entreolharam.

— Teoricamente, foi a avó dela a culpada por tudo — Jisoo sussurrou.

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(Um mês antes do desaparecimento de Park Rosé)

— Confiem em mim — Rosé suplicou. — Tudo vai sair como o planejado.

Ela nos lançou um sorriso de incentivo, aquele sorriso que precede situações constrangedoras.

— A gente não conhece metade dessa festa, Rosé — Jennie rebateu, se aproximando da Park. Trocamos cochichos no corredor escuro dos alojamentos,

— Não é bem uma festa... é uma... uma reuniãozinha! — Rosé batucou os dedos uns nos outros, como uma vilã de filme infantil. — Vamos beber, colocar o papo em dia, vai ser como as nossas festas do pijama!

O Plano JOnde histórias criam vida. Descubra agora