Capítulo 3

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-Acreditem, a errada aqui não sou eu.

-Essa maluca começou a me atacar do nada!- o homem diz.

-Sem papo furado, não seja idiota, consigo ler sua mente.- Stiff diz cruzando os braços.

-Me deixem explicar. Eu estava na boate dançando, daí ele me puxou aqui pra fora com uma certa... intenção. Então eu acabei me estressando e tive que puní-lo. Creio que qualquer mulher que fosse vítima de assédio físico ou verbal, não deixaria isso barato, assim como eu.

-Você está mais que certa...-Mary diz esperando eu dizer meu nome.

-Clary.

-Então, Clary. Como eu dizia, você está mais que certa, mas presumo que essas pessoas que estão aqui fora não precisam se machucar caso algum raio de luz vaze do seu controle.

Olho em volta e percebo que haviam algumas pessoas que nos olhavam. Espero que não tenham visto toda a brincadeira.

-Sinto muito, não pensei nas consequências.

-Eu entendo, deixa que esse...- olha pra o homem atrás de mim- estrume, cuido eu.

-Obrigada.-Digo pra Mary. Olho pra Stiff e Dylan.- obrigada a todos vocês.

-É sempre um prazer ajudar damas belíssimas.- Dylan diz sorrindo. Coro. Não posso negar que ele é lindo.

-Foi um prazer conhecê-la Clary, espero que da próxima nos encontremos de uma forma menos...- Mary pausa.- perigosa.

-Sim, até logo.- saio dali e volto pra boate. Vê-los de perto assim, cara a cara sempre foi meu sonho. E eles vieram por minha causa, e me trataram tão bem! Espero que um dia eu possa fazer parte dessa equipe.

Alguém puxa meu braço e vejo que era Lucca.

-Onde você tava?- grita por causa da música.

-Lá fora!- grito de volta.

-Fazendo o que?- curva as sobrancelhas.

-Resolvendo um problema.- puxo ele pra um lugar mais reservado, menos barulhento.

-Cadê a Deyse?

-Ah, estava dançando com um cara aí.- revira os olhos.

-Ela tá bem?- pergunto olhando dentro dos seus olhos.

-Por quê não estaria?- se arruma na cadeira.

-Porque o problema que eu estava resolvendo, era um cara. Ele tava me puxando pra fora da boate pra fazer sabe-se lá o que comigo.- digo olhando em volta, a procura de Deyse.

-Como assim? E o que aconteceu? Onde ele tá?- percebo seu olhar furioso.

-Eu tava brincando com ele de acende e apaga a luz. Até que Os Aliados chegaram, você acredita? Eles me trataram super bem e a Mary levou o cara pra se resolverem.- digo animada.

-Eles viram seus dois poderes?- Lucca pergunta.

-Não, apenas o cara.

-Você não pode ficar se mostrando assim, têm seres que são projetados para roubar poderes raros, e o seu é quase inexistente!

Que loucura!

-Me explica isso outra hora, a tequila ainda tá forte.- digo sorrindo. - Vamos procurar a Deyse, e depois vamos dançar!

Sorrimos e saímos a procura da nossa amada Deyse.

Andamos pela pista e nada dela, fomos até o banheiro, ele no masculino e eu no feminino.

-Deyse?- chamo alto, batendo nas cabines.

Ninguém responde, então saio e vejo um Lucca furioso em frente ao banheiro masculino.

-O que rolou?- pergunto tocando seu ombro.

-Deyse se agarrando com o cara no banheiro, cara, ela é minha irmã mais nova. Cara! Caramba, caraca!- Lucca se esforça pra não xingar, ele ficou revirando os olhos de meio em meio segundo.

-Vai me dizer que ela nunca viu você ficando com uma garota?- digo, não querendo ouvir uma resposta machista.

-Não!- diz.- Talvez, mas não desse jeito.- aponta pra dentro do banheiro.

-Deixa a garota, ela tá aproveitando a noite e nós deveríamos fazer o mesmo. Vamos beber e dançar, vem!- agarro seu braço e saio em disparada para o bar.

-Oi, quatro doses de tequila!- grito para o barman que olha assente.

-Quatro doses, duas pra cada. Vamos virar!- digo após agradecar o barman pelos drinks. Free Bar, pois a entrada já era cara (que inclusive, Deyse fez o favor de jogar a gente aqui dentro)

-Então tá!- pega uma dose e viramos juntos. Em seguida, viramos a outra.

-Vem cá.- puxo ele pra perto e balanço a cabeça dele pra todos os lados, se for pra beber, vamos beber direito né?!

-Meu Deus Clary, tá tudo rodando!- diz piscando forte os olhos.

-Agora, vamos dançar!

Pulamos e pulamos, vejo seu sorriso branco brilhando e estava tão perto de mim, aprecio seus lábios naturalmente rosados. Seu cheiro gostoso invade minhas narinas, fazendo eu fechar os olhos e respirar fundo, mesmo com a mistura de todos os perfumes e bebidas naquele lugar, o cheiro de Lucca se destacava e era impossível não reconhecer, mesmo estando a quilômetros de distância eu reconheceria aquele cheiro, em qualquer lugar.

Sinto suas mãos na minha cintura me puxando pra perto, tão perto que pude sentir seu nariz roçar no meu. Seu cabelo  tocar minha testa, sinto sua respiração parar.

De repente uma lembrança passa pela minha cabeça. Estou em uma maca e ouço a conversa de duas pessoas.

-Não sei se ela está pronta pra isso.- diz uma mulher de cabelos negros, olhando meu corpo pálido e minúsculo em cima da maca.

-Pronta ou não, é necessário. Sra. Stacy, se não fizermos isso, Clary não sobreviverá! O que deseja pra sua menina?- diz o homem com jaleco branco, suponho ser algum médico ou cientista dali. Olho em volta e vejo muitos frascos, microscópios, entre outros objetos que não presto atenção. Isso é um laboratório? O que estão fazendo comigo? Quem são essas pessoas?

-Faça, Charles. Mas se isso não der certo, saiba que seremos condenados.- ouço uma sirene alta tocar e eles olham pra porta preocupados.- Faça, Charles! É agora ou nunca!

Abro meus olhos e vejo um teto branco. Meus olhos ardem pela claridade então abro aos poucos até me acostumar.

Vejo Lucca dormindo num sofá em frente a cama, que nem percebi que estava. E aí meu lado, Deyse dormia calmamente.

Levanto tentando não acordar nenhum dos dois, o que acaba sendo uma falha. Lucca desperta, dá um pulo como se estivesse sonhando que estava caindo de um prédio e, poucos segundos antes de chegar ao chão, acorda assustado.

-Clary! Bom dia, tudo bem? Você está melhor?- diz baixinho, pra não acordar a Deyse.

-Eu não estava bem?- pergunto quase sem voz. Coloco a mão na garganta e a sinto arranhada, como se na noite passada eu tivesse ido à um show e gritado horrores no ritmo da música.

Lucca sinaliza pra porta, levanta e sai por ela, faço a mesmo.

A minha frente, havia uma sala de estar com dois sofás azuis claros, uma mesa de centro e uma televisão grudada na parede.

-O que aconteceu ontem?

Entre Dois LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora