Capítulo 4.

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Vejo Lucca corar brevemente.

-Estávamos dançando, eu me aproximei e você colocou as mãos na cabeça do nada. Começou a gritar, dizendo que estava doendo muito, e me pedia pra fazer parar. Então você desmaiou. Te peguei no colo e fui até a Deyse, que nos trouxe pra cá - abre os braços- nossa casa.

Tento me relembrar de ontem, e então relances de uma mulher de cabelos negros passam pela minha cabeça que, no mesmo instante, uma rajada de pontadas como se estivessem enfiando agulhas por todo meu corpo, o que faz meus músculos fraquejarem e, se não fosse por Lucca, certamente eu estaria esparramada no chão.

- O que tá rolando com você?- diz me colocando num sofá próximo á nós.

- Também adoraria descobrir.- digo gemendo baixinho de dor.

- A ressaca tá diferente- sorri lindamente- você também.- olho pro meu corpo e só agora percebo que estou com uma blusa enorme e branca. Com o cheiro do Lucca.- Relaxa, ela fica grande em mim também. Só não tanto.- rimos.

-Pode pegar um pouco de água pra mim? Minha garganta tá extremamente seca.- percebo minha voz fraca e a garganta arranhada.

-Claro.- diz e some por um corredor.

Qual seria o intuito daquela lembrança? Se é que fora uma lembrança, e se foi, será se realmente era minha? Vejo que tinha espelho próximo de mim, me levanto e vejo meu cabelo loiro jogado em meus ombros, meu rosto um pouco inchado por ter acabado de acordar

-Aqui.- Lucca volta com uma garrafa de água e um copo de vidro e me entrega. Bebo como se estivesse há 1 semana sem beber água.

-Que delícia.- passo a língua nos lábios.

-Realmente.- senta no sofá.- a água, a água é muito boa, é bem gelada e tem um  gosto de...hm... Água?- se embola e eu gargalho.

-Já entendi Luc, relaxa!

-Vocês falam alto demais!-Deyse aparece esfregando os olhos e prendendo o seu cabelo castanho em um coque.

-Já tá tarde Deyse, tava na hora de acordar já.- Lucca caminha, acredito ser pra cozinha.- Vem Clary, vamos tomar café da manhã.

Olho no meu relógio de pulso e marcava 11:53h.

-Acho melhor começarmos a fazer o almoço.- gargalho junto a Deyse.

-Preciso comer antes do almoço, se não eu não consigo almoçar.

-Ele tem essa frescura mesmo, liga não.- a garota de cabelo castanho dá dois tapinhas no ombro do irmão. Sorrio com a cena.

-Frescura? Isso é um absurdo. Eu preciso comer de manhã, se não eu fico desanimado o dia inteiro!- se defende da irmã.

-Então cala a boca e vai comer, estrupício!- ela dá um tapa na cabeça dele que rapidamente envolve seus braços elásticos em volta dela como se fosse uma cobra.- Vou te dar 2 segundos pra você me soltar Lucca Kane, se não você pode ter certeza que vou te deixar bem no topo do Monte Everest.- arregalou os olhos.

-Você não faria tal audác...- na mesma hora eles somem, suponho que foram dar um rolê nos gelos congelantes do Everest. Esses irmãos são doidinhos da cuca.

-Vocês são doidos!- grito achando que eles vão me ouvir lá do Everest. Ouço gargalhadas e então eles reaparecem no mesmo lugar.- Ué.

Gargalho ao perceber que ela só tinha ficado invisível junto ao seu irmão.

-Vocês são ridículos!

-Ver a sua cara foi incrível!- ambos sorriem enquanto se sentam nos bancos da bancada.

-Quebrando um pouco essa vibe boa, queria te perguntar uma coisa, Clary.- Lucca diz enquanto mistura umas coisas num pote.

-Fique á vontade.- torço para que não seja o que aconteceu ontem. Não sei nem me responder, como responderei a ele?

-O que aconteceu ontem? O que passou pela sua cabeça? Estava só doendo ou tinha algo a mais?- os dois me encaravam prontos para uma resposta. Após alguns segundos, percebendo o silêncio, emenda.- Estamos preocupados sabe? Logo após termos te falado sobre a Loucura em Excesso, você começou a sentir essas dores de cabeça, e no corpo, como aconteceu alguns minutos atrás.

-Sabe que pode confiar na gente Clary, somos seus amigos. Queremos te ajudar.- Deyse me encara.

-Eu não lembro muito bem o que aconteceu ontem, só consigo lembrar que vi uma mulher de cabelos negros falando com um homem, dizendo que eu não estava pronta, mas era a única opção. Algo assim, e então uma sirene tocou e eles fizeram algo que não sei o que é comigo, e então apaguei.

-Nossa amiga, que sinistro. O que você acha que foi isso? Era realmente você?- Deyse interroga.

-Eu não sei. Na minha visão, eu deveria ter pouco menos de 2 anos. Não sei como eu poderia lembrar de algo assim.

-Se lembra de algo mais?- Lucca pergunta e seus olhos azuis me encaram.

Sua menina.

-Sua menina! Ele, o homem de branco disse isso para a mulher. Será que é a minha mãe? Quem é ela?- sinto meu coração acelerar freneticamente.

-Mas seu cabelo é loiro. Como pode?- Deyse levanta uma sobrancelha.

-O pai dela, ela deve ter puxado dele. Não teve nenhum homem loiro na sua lembrança?- tento me recordar.

-Não que eu me lembre, eu estava numa espécie de laboratório, ou clínica. Sei lá.

-Precisamos ir a fundo nisso, podemos descobrir algo chocante.- Deyse bate palminhas.- Que saudade de uma adrenalina!

-Isso parece ser um pouco mais intenso que uma simples adrenalina...





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