Capítulo 6.

2 0 0
                                    

Chego em casa e separo um vestido levinho preto, tomo um banho e o visto. Ligo pra Deyse.

-Ta com muita ressaca ainda?- pergunto passando um blush.

-Diz que vai me tirar de casa.- ela diz com a voz esperançosa.

-Vamos tomar açaí, está calor e eu quero coisa gelada. Chama o Lucca.

-Ótimo! Já já estamos aí, beijos gata!- ela se empolga.

-Beijos!- desligo.

Entro no Instagram e fico rolando o feed, até me deparar com uma gravação dos Aliados. Me lembro de ontem, será que aquele cara falou pra eles? Será que mais alguém viu? Como eu fui burra! Deveria ter usado apenas um dos meus poderes, se alguém descobre... O que aconteceria?

Me sinto em choque, meu corpo todo eletrizado. Sinto que posso soltar raios tão potentes que poderiam matar uma pessoa.

-Se acalme filha!- Uma mulher dos cabelos negros diz. Filha?

-Mamãe, tira isso de mim!- Eu falo, sem querer.

O que é isso? Essa é a minha mãe?

-Amor, só pensa na Bibi, ela tá aqui e você não pode machucá-la, então por favor se acalma!- ela diz apontando pra um berço no canto do que pode-se dizer ser um quarto.

-Sai daqui! Leva ela!- grito contra a minha vontade. - Sai!

A moça de cabelos negros pega uma bebê do berço e sai correndo do quarto, em fração de segundos meu corpo parece explodir em raios.

-Acorda Clary!- ouço uma voz grossa e mãos firmes me balançar.

Levanto em um pulo vendo Lucca e Deyse me olharem assustados.

-Amiga, seu nariz.- coloco a mão no nariz e sinto um líquido quente, olho pra minha mão e vejo sangue.

-Droga.- corro pro banheiro e coloco papel higiênico.

-Você tá bem?- Lucca me pergunta.

-Eu não sei. O que aconteceu?- pergunto sentando na privada.

-Chegamos aqui e batemos na porta por uns 5 minutos e nada de você atender, estamos tentando te acordar há quase 20 minutos. Nós que deveríamos perguntar o que aconteceu.- Deyse se abaixa na minha frente.- Você se lembra de algo?

Fecho os olhos e lembro da sensação eletrizante. Abro rapidamente.

-Acho que tô tendo algum tipo de lembrança. Foi a mesma coisa da boate.

-E o que você viu dessa vez?- Lucca pergunta encostado no batente da porta.

-Eu tava em um quarto, sei lá. E eu sentia como se meu corpo estivesse eletrizado. E a mesma moça de cabelos negros me chamou de filha e falou sobre uma outra pessoa. Ba... Bai... Bibi! Uma bebê, uma criança! Ela disse pra eu me acalmar e eu as mandei sair do lugar e meu corpo explodiu! Foi muito sinistro.- digo rapidamente. Lucca dá uma breve olhada pra Deyse que corresponde o olhar.- O que foi gente?

-Estamos preocupados com você.- diz Deyse.

-Mas por quê? São só lembranças!

-Que estão fazendo você desmaiar, você acha isso normal?- Lucca diz com as sobrancelhas arqueadas. Me calo.

-Espero que nada disso tenha a ver com a Loucura em Excesso. Hoje mesmo Lucca e eu iremos até a nossa avó pra saber mais sobre isso, tá bom?- assinto tirando o papel higiênico do nariz e indo lavar o rosto.

-Vamos? Ainda quero muito o açaí.- digo depois de passar por eles pelo banheiro.

-Tem certeza que quer ir? A gente pode comprar um potão pra gente e assitir um filme aqui ou lá em casa.- Lucca  diz vindo atrás de mim.

-Gente, relaxa! Vamos só tomar um açaí, o que pode acontecer demais?- digo pegando minha bolsa e vendo se estava tudo certinho. Eles se entre-olham.

-Muita coisa.- dizem juntos.

-Mas não vai! Podemos ir?

-Okay, dona teimosia.- Deyse sorri de canto. Saímos todos e fomos caminhando até a loja, já que morávamos já no centro era mais fácil.

-Só de pensar que ainda temos que trabalhar depois de amanhã, já quero morrer.- Lucca fala, suspirando.

-Isso foi muito profundo!- gargalho.- Eu gosto de trabalhar lá, sem contar que é sorvete quando eu quiser.

-Isso eu vou ter que concordar, é muito bom se for por esse ponto de vista.- Deyse fala agarrando meu braço.

Chegamos a loja e nos sentamos.

-Eu vou querer um grandão, sério mesmo, eu estou com tanta vontade de comer açaí que eu comeria a loja inteira.- digo olhando pras decorações e roxas e em seguida olhando pro cardápio a minha frente.

Lucca faz sinal pra garçonete que vem sorrindo, ela era muito bonita. Tinha os cabelos longos e cacheados, sorriso lindo com piercing no smile.

-Boa tarde, já escolheram?- ela diz segurando um bloco de notas.

-Hum, sim... Eu quero... Ahm, Deyse? O que você quer?- Deyse gargalha alto do irmão que fica sem graça. Foi perceptível a timidez do Lucca com aquela menina o olhando. Seguro o riso.

-Eu quero um açaí de banana de 800ml por favor, com cobertura de leite condensado. De recheio pode colocar o 1,3,4,7 e 8.- digo olhando o cardápio.

-Mais alguma coisa?- ela diz olhando pros dois e pra mim.

— Fala que eu quero o mesmo que o seu, por favor.— a voz de Lucca ecoa na minha cabeça, me assusto brevemente.

-Você gosta do mesmo que o meu, não é Lucca?- digo olhando pra ele e ele assente.- Bom, pode acrescentar mais um igual ao meu então, por favor!

-Vai três então, também quero assim.- Deyse diz limpando as lágrimas que escorria dos olhos, de tanto rir. Lucca dá uma cotovelada nela depois da garçonete dizer que já voltava e virar as costas.

-Qual o teu problema garota?- Lucca diz pra Deyse que volta a rir.

-É sério que você ficou com vergonha da menina Lucca? Meu Deus, você parece aqueles meninos de 14 anos que vê uma menina mais velha e fica todo sem graça!- Deyse ri alto, eu acabo soltando umas risadas e Lucca me olha com sangue nos olhos.

-Desculpa, isso foi engraçado demais!- sorrio.

-Não foi por isso que eu fiquei sem graça, pelo amor de Deus.- Deyse para de rir.

-Ah não, foi pelo que então?- Ela diz olhando nos olhos do irmão.

-Depois eu te conto.- ele diz se virando pra janela.

-Ah, qual é? Só por que eu tô aqui?- digo cruzando os braços.

-Não.- ele diz seco. Um silêncio se estala entre nós e Deyse arregala os olhos depois de olhar pra garçonete.

-Vamos no banheiro comigo Clary.- ela nem espera eu responder e me puxa.

-O que foi isso?- falo ao entrarmos ao banheiro.

-Eu lembrei dela! Lucca era apaixonado nela no 1° do ensino médio, meu Deus como eu esqueci dessa menina? É por isso que ele ficou sem graça, eles até ficaram algumas vezes mas aí ela teve que ir embora da cidade e simplesmente não tinha contado pra ninguém, descobrimos pelos professores. Ela foi sem falar nada com o Lucca e ele ficou tão chateado, será que ela reconheceu ele?- ela fala tudo muito rápido enquanto gesticulava com as mãos.- Claro que ela reconheceu ele, ela ficou olhando pra ele.

-Ei, calma! É muita informação.- digo apertando as sobrancelhas.- E a gente rindo dele, tadinho.

-Olha só, vai pra mesa que eu já vou.- ela diz me empurrando pra porta.

-O que você vai fazer?- pergunto parando e me virando pra ela.






Entre Dois LadosOnde histórias criam vida. Descubra agora