Entre Dois Lados

Capítulo 7

-Ela deixou meu irmãozinho bem triste, tadinho do meu Luquinha.- ela diz e em seguida seu corpo vai sumindo aos poucos.

-Deyse, meu Deus! Você nem sabe o motivo dela ter ido embora, não faz isso.- ninguém me responde. - Garota problemática.

Volto pra mesa e me sento em frente ao Lucca.

-Desculpa ter sido grosso.- ele diz.

-Você não foi grosso, tá tudo bem.

-Cadê a Deys...- ele para de falar quando percebe que a garçonete vinha na nossa direção com uma bandeja, mas por uma estranha força da gravidade ela tropeça no meio do nada e cai com o açaí e se suja toda. Seguro o riso, essa Deyse é muito má.

-Mirela, você tá bem?- Lucca levanta e vai até a menina ajudando a mesma a se levantar.

-Eu não sei como eu caí, mas eu estou bem, obrigada.- Ela diz limpando o rosto sujo de açaí. E se abaixando pra pegar a bandeja.

-Deixa que eu te ajudo.- Ele pega as coisas do chão e a entrega.- Seu rosto ainda está sujo, espera um pouco- ele vêm até a mesa e me olha brevemente, pega alguns guardanapos e vai até ela a entregando.

-Obrigada Lucca, desculpa pelo açaí de vocês, eu já volto com outros.- ela diz virando as costas e saindo. Deyse sai do banheiro como se nada tivesse acontecido.

-Oi gente, o que eu perdi?- ela diz se sentando ao lado do irmão.

-Tô indo, avisa a ela que não precisa fazer mais um.- Lucca se levanta e sai.

-Acho que você não devia ter feito aquilo, ele não gostou nem um pouco.- digo cruzando as mãos em cima da mesa.

-Ele não tinha que gostar de nada.- ela revira os olhos.

-Acho que talvez ele tenha gostado de verdade dela e não a tenha superado. Ele se levantou e ajudou, eu até ajudaria também mas ele foi bem mais rápido.- falo e ela revira os olhos novamente.

-Não é possível que ele ainda goste dela.- ela diz arqueando as sobrancelhas.- Ele nunca disse que ainda sentia algo.

-Talvez ele achava que não gostava mais dela, até porque ela tinha ido embora, o sentimento pode ter ficado adormecido até ele vê-la novamente.- falo e olho pra Mirela que recheava os açaís, já com um avental diferente.

-Será que fiz merda?- ela diz com a unha entre os dentes. Ela não espera eu falar e continua- Não, não fiz. Ela foi muito ruim com ele indo embora sem falar nada, isso foi só uma brincadeira, ela nem se machucou e nem nada!

-Ah, eu não sei. Quando chegar em casa tenta conversar com ele, acho que ele ficou chateado. Agora não sei se ficou chateado por vê-la novamente ou por ter adivinhado que ela caiu por sua causa.

-Chega disso, vamos comer.- ela diz sorrindo vendo a Mirela se aproximar.

-Aqui está.- ela diz  colocando os três açaís em cima da mesa.- Cadê o Lucca?- pergunta com o açaí dele entre as mãos.

-Pode colocar pra viagem? Ele teve que ir embora.- digo.

-Ah, tudo bem. Já trago junto com a conta.- diz saindo.

-Eu não gosto dela.- Deyse revira os olhos.

-Eu percebi, já jogou a menina no chão e quase agora tava olhando com uma cara de bunda pra ela.

-Eu não sinto uma energia boa, sei lá.

-Isso se chama ciúmes, você tá com ciúmes do seu irmão. E também com raiva pelo que ela fez.- digo comendo meu açaí, que inclusive estava uma delícia.

-Não, não é isso.- enche a boca de açaí.

-Tem certeza?- se cala.

A porta da loja de abre e eu sinto um vento gelado fazendo meu cabelo se mexer pra lá e pra cá. Deyse olha pra minhas costas e arregala os olhos, agarra minha mão fechando os olhos e aparecemos no banheiro.

-Tem um cara extremamente alto lá fora, ele entrou olhando justamente pra você, como se estivesse te procurando.- ela diz indo em direção a porta e abrindo uma pequena fresta e olhando.- ele tá vindo pra cá,  a gente precisa sair daqui.

-Como assim? Como você sabe que sou eu quem ele tá procurando? Não pode ser você ou outra pessoa?- pergunto com a mão na cintura.- E por quê teria alguém me procurando? Não faz sentido, vamos sair e ver o que é isso!- digo tentando passar por ela mas ela não deixa.

-Clary, eu sei do que eu tô falando. Eu vi como ele te olhou, e aquela altura não é a altura de um ser humano normal! Ele OBVIAMENTE tem poderes e não os conhecemos, você usou seus dois poderes e alguém pode ter visto! E existem seres programados para roubar poderes,  vamos sair daqui.- ela diz agarrando minha mão pra se teleportar mas eu puxo minha mão de volta .

-A gente precisa saber o que ele quer, se ele está atrás de mim.- a porta é aberta bruscamente.

-Te achei, boneca.

Dylan Daniel

-Temos um problema.- Mary entra na sala ofegante.

-O que aconteceu?- pergunto virando pra ela na cadeira giratória.

-Não sei como mas entrou um homem aqui, ele devia ter mais de dois metros de altura e disse pra gente parar de procurar pela Clary, ele disse que se continuarmos nós pagaremos com nossas vidas.- ela fala rápido.

-Como ele era?

-Parecia ter 2 metros e meio, tinha os olhos totalmente brancos e vestia um tipo de manta preta.

-Será que são Os Gwen?- pergunto coçando a cabeça.- Mal vimos essa garota e ela já tá problematizando um monte de coisa.

Suspiro, se forem Os Gwen nós estaremos entrando num beco sem saída, e se ela estiver sendo procurada por eles e estivermos atrapalhando, é provável que eles queiram nos tirar de visão. Eles são muitos e são fortes. Nós, somos apenas 3 e não daríamos conta deles sozinhos. Preciso pensar em algo pra não nos colocar em risco, mas também não deixar ela ser pega por eles.

-Vamos tentar encontrar ela, talvez ela saiba de algo.- Mary se senta ao meu lado.- Me conta o que você achou.

-Ela saiu com mais duas pessoas da boate, um menino e uma menina. Eles não entraram então provavelmente um deles dois tem poder de teleporte ou algo do tipo.- digo mostrando às imagens pra ela.

-Vamos ver, coloca o rosto deles no reconhecimento facial e se achar me fala que eu vou atrás.- termina de dizer e o alerta toca, movimentação sobrenatural no centro.

-Vou deixar rodando no reconhecimento facial, quando a gente voltar eu vejo se deu certo. - coloco rapidamente as fotos deles no computador e me levanto.- Vamos.