Cartas De Amor [KTH]

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16 𝐝𝐞 𝐀𝐠𝐨𝐬𝐭𝐨 𝐝𝐞 1972 [𝐩𝐨𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐯𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐁𝐞𝐥𝐥𝐚 𝐆𝐢𝐨𝐫𝐠𝐢𝐨]

Abri meus olhos lentamente sentindo a claridade magoa-los. Uma dor forte na minha cabeça me fez soltar um gemido leve que atraiu a atenção de alguém presente naquela sala.

Era uma sala branca e ampla, as luzes fortes me davam dores de cabeça e me perguntei onde estava. Estava confusa e minha mente vasculhava todos os requesitos possíveis de acontecimentos passados que me levaram ali, mas nada. Nada mesmo. Não havia respostas para tantas perguntas que eu estava fazendo a mim mesma, mas pensei ser só confusão.

—Ela acordou!– meus ouvidos capturaram o som de uma voz desconhecida no canto da sala e em poucos segundos a pessoa se aproximou da cama onde eu estava deitada.

—E-eu... onde estou?– minha voz sai mais baixa que o previsto e sinto minha garganta seca e implorando por água.

O homem do meu lado parece entender meu desespero e me entrega um copo com um pouco do liquido incolor para saciar minha sede. Paro uns segundos, com o copo de vidro em minhas mãos, e o observo mais atentamente.

Suas vestes pareciam novas, seu paletó estava arranjado demais para ter sido usado anteriormente e sua camisa branca não tinha nenhuma mancha ou até dobra que denunciasse o seu uso antecipado. Desviei meu olhar para o seu rosto, desconhecido para mim mas com uma proximidade familiar, como se minha mente não lembrasse dele mas meu coração dissesse que já vi ele em algum lugar. Os seus lábios finos mas rosados e lisos, sem nenhuma pele solta ou deformidade, estão entreabertos e soltam o ar com alguma dificuldade demonstrando um pouco do seu nervosismo. O seu cabelo é escuro e os seus olhos são da mesma cor, levemente puxados mas que atribuem um ar sério ao seu rosto, estão focados em mim sem pestanejar.

—Senhor Song, poderia se afastar por uns segundos, precisamos analisar a Senhora.–um homem mais velho, o qual descobri ser o médico pois usava uma bata branca e um estetoscópio ao pescoço.

O tal de "Senhor Song" se afastou um pouco mas não tirou sua atenção de mim, muito pelo contrário analisava tudo ao pormenor. O médico retirou o copo das minhas mãos e notei que as mesmas tremiam involuntariamente, comecei a sentir um frio incomum crescer em meu ventre e minha testa suava frio devido aos nervos. Estava confusa demais para fazer alguma pergunta, ou para pensar na razão para estar naquele quarto de hospital, não sabia quem eram aquelas pessoas e não havia nenhum indício que saberia tão cedo.

—Senhora Giorgio, está sentindo alguma dor?– o homem de cabelo grisalho e uma barba comprida da mesma cor, olhava em meus olhos através dos óculos de grau elevado.

—Não...onde estou?–mesmo depois de ter bebido água, minha garganta continuava ardendo, mas minha voz saiu mais firme que anteriormente.

—No hospital senhora. Sofreu um acidente e esteve desacordada por quatro semanas.– ele respondeu à minha pergunta com calma, como se tentasse amenizar tudo o que se havia passado e que eu não lembrava.