Cartas De Amor [KTH]

𝙸𝙸𝙸

12 𝚍𝚎 𝙹𝚊𝚗𝚎𝚒𝚛𝚘 𝚍𝚎 1971

Meu corpo ardia em um misto de raiva, ansiedade, nervosismo, dor. Estava cansada de tudo, fingir que aquela vida me agradava e tudo estava bem, estava me deixando exausta.
Olhar aquela sala de jantar cheia de pessoas falsas rindo umas das outras, como se tudo aquilo fosse agradável, me deixava enjoada.

Aquela típica vida em que tudo parece um mar de rosas, jardins com fadas e unicórnios, príncipes e princesas, tudo uma farsa! Um pano que esconde a crua e dura realidade, onde não há jardins, onde não existem unicórnios e onde os príncipes não salvam as princesas nem as amam até a eternidade.
No meio daquele jantar eu só sonhava com a tão esperada hora de ir embora para meu quarto e dormir em paz.

—Bella com certeza poderia ir ao jantar consigo, tenho a certeza que os sócios ficariam encantados ao ponto de aceitar tudo de bom grado.–ouvi meu nome sair da boca de Josh, marido de uma das minhas amigas, então prestei mais atenção na conversa que estava tendo com meu marido.

—Ela não gosta de me acompanhar, é chato demais para ela.– meu marido,  Joongki, respondeu de forma curta e direta como se aquele tópico não fosse de seu agrado.

Nunca era. A verdade, como sempre, nunca era contada. A razão pela qual eu não o acompanhava nos seus jantares multimilionários com os seus sócios era porque ele mesmo deixava claro não querer minha companhia.

—Seria um prazer tentar comparecer pelo menos uma vez.– ditei baixinho atraindo os olhares curiosos de Josh e os outros homens.

Senti, imediatamente, uma leve cotovelada no meu braço e encarei Sarah, minha melhor amiga. O seu olhar de repreensão pairava sobre mim como se eu tivesse ofendido alguém, porque não era novidade que as mulheres tinham de ser submissas aos homens e a minha atitude foi inadmissível. Todo aquele controle estava me deixando nervosa e irritada, mas como sempre, eu não poderia desfazer minha imagem de esposa perfeita e demonstrar que aquilo tudo não passa de uma fachada. 

O resto do jantar foi cheio de conversas para lá e para cá, conversas em que eu odiava participar, mas sempre era chamada para intervir. Minhas amigas falavam das noivas dos outros, como a mais recente Sr.Andrews que havia casado à uma semana com o tão cobiçado John Andrews. A vida de todas elas era tão desinteressante ao ponto de comentarem todos os meros detalhes da vida das outras mulheres da cidade.

Ah! Claro que também tiveram de dizer algumas palavras sobre a Vera, a pobre mulher que com os seus trinta anos continuava solteira, mesmo que ela dissesse estar feliz assim era alvo de piadas. Sendo sincera, quem dera a mim ter seguido o exemplo dela, teria aproveitado meus estudos na àrea da literatura e teria me formado, teria namorado vários homens, saboreado diferentes bocas e teria tido diversas esperiências; mas claro, eu como a mulher ingênua que sou deixei os encantos do vaidoso Song Joongki fazerem minha mente querer algo diferente, algo que mudou minha vida.