Ironicamente, a ideia inicial não tinha nada a ver com cerveja.
Eu queria desenvolver uma plataforma de EAD (ensino à distância) voltada ao mercado de auditoria de sistemas e consultoria de processos de negócio.
Afinal, eu havia passado os últimos anos atuando como consultor e auditor em grandes empresas como Michelin e EY, atendendo clientes como Vale, Petrobrás, Eletrobrás, Comitê Olímpico Brasileiro, Monsanto, GSK, Estácio de Sá, B2W e outras empresas listadas na bolsa de valores.
Com minha experiência em projetos complexos e com a ajuda de alguns amigos e ex-colegas de trabalho, minha visão era construir uma plataforma com conteúdo valioso, criado por profissionais experientes para outros profissionais ou estudantes recém-graduados.
Resolvi entrar em contato com alguns amigos.
Liguei para o Leo e o Trindade. Na minha cabeça, o Leo poderia criar um curso sobre Controles Internos, SAP ou Oracle. Já o Trindade poderia criar um curso sobre Análise de Dados utilizando o ACL, uma ferramenta para trabalhos de auditoria em bases de dados gigantes. Eu criaria um curso sobre Gestão de Mudança e Gestão por Processo, e, mais tarde, nós três poderíamos abordar outros assuntos em conjunto.
Ambos aceitaram o convite, e passamos a nos encontrar para discutir ideias e esboçar um plano de negócio.
A ideia era nos encontrarmos semanalmente, ou ao menos conversar via Skype uma vez por semana. Na época, todos tínhamos empregos e carreiras, e nem mesmo eu imaginava que, dentro de alguns meses, aquela não seria mais a minha realidade.
Passamos alguns meses nos reunindo quase semanalmente. Combinamos que começaríamos produzindo juntos o primeiro curso. O Trindade iria preparar alguns slides para um treinamento do tipo Fundamentos de Análise de Dados com ACL. A partir dessa experiência, aprenderíamos o caminho das pedras para produzir treinamentos online e poderíamos utilizar o aprendizado para produzir os próximos cursos de forma mais assertiva.
Paralelamente, entrei em contato com outros amigos que poderiam desenvolver treinamentos sobre outros assuntos, como Governança, Compliance, Auditoria Contábil etc.
A ideia era viabilizar a plataforma online, vender os treinamentos explorando o modelo de assinatura e dividir o resultado com os instrutores.
Nessa mesma época, eu tinha começado a ler o livro A startup enxuta, de Eric Ries, e estava encantado com a abordagem de prototipagem e pensamento enxuto que ele apresentava naquela obra.
Então, quanto mais eu avançava na leitura, mais queria colocar as ideias em prática, pois eu não pensava mais que precisava ter um projeto super detalhado, um plano de negócio muito bem elaborado ou mesmo muitos recursos financeiros para poder lançar um produto novo no mercado.
Eu sabia que precisava criar um MVP, um produto mínimo viável. Eu precisava criar um protótipo, algo simples, porém funcional, que me possibilitasse testar a ideia de negócio e colher feedback.
Comecei a buscar plataformas de EAD open source, como a Moodle, mas vi que o esforço de customização para atingir nossos objetivos exigiria muito trabalho. Então, passei a buscar outras soluções e encontrei uma plataforma chamada EADBOX. Era uma plataforma SaaS, ou seja, fornecia a estrutura sistêmica para que empresas de qualquer área pudessem criar seus próprios treinamentos para ensino à distância de forma fácil e intuitiva.
Fomos provavelmente os primeiros usuários dessa plataforma, pois lembro bem que, naquela época, éramos atendidos pelo fundador da empresa, atualmente CEO de uma startup de educação que levantou bastante capital no mercado nos últimos anos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
APA Puta Que Pariu, Como Troquei a Carreira Corporativa pela Cerveja
Non-Fiction"O Christian aborda muitos dos desafios enfrentados por um pequeno empreendedor em um país gigantesco e cheio de dificuldades como o Brasil. E temas que vão desde a escolha do nome para um negócio, criação de uma marca, protótipos, sociedade com ami...