A órfã

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Não esqueçam de clicar na estrelinha! Ajuda demais!

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- Ackerman!

Já havia passado cerca de cinquenta nomes quando finalmente alguém que Eren havia "conhecido" ali foi chamado. Os olhos dos presentes viraram-se todos naquela direção, ao ouvirem o sobrenome tão famoso através das caixas de som do teatro. Mikasa levantou-se de sua cadeira, se despedindo de Sasha, com quem havia conversado bastante, e dando um sorrisinho para o resto dos garotos. Eren se segurou para não corar novamente com a leve encarada da garota.

Mikasa sentiu todos a observarem subir no palco e andar até a coxia, por onde os candidatos estavam sendo conduzidos um por um quando chegava sua hora, mas já estava acostumada com atenção. Ela parou antes de sumir pelo corredor, falando para o staff que seu último sobrenome não era aquele e dizendo como queria ser chamada na próxima vez, fazendo com que o funcionário assentisse e se desculpasse pelo erro.

O corredor até a sala de ensaio não era longo e ela chegou no local cerca de dez minutos de caminhada desde a coxia. Pelo o que ouviu seus pais falarem, era a única sala que não estava ocupada por coisas do próprio teatro, então foi a única opção tirando o próprio palco e salas mais afastadas.

Quando chegou em frente a porta preta com uma pequena janelinha no centro, suspirou e fechou os olhos. Após preparar sua mente e seu corpo, tocou a mão na maçaneta e fez força para movimentá-la, dando passagem total para o interior da sala. O lugar era de tamanho médio, uma das quatro paredes era espelhada e as outras três eram brancas. Em frente ao espelho havia uma grande mesa onde Isayama, Levi e Erwin estavam, papéis com os dados dos candidatos estavam depositados em sua frente. O três sorriam para ela, o sorriso de seus pais muito mais brilhantes e confortantes que o do diretor, mas isso era normal para uma família.

- Olá, Mikasa - Isayama começou, quando ela terminou de se posicionar de costas ao espelho. - Fico feliz de ver você aqui.

- Obrigada, senhor - preferiu ser mais formal, já que aquele era um trabalho e não uma festinha qualquer. - Irei começar minha apresentação agora, se permitirem - os três assentiram e ela iniciou.

Atuar era algo natural na vida da garota, talvez porque crescera em uma família de atores e tivera a oportunidade de frequentar diversos sets de filmagem enquanto seus pais estavam gravando algo. Desde pequena fora incentivada a fazer papéis em filmes, séries e peças, tanto que sua primeira atuação foi quando tinha apenas nove meses de vida. Ser uma personagem de destaque em "Full House" fez com que sua carreira fosse estável e sempre iria agradecer a seus pais por permitirem que isso acontecesse.

Nunca teve problemas com a vida de atriz, Erwin e Levi faziam questão de sempre visar primeiro sua saúde física e mental antes de qualquer coisa. Desde que tinha consciência, era ela quem decidia se iria fazer ou não algum trabalho, nunca foi pressionada a nada. Sua infância foi normal para uma garotinha americana: ia para a escola, brincava com seus amiguinhos, saia com seus pais, tudo o que uma criança fazia normalmente; a única coisa que a diferenciava das demais vidas infantis era o fato de ter que gravar programas televisivos em alguns fins de semana.

Ao olhar para trás, Mikasa sabe que não tinha do que reclamar. Sempre fora amada e bem cuidada, tinha carinho, amor e atenção o suficiente para crescer bem. Aprendeu a andar de bicicleta, a nadar, a desenhar, a escrever, a ler, entre outras coisas, apenas com a ajuda de seus pais, os quais sempre a colocaram em primeiro lugar em suas vidas e nunca a deixaram nas mãos de babás ou conhecidos, apenas quando os dois precisavam se ausentar e não restava escolha. Ela lembrava de chorar agarrada aos pés de seu papai Erwin ou nos braços de seu pai Levi apenas para não os deixar ir embora, as vezes fazendo com que em diversas premiações importantes ela estivesse de vestidinho rodado e tiara na cabeça enquanto dormia no colo de algum de seus responsáveis (havia filmagens e fotos para confirmar isso, sua favorita sendo a de quando Levi ganhou um Oscar e Erwin estava sentado na plateia dando mamadeira para uma pequena Mikasa de dois anos). Uma coisa importante, isso aconteceu ali naquele mesmo teatro.

Ela conhecia sua história, sabia que biologicamente era irmã de Levi e que não tinha grau de parentesco sanguíneo com Erwin, mas isso não importava nem um pouco para si. Eles nunca mentiram, desde cedo contaram que sua mãe morrera ao dar a luz e que foi pega por um Levi de dezoito anos sem qualquer preparo, mas que com a ajuda do namorado Erwin conseguiu florescer um belo e educado broto de flor.

Os dois eram a vida de Mikasa e ela não conseguiria viver sem tê-los ao seu lado. Levi e Erwin estiveram presentes em todas as suas fases, quando aprendeu a falar, a andar, a pintar dentro das linhas, a manusear uma tesoura; eles sempre estiveram dando todo o seu apoio. Foi Erwin que tirou as rodinhas de sua bicicleta e segurou seus ombros até que conseguisse ficar em pé sozinha, e foi Levi que veio correndo com bandaids da Hello Kitty e um punhado de beijos quando ela caiu e ralou o joelho cinco minutos após o papai a largar em cima do pequeno veículo cor de rosa.

As pessoas achavam que sua relação com Levi era mais forte que sua relação com seu outro pai, devido ao mesmo sangue correr por suas veias, mas não era bem assim. Claro, foi o ex Ackerman que resolveu cuidar dela quando sua mãe morreu, que mesmo com pouca idade tomou uma responsabilidade tão grande para si apenas para não permitir que ela fosse levada para longe e ela o amava muito; mas Erwin também era importante e nada poderia mudar isso.

Erwin era seu herói, seu porto seguro, foi aquele com quem ela buscava apoio quando Levi não a deixava comer chocolate antes do jantar, foi ele que sentava ao lado de sua cama e lia compassadamente algum livrinho infantil, foi ele quem construiu uma casa na árvore inteira para ela no quintal só porque ela havia visto uma em um livro, foi ele que a carregou nos ombros quando passeavam em um dos parques da Disney porque ela era pequena demais para ver os fogos do castelo da Cinderela em meio a uma multidão, foi ele que criou uma criança desde pequena mesmo não tendo nenhuma responsabilidade legal de acordo com a lei.

O sonho dela era poder ter o sobrenome Smith em seu próprio nome, era ter que parar de dizer em todos os lugares que ia, os quais sempre se baseavam em sua identidade legalizada, que seu nome completo era Mikasa Elisabeth Ackerman Smith e não apenas Mikasa Elisabeth Ackerman. Entretanto, era muito difícil conseguir mudar seu documento de identificação ali nos Estados Unidos; da última vez que seus pais consultaram, isso levaria mais alguns anos. Mas ela esperaria uma vida toda se fosse para ter a posse daquele sobrenome algum dia.

Naquele momento, proferindo as palavras escritas no script que imprimiu, podia sentir os olhares de orgulho vindos daqueles dois homens que fizeram sua vida ter o brilho que tinha. Quando terminou a cena descrita na impressão, voltou seus olhos para a mesa. Isayama estava encantado como sempre, ele que pediu para que ela viesse para os testes, Erwin tinha um sorriso enorme e orgulhoso nos lábios, e Levi estava com lágrimas nos olhos, sendo sempre o mais emocional de todos.

- Você foi perfeita, Mikasa - foi Erwin quem disse, fazendo-a sorrir e sentir um calor em seu peito, ela amava fazê-lo se sentir orgulhoso de si. - Como sempre.

- Não deveria estar falando isso agora, mas tenha certeza de que irá ser chamada na próxima semana! - Isayama disse, esquecendo de todo o lado profissional. - Eu sabia que você não iria decepcionar! - ela agradeceu, virando para seu pai.

- V-você é tão incrível - foi o que Levi disse, tentando segurar as lágrimas. Ver Mikasa adquirir aquele talento para atuação era um dos motivos da felicidade do baixinho. Ela sorriu mais, sentindo que se não se segurasse choraria junto. Mikasa daria o mundo para ver Levi feliz.

- Você está dispensada - Erwin disse, ainda com aquela mesma feição de alegria. - Vá para casa e cuide de sua irmã. Não sabemos se vamos almoçar juntos hoje - ela assentiu e os cumprimentou antes de sair pela porta.

Quando saia do estacionamento subterrâneo, dentro do carro de sua família onde o motorista de seus pais dirigia, deu mais uma olhada no esplendoroso teatro. Um flashback de sua jornada até ali surgiu e ela sorriu enquanto fechava os olhos.

Ela amava sua vida.

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Olá! Desculpa pelo capítulo curto, resolvi fazer um especial para a Mikasa e para a Sasha, então cada uma vai ter um capítulo separado para contar sobre sua história de vida.

Espero que tenham gostado mesmo tendo sido menor que o capítulo anterior, deem suas opiniões nos comentários e favoritem com a estrelinha para dar um pequeno apoio :)

Até a próxima!

Lembrando!!! Algumas personalidades foram modificadas e algumas foram mantidas!


Light, Camera and Titan!Onde histórias criam vida. Descubra agora