1. Verônica

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Os casacos de tricô
de Leo Valdez

Ou

Pode não parecer, mas
isso aqui é uma fanfic
de família

Vovó costumava dizez que para vivermos em paz, precisamos levar duas ou três pessoas para o caixão.

Quando tinha meus quinze anos e era uma doce e inocente garotinha abestalhada que só queria ir ao shopping comprar sapatos, achava tudo isso uma balela completa. Sério. Podemos dizer que eu vivia em um mundo cor-de-rosa onde os deuses peidam perfume e os passaros cantam como se estivessem na porra de um filme da disney.

Parece que fazem séculos toda essa época de paz e calmaria.

Bom, certo, nem tantos séculos. Estou apenas sendo dramática ── isso acontece com frequência assustadora ──. Na verdade, passaram apenas dois anos desde que a maldita vendedora da loja e o seu projeto de pinscher dos infernos apareceram para acabar com a minha paz duradoura.

É, senhora e senhores, sempre, sempre, desconfiem de cãezinhos com rostinhos fofos. Vai que ele seja o animalzinho de estimação da Samara?

Agora, no auge dos meus dezoito anos recém completos ── Sim, vadias, agora eu posso ser presa e dirigir! (Embora eu confesse que puxei os dons questionáveis de vovó no volante) ──, as coisas estão relativamente mais calmas.

Não calmas, calmas, calmas. Apenas... calmas.

Nunca pensei que diria isso, mas na semana passada, quando Leo e eu tinhamos acabado de arrumar todos os móveis da nossa mudança para o apartamento de tamanho médio em Nova Roma ── papai me deu de presente de aniversário (o mortal, o único tipo de coisa que Ares poderia me dar são úlceras de ódio) ──, estavamos deitados na cama olhando para o teto e sem fazer nada quando cometi o erro de dizer aquelas palavrinhas amaldiçoadas pelo universo:

── Acho que agora as coisas vão dar certo para nós.

Ele riu, os cachinho meio suados pelo esforço de carregar uma infinidade de caixas até o apartamento no sexto andar e depois montar os móveis. Ainda sim, o Garoto em Chamas parecia feliz em ter se mudado. E, bem, eu confesso ter ficado radiante quando Leo aceitou o meu nada discreto pedido de vir morar comigo. Não foi bem um convite, na verdade eu diria que pareceu mais um tipo de sequestro consentido, mas tudo certo.

── Nós já arrumamos tudo, não arrumamos? ── ele perguntou retoricamente, virando de lado para ficar frete a frente comigo, eu repeti o gesto. ── Não sei se as coisas vão dar certo, mas nós bem que poderiamos aproveitar o tempo sem Quíron ou outro campista para nos vigiar e, você sabe, Mamacita. Desarrumar um pouco as coisas...

Naquela hora passei as mãos envolta da cintura dele, entendendo exatamente o que desarrumar as coisas significava. Nós giramos na cama, rindo como adolescentes hormonais. Depois disso...

Depois disso... depois disso não interressa. Isso aqui é uma fanfic de família, não um cabaré. Eu ein, bando de gente safada.

Onde já se viu! Seus pais sabem que você lê esse tipo de coisa?

Voltemos ao assunto principal... onde eu estava mesmo? Ah, sim! Lembrei.

Minha infinita burrice em dizer que as coisas iam dar certo. Onde já se viu uma pessoa que, literalmente, embarcou num navio mágico rumo à Grécia e lutou contra a Rainha da Sucata e seus minions roxos pensar nesse tipo de coisa. Essa gente inventa cada coisa. É cientificamente comprovado pela faculdade não preciso de fontes, a fonte sou eu que em cem porcento das vezes que algum idiota usa essa frase ou qualquer derivado dela ── como "isso não pode piorar", por exemplo ── as coisas ficam muito, muito ruins logo em seguida. E tudo ficou ruim muito mais rápido do que imaginei ser semideusamente possível.

𝕱𝖆𝖙𝖊 • 𝐩𝐣𝐨 𝐞 𝐡𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora