5. Verônica

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"Os tomates são a revolução"

Desde sempre a humanidade foi marcada por dúvidas terríveis, o ser ou não ser, o bem e mal, e etc, etc. As vezes eu tenho esse mesmo problema, tomar decisões difíceis sempre me faz quebrar a cabeça em busca de uma resposta.

Nem sempre acertava a escolha e na maioria das vezes acabava arrependida delas, para ser completamente sincera comigo mesma.

Eu pensava nisso enquanto olhava os vidrinhos de esmalte coloridos enfileirados sobre a cama, os palitinhos junto ao algodão pareciam me julgar pela demora na escolha. Os filhos de Hefesto que passavam pelo chalé realmente estavam me julgando, fosse por estar ali no chalé deles ou por agir como se a cama onde estou sentada fosse a minha própria.

Em teoria ela é. Leo e eu gostamos de brincar sobre sermos um casal de velhos casados com comunhão de bens.

Falando no Garoto em Chamas, ele estava sentado numa das mesinhas cheias com peças e mais peças na lateral do lugar. Construindo algo incrível que não sei exatamente o quê é ── mas tenho certeza absoluta sobre ser incrível, tudo que ele constrói é incrível ──.

Anos e anos e os rebentos do corno divino ainda não conseguiram se acostumar com a minha recorrente presença aqui, bom, paciência. Já diriam os meus irmãos: atura ou surta.

── Vermelho ou bege? ── perguntei, alto o suficiente para Leo ouvir à distância.

── Vermelho? ── respondeu meio perguntando, erguendo os olhos da máquina estranha. ── Vermelho é bom.

Concordei, fazia algum tempo que parei com a birra estranha sobre vermelho. Tirei da filheirinha organizada os cinco tons que tinha, decidindo escolher de forma muita madura qual deles usar: uni, duni, tê.

Peguei o vidrinho escolhido, chacoalhando antes de abrir e me esticar para começar a pintar as unhas dos pés. Tinha pego umas ferramentas curtinhas da caixa de ferramentas, colocando-as entre meus dedinhos para evitar borrar o esmalte, subistituindo minhas esponjinhas de pedicure cujo paradeiro é desconhecido.

── Ela precisa mesmo ficar aqui o dia inteiro? ── um rebento alto e forte, com o rosto meio torcido de desagrado e com as mãos sujas de graxa perguntou à Leo.

Sequer parei a tarefa árdua de preencher cada cantinho da unha com o esmalte, levando o palito enrolado em algodão para limpar o excesso nas bodas.

Essa era a parte boa do Garoto em Chamas ter sido escolhido como conselheiro-chefe do chalé: ele mandava nesse galinheiro. Nenhum dos seus irmãos negava qualquer coisa que Leo fazia, talvez por respeito ou medo, talvez porquê o meu namorado maluco tenha se explodido para salvar o acampamento na guerra contra Gaia ── uma nova úlcera se cria toda vez que lembro da raiva que passei na época morto-vivo do Valdez ──.

── Precisa. ── o Valdez flamejante murmurou, franzindo a sobrancelha ao ver as peças sobre a mesa. ── Viu onde está minha chafe inglesa, Tomatinho?

Ergui o dedo, fazendo a dita ferramenta levantar voo e passar sobre os meus amáveis cunhadinhos, eu posso ou não tê-la feito bater na cabeça do idiota que queria me expulsar no processo, mas isso são apenas boatos não comprovados as quais negarei até a morte.

Nisso, Nysa entrou no chalé com a habitual feição carrancuda, alheia a todas as coisas enquanto mexia nas enfrenagens de um relógio de pulso. Passando os olhos no cômodo até chegar ao irmão flamejante.

── O chalé cinco desafiou os filhos de Apolo pra um jogo de futebol americano. ── Tinha escutado Octávia e Clarisse falando sobre isso com, literalmente, qualquer pessoa que aparecesse nas suas frentes. Elas duas estavam levando a sério o negócio de ganhar ou morrer. ── Ouvi dizer que os filhos de Ares vão usar sapatos com sola de metal.

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⏰ Última atualização: May 30, 2021 ⏰

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𝕱𝖆𝖙𝖊 • 𝐩𝐣𝐨 𝐞 𝐡𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora