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A PEQUENA CIDADE AO SUL DO PAÍS DA ROCHA estava localizada entre dois planaltos escarpados, e era circundada por uma floresta verde e densa

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A PEQUENA CIDADE AO SUL DO PAÍS DA ROCHA estava localizada entre dois planaltos escarpados, e era circundada por uma floresta verde e densa. As casas, construídas a partir da mesma rocha ocre dos planaltos, amontoavam-se nas orlas das ruas compridas e labirínticas numa profusão estranhamente harmônica.

Havia lojas, restaurantes, boticários e muito mais. Pessoas transitavam entre os estabelecimentos diversificados; famílias, casais e um ou outro transeunte solitário. Agora, o final da tarde se aprofundava num pôr-do-sol de cores vívidas, tingindo os telhados achatados de pedra bem como as ruas pavimentadas de um alaranjado intenso.

Apesar de haver percorrido a maior parte da cidade nas últimas horas, vagando de rua em rua sem se prender a uma destinação específica, Sakura descobriu que continuava se sentindo irritada. E frustrada. E triste.

Detendo-se, ela se virou para trás, para o caminho íngreme que percorrera. Ergueu o rosto para o céu vermelho do ocaso. E suspirou. Ainda não se sentia pronta para voltar ao acampamento, mas sabia que continuar a adiar aquilo seria infantilidade de sua parte.

Então, refez todo o percurso que fizera hora atrás enquanto, finalmente, desistia de represar os pensamentos que, antes, quase a haviam consumido: a sua primeira briga com Sasuke tinha acontecido mais cedo naquele dia.

Quem diria que os dois seriam capazes de se desentender como qualquer outro casal, ela ponderou. Se fosse honesta consigo mesma Sakura quase não conseguia se recordar de toda a discussão. Nem mesmo quando o pequeno conflito de ideias tornou-se uma briga. Quem erguera a voz para o outro primeiro. Sakura meneou a cabeça com tristeza. Não, essa com certeza fora ela.

Em algum momento, a frustração de Sakura forçou-a a dizer palavras que não pretendera, então ela terminou chamando-o de idiota insensível, enquanto girava o corpo e se afastava do acampamento com passadas duras:

— Você nunca me escuta! — dissera, as costas viradas para ele, antes de desaparecer entre as árvores altas de raízes sobressalentes. — Preciso de um tempo sozinha para pensar! — gritara como um aviso para que não fosse seguida.

As faces de Sakura queimavam com as lembranças da briga inundando-a. De cabeça baixa, seguia pelas ruas da cidade, os olhos pregados aos pés que mantinham um ritmo contínuo.

Logo, viu-se cercada pela floresta outra vez; árvores centenárias assomavam sobre Sakura, as copas entrelaçadas vedando o pouco que ainda restava de luz do sol e impedindo-a de penetrar na mata. Um tapete úmido de líquens e folhas em putrefação forrava cada centímetro do solo, inclusive as grandes raízes sobressalentes que se erguiam como tentáculos incontroláveis a partir dos troncos escuros e antigos.

Por fim, encontrou a clareira onde acampavam há dois dias. Flores miúdas e alvas cresciam em profusão na região, pintalgando de branco o verde-claro da relva. As chamas de uma fogueira ardiam tênues no centro da clareira, sobre um círculo de terra e seixos.

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