O primeiro beijo. A primeira discussão. A primeira noite. A primeira promessa e o primeiro voto. Todas as primeiras vezes de Sasuke e Sakura como casal durante aqueles meses em que viajaram juntos.
E os últimos obstáculos intangíveis - como timidez...
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SAKURA PRENDEU A MENSAGEM EM UMA das garras do falcão.
A ave, empoleirada sobre o braço de Sasuke, permanecia imóvel e tranquila enquanto o pequeno pergaminho era delicadamente atado com uma fita à sua garra. Feito isso, Sakura afastou-se e Sasuke comandou o animal para que partisse.
O falcão estendeu as asas majestosas, abrindo-as antes de impulsionar o pequeno corpo para cima. Sasuke ajudou-o com um movimento do braço, enviando-a em direção ao céu límpido da tarde.
Sakura sombreou os olhos com a mão para assisti-lo diminuir até desaparecer das suas vistas, um ponto minúsculo no horizonte. Umedeceu os lábios e, devagar, abaixou o olhar até Sasuke. Seu marido. A palavra ainda fazia com que o seu coração pulasse no peito.
— Acha que eles ficarão chateados?
Sasuke averteu o olhar do céu para olhá-la, um ar especulativo no rosto.
— Digo, o Kakashi-sensei e o Naruto... — explicou-se, prendendo o lábio inferior entre os dentes. — Acha que ficarão chateados por termos nos casado sem convidá-los? — Nem mesmo se deram ao trabalho de contar a eles que pretendiam se casar, Sakura refletiu, mas não disse aquela última parte em voz alta.
Sasuke deu de ombros. Como se as reações de Kakashi e Naruto às novas do casamento — repentino — deles fosse a última das suas preocupações, o último item no final da sua lista de prioridades.
Sakura reprimiu o súbito impulso de rir. Ao mesmo tempo, lutava contra o instinto recorrente de beliscar a si mesma para se assegurar de que não estava sonhando. Se não desconfiasse que Sasuke poderia flagrá-la, ela o teria feito pelo menos uma dúzia de vezes nas últimas horas.
E, ainda assim, não dava sinais de que despertaria daquele sonho tão cedo. Estava mesmo casada com Uchiha Sasuke, o único que já amou, o único que sempre ocupou o seu coração.
A cerimônia íntima que os oficializara como marido e mulher havia sido realizada horas atrás em um templo nas montanhas. Então, ela se tornara Uchiha Sakura e a novidade ainda era capaz de deixá-la sem fôlego.
Um tempo depois, eles voltaram a se mover, seguindo viagem e deixando as montanhas acastanhadas de picos oblíquos e nevados cada vez mais para trás. Sakura reprimiu um sobressalto — e mais tarde um sorriso bobo — quando sentiu a mão de Sasuke buscar pela sua, envolvendo-a em um enlace doce.
Lado a lado, desceram o aclive pedregoso, adentrando um grande despenhadeiro de rocha nua avermelhada. Lá embaixo, no vale, uma floresta de bordos emergia, as folhas de um rubro tão intenso quanto belo.
Sasuke estagnou a beira da ravina, absorvendo tal como Sakura a vista privilegiada do panorama que tinham dali de cima. Havia inúmeras quedas d'água que enchiam uma parte do vale com neblina e mistérios. Rios afluíam vale adentro, verdadeiras fitas prateadas e serpenteantes que rebrilhavam sob o sol vespertino. Desaparecendo por vezes na mata fechada, eles reapareciam lá longe.
