Jeongguk sentia-se agradecido pelas horas que trabalhou na horta com sua avó e pelas sacolas pesadas que seu avô o fez carregar para lá e para cá no pequeno armazém que a família Jeon mantinha em Hahoe. Devia os músculos dos seus braços a isso e, pela primeira vez, ele percebeu o motivo de ser importante ter ao menos um pouco de força muscular: para poder carregar duas malas pesadas e cheias de roupas, além de uma mochila nas costas por tempo indeterminado.
Apesar de conseguir segurá-las sem muita dificuldade, havia uma diferença entre "ter que levar todo aquele peso para algum lugar e deixá-lo no chão", e "ter que carregar as malditas malas por duas horas seguidas". Suas mãos já doíam, suas costas estavam tensas, seu trapézio reclamava e deuses, ele só queria uma cama quentinha e várias horas de sono.
Tudo teria ficado bem se tivesse ido direto para o apartamento onde moraria em Seul. Porém aquela quantidade imensa de placas e sinalizações na estação, coisas com as quais não estava nem um pouco acostumado, confundiram-no e, bem, Jeongguk acabou pegando o metrô no sentido errado.
Não fazia nem uma hora que estava em Seul e ele já havia se perdido.
Ele até tentou voltar para a estação anterior, mas o tempo foi se passando e Jeongguk percebeu que não fazia a mínima ideia de onde estava. Ele podia simplesmente perguntar para alguém — parecia ser a atitude mais óbvia —, mas sua timidez misturada de um orgulho idiota o impediram de pedir ajuda.
Depois de sair de um metrô cheio, Jeongguk quase chorou ao achar um banco livre para se sentar na estação, livrando as mãos do peso das malas. Olhou para elas, vendo as marcas vermelhas causadas pelas alças, e suspirou alto, abrindo e fechando os dedos para facilitar a circulação de sangue. Após ter certeza que ainda as sentia, colocou a destra no bolso e retirou dali um papel dobrado, abrindo-o com cuidado. Era a pequena explicação de como chegar em seu novo apartamento que sua avó havia lhe feito — a Sra. Jeon havia escrito um passo a passo, preocupada demais que o neto se perderia na cidade grande.
Ah, se ela soubesse que Jeongguk não fazia a mínima ideia de onde estava naquele momento...
Se ele fosse ser sincero, Jeongguk se sentia ansioso.
Quando a ideia de ir para Seul surgiu, ele já sabia que não conseguiria manter um apartamento sozinho, pois além de pagar a faculdade, teria que arcar com o aluguel por conta própria. Então procurou por quartos compartilhados na internet, com a divisão do aluguel por mais de uma pessoa. Foi assim que achou Choi Jaehwa, uma velha senhora perto dos seus sessenta anos que alugava quartos para garotos em um prédio pequeno que mantinha nas periferias de Seul.
Jeongguk morou com seus avós sua vida inteira. O máximo que já experienciou foi amigos dormirem por um dia ou dois em sua casa, mas fora isso, o conforto da sua família e a monotonia da rotina sempre esteve consigo. Ele jamais se imaginaria dividindo uma casa com pessoas desconhecidas, porém era exatamente isso que ele estava se dispondo a fazer.
De acordo com a Sra. Choi, o local era um pequeno prédio de três andares, onde seis garotos, além dela, moravam. Jeongguk ficaria no mesmo andar com mais três deles, já que era o único com quarto disponível.
E era por isso que ele estava com altas expectativas, o que apenas aumentava sua aflição interna.
Jeongguk podia lidar com uma pessoa desconhecida. Duas era um pouco mais difícil, mas ele ainda podia aguentar. Agora três? Ao mesmo tempo? Isso que ele estava ignorando as outras três que moravam no outro andar. Era algo que ele estava evitando pensar. Sua timidez o deixava preocupado. E se ele não conseguisse falar com nenhum deles? E se não gostassem dele? E se tirassem sarro de seu sotaque forte do interior?
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Nesse apartamento - taeyoonkook
FanfictionJeon Jeongguk cresceu em uma pequena vila da Coreia do Sul. Ao completar seus dezenove anos e se mudar para Seul para estudar, ele acaba parando em uma república, em um quarto compartilhado com mais três garotos. Como se já não bastasse um deles, Mi...