O lado escondido de Jeongguk

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— Você não tinha que estar no ensaio, hyung? — perguntou Jeongguk, quando passou pela sala de estar e encontrou Jimin deitado no sofá.

O Park grunhiu, encolhendo-se.

— Estou esperando o Hoseok sair para eu poder sair, também.

Por quê?

— Nós não estamos nos falando ultimamente, sabe...

Jeongguk já havia percebido, lógico. No dia que ele havia se mudado, a tal briga havia acontecido. Muito tempo havia se passado depois disso, porém. Um mês não parecia muita coisa, mas em um relacionamento, principalmente em um em que ambos moravam no mesmo prédio, era muito.

Jeongguk entendia. Porque, na realidade, ele estava evitando sair em horários que sabia que provavelmente encontraria Taehyung. Ele não queria falar com o outro. Se pudesse ter sua presença escondida para sempre, não se importaria.

Seu passado com Taehyung era estranho. Estranho, porque não tinha outra palavra para ser utilizada. Jeongguk não conseguia nem ao menos descrever.

Ele ainda se lembrava de quando tinha perto de seus onze anos, e estava andando pelas ruas de Hahoe. Estava entediado — todos seus amigos estavam ocupados, seus avós estavam trabalhando, e Jeongguk não tinha muito o que fazer. Já era férias e a pequena escola fechava durante o período do verão.

Sem muitas escolhas de como se distrair e triste, por não poder fazer o curso do contraturno de desenho nas férias, Jeongguk se viu caminhando por quase uma hora, por todas as ruas já conhecidas por si.

Às vezes aquela rotina o sufocava. A palavra rotina em si o deixava irritado. Odiava coisas repetidas, odiava ter que viver os mesmos dias iguais. Achava que aquela quarta-feira pacata seria que nem o dia anterior — que só iria até a venda do sr. Kwon comprar um sorvete, andaria pela trilha ao lado da cidade, e depois voltaria para casa, para ajudar os avós com a janta.

Então, ele viu um rosto desconhecido. Não era que Jeongguk conhecesse e soubesse o nome de todas as pessoas da vila, mas ele sabia dizer quem era e quem não era dali. Era um garoto de pele bronzeada, cabelos castanhos e lisos, o rosto cansado, provavelmente porque havia acabado de chegar de viagem — as malas grandes que retirava de dentro do carro estacionado na frente da casa da sra. Kim confirmavam as hipóteses.

A sra. Kim era uma mulher de idade, com os cabelos brancos, que mantinha uma floricultura em Hahoe. Jeongguk sabia que ela e seu marido moravam sozinhos ali, apesar da idade, e nunca havia visto outras pessoas os visitando até aquele dia.

Era sua filha, o genro e os netos.

E um desses netos era Taehyung.

A notícia de pessoas de fora na vila se espalhou rapidamente. Como era um lugar pequeno, todo mundo sabia de todo mundo. E logo as crianças curiosas, incluindo Jeongguk, passaram a observar a rotina da família desconhecida.

Jeongguk acabou conhecendo Taehyung em um dia que sua avó lhe pediu para ir até a loja da sra. Kim comprar flores. Quando chegou lá, sem encontrar ninguém para atendê-lo, Jeongguk passou a olhar os arranjos que estavam dispostos delicadamente em várias prateleiras.

O que você está fazendo aqui?

Uma voz atrás de si o fez virar com velocidade, assustando-o.

Era o garoto da pele bronzeada. Apesar de aparentar estar entrando na adolescência, algumas espinhas no rosto, era bonito, de uma beleza que Jeongguk nunca havia visto antes.

Vim comprar flores — respondeu Jeongguk, por fim.

O neto da sra. Kim olhava-o intensamente. Olhos grandes, Jeongguk pensou. Eram firmes ao ponto de deixarem-no desconcentrado e nervoso, e Jeongguk quase se viu tropeçando no meio da loja quando começou a se sentir incomodado com o peso do olhar sobre ele.

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⏰ Última atualização: May 05 ⏰

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