Dez

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Percy nunca descobriu de onde veio a coragem de insinuar que eles estavam indo à um encontro, mas não reclamaria tanto, pois graças a ela, Oliver e Percy passaram os últimos dias do sexto ano muito mais próximos do que antes. Aproveitaram que não haviam mais exames importantes e nem quadribol e apenas andavam juntos nos finais da tarde perto do lago, conversando sobre o que esperavam dos N.I.E.Ms no semestre que viria, o que esperavam da vida pós-Hogwarts e todo tipo de coisa. Oliver queria mesmo era perguntar o que poderiam esperar deles. 

Haviam ido à Hogsmeade, passeado pelo vilarejo, comido alguns doces e aproveitado a cerveja amanteigada que os sextanistas já podiam pedir.

Eles também passaram a aproveitar qualquer oportunidade para se tocarem. Percy sempre esperava Oliver para descer para o café da manhã e eles se sentavam lado a lado, tão perto que algumas vezes não podiam nem sequer usar os dois braços para não atrapalhar o outro ao seu lado, mas mesmo com tudo isso, eles não se beijaram. 

Oliver dizia que tudo bem, porque ele também não queria apressar as coisas, mas a verdade é que ele se sentia tão nervoso quanto Percy Weasley. Talvez não tanto porque já havia beijado alguns garotos e tinha plena certeza que esse não era o caso do ruivo. Mas Oliver nunca havia beijado Percy e isso já era motivo o suficiente para que suas preocupações fossem levadas a sério.

Quando o ano encerrou – com Oliver e Percy juntos na mesma cabine durante a viagem de oito horas até Londres, eles passaram a trocar cartas quase todos os dias e Percy percebeu, com um certo aperto no peito, que palavras escritas em um pergaminho velho não eram o bastante. Ele gostava de ter Oliver tagarelando no seu ouvido o dia inteiro nem que fosse reclamar no fim sobre isso. 

 Foram tantas cartas que a família Weasley começou a notar e quando Percy deu de ombros e disse, fingindo indiferença que era apenas "seu amigo Oliver Wood", Fred exclamou.

– Não é possível! Oliver ainda não percebeu como você é chato? 

– Será que Oliver ainda não percebeu que você é um batedor horrível? – Retrucou o mais velho no tom que mais usava com os irmãos mais novos: puro desinteresse.

– Como se você entendesse algo sobre quadribol, Perce – defendeu George. 

– Tem coisas óbvias até mesmo para os leigos como eu.

Ele tentou comer seu almoço o mais rápido que pôde e voltou para o seu quarto. Puxou a gaveta onde guardava as cartas de Oliver e releu uma por uma, tentando identificar algum sinal, mesmo que pequeno, de que o goleiro pudesse estar percebendo o quanto Percy era maçante, porque era mesmo apenas questão de tempo até que ele se desse conta. Mas Percy não encontrou nada. Apenas Oliver finalizando suas cartas com perguntas como se tivesse alguma chance de Percy não respondê-las mesmo que não as houvesse. 

Tinha 17 anos e ainda deixava seu irmão caçula mexer com a sua cabeça. 

Mas o que ele podia fazer quando o que Fred dizia em seu tom zombeteiro de sempre era nada mais nada menos do que aquilo que Percy mais acreditava que iria acontecer eventualmente, mas tinha medo de dizer em voz alta? 

After The Game I PERCIVEROnde histórias criam vida. Descubra agora