After The Game I PERCIVER

Oito

O time da Grifinória estava treinando desde que o sol nasceu. Ou era assim que o capitão do time se sentia. 

E ele não havia conseguido defender uma única goles de nenhuma de suas três artilheiras. 

Como conseguiria se sua mente estava no garoto ruivo com os olhos azuis mais bonitos que o jogador já vira? Mais especificamente, trabalhando para tentar descobrir em quem estes mesmos olhos estavam pousados naquele momento. 

Quando mais uma das goles de Katie Bell passou por baixo de suas pernas, ele desistiu. 

– O treino está encerrado – disse ele assim que seus pés encostaram no chão. Oliver apenas deixou que sua vassoura caísse e sem se preocupar em quem estava encarregado de arrumar os equipamentos naquele dia, ele abandonou o campo. 

Ele tentou, ele realmente tentou, mas fazia uma semana que ouvia Ginny Weasley rindo com os gêmeos sobre "Percy ter uma namorada". Na primeira vez ele apenas riu, porque é claro que isso não era possível. Percy e ele eram amigos e colegas de dormitório. Se ele tivesse uma namorada, é claro que Oliver saberia. Não é?

Sem contar que após aquele momento no banheiro alguns dias atrás, Oliver pensou que, bem, talvez, apenas talvez, Percy Weasley estivesse sentindo o mesmo que ele.

Oliver sabia que o ruivo sempre fora muito mais fechado e complicado, mas isso não impediu que eles se aproximassem assim como não impediu que Oliver Wood se apaixonasse por ele. Oliver sabe que gosta de garotos desde seu segundo ano quando Charlie Weasley veio trazer a notícia de que ele tinha entrado no time de quadribol da Grifinória e Oliver, pela primeira vez na vida, ficou mais animado com o mensageiro do que com a mensagem. Não foi tão rápido assim para saber que gostava de Percy no entanto. Primeiro ele admitiu que se sentia atraído pelo amigo. Aconteceu no quarto ano quando Percy passou a ajudá-lo nas disciplinas que tinha dificuldade. Percy sempre olhava para ele por cima de seus óculos, revirando os olhos para as piadas sem graça que o jogador insistia em contar, mas mantendo um sorriso pequeno nos lábios. É, Oliver não tinha como não notar. Mas quando Percy parou no meio do campo de quadribol apenas por ele e deu aquele sorriso de lado enquanto o vento bagunçava seus cabelos e o encarou... Oliver soube, ele apenas soube que não estava apenas atraído pelo seu amigo. Mas Percy sempre foi cercado por uma muralha de proteção muito alta que Oliver, naquele momento, não achava estar nem na metade da escalada que era necessária para conhecer Percy Weasley, então ele nunca soube se poderia dar um passo adiante ou não. Às vezes achava que sim, às vezes achava que não e tinha medo demais de fazer algo e não apenas ser rejeitado, mas perder o seu amigo também. 

Até Oliver ver os dois juntos. O jogador praticamente queria que tivesse visto os dois se beijando ou se agarrando pelo castelo ao invés de apenas encontrá-los conversando e rindo, pelo menos teria certeza que estavam juntos e isso não estaria martelando na sua cabeça, atrapalhando até mesmo o seu treino, que era basicamente a parte mais sagrada do dia.

E também teria evitado aquela sensação terrível que Oliver sentiu ao ver Percy rir daquele jeito com outra pessoa. Não que tivesse ajudado Fred e George conversando sobre como zoariam Percy pela "namorada nova" quando chegassem n'A Toca em poucos dias. 

Então era possível dizer que não estava com o melhor humor do mundo quando se tratava do monitor e quando o garoto voltou para o dormitório naquela noite e tentou conversar, Oliver apenas alegou estar cansado e foi dormir, deixando um Percy Weasley muito confuso, pois o goleiro nunca se recusava a conversar com ele, na verdade as conversas sempre se iniciavam com ele.  

E na manhã seguinte, Oliver acordou muito antes de Percy. Não gostaria de ver a face sonolenta do ruivo o desejando boa sorte no jogo que ele não compareceria, provavelmente porque tinha planos melhores com Penelope Clearwater. 

Oliver conseguia até imaginar o quanto ficaria feliz por não ter dito ao Weasley como se sentia. Bem... feliz no futuro, é claro, porque no presente Oliver Wood se sentia miserável.