Difícil...muito difícil...

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Estava com frio, mas continuei a andar, não podia desistir.

Não me perguntem de que estava à procura, porque nem eu própria sei.

Parei em frente a uma arrecadação, esta estava entreaberta.

Abri a porta, que fazia um som irritante à medida que se movia, e fiquei chocada com a imagem que apareceu à minha frente.

Uma mulher sem vida, estava coberta de sangue que lhe sujava a roupa com que estava vestida.

Gritei tão alto, que apareceram logo uns médicos a perguntarem-me se estava bem. Quando se aperceberam do que tinha acontecido correram em direção à tal senhora, tentado em vão, socorrê-la.

-Marcus!- tentei chamá-lo, quando me lembrei que se havia um assassino no hospital ele podia estar em perigo.

Tentei correr à sua procura, mas uns médicos agarraram-me, impedindo-me de continuar.

Deram-me uma injeçāo que me fez adormecer aos poucos, deixando-me imobilizada...

Horas depois...

Acordei numa cama de hospital, hoje o dia foi mesmo...cansativo? Será que é isso que se deve dizer?

Quando a minha visão, ainda um bocado turva, avistou um rosto sorridente a olhar para mim, dei um suspiro de alívio.

-Eu pensei que te tivesse acontecido alguma coisa de mal!- disse ao Marcus, que se encontrava sentado na cama.

Ele tentou dizer qualquer coisa, mas não lhe dei tempo para falar, apenas o abracei.

-Porque é que me fizeste isto?- perguntei, um bocado chateada.

-Fui só buscar água...- tentou explicar.

-Bem, mas com um assassino à solta, acho que isso não é desculpa.

-Ok, tens razão...

-Não faz mal...já agora, há quanto tempo é que estás aqui à espera?

-O tempo em que tu estiveste a dormir...

-Não tentes mudar de assunto...

-Pronto...quatro horas e quarenta e nove minutos.- disse, consultando o seu relógio.

Olhei para ele incrédula.

-Tu não deves ter mesmo nada para fazer...- ri-me.

-Vale a pena.- forçou um sorriso.

Eu devia estar com um péssimo aspeto, e não gosto que as pessoas me vejam assim.

-Já agora, que horas são?- perguntei.

-Uma da manhã...devias descansar um pouco.- respondeu, indo ao encontro do sofá.

-Espera, já chamaram a polícia, não é?- perguntei, com algum receio.

-Sim, já estão a tratar do caso...fica descansada.- respondeu, sentando-se no sofá.

Desligou as luzes e adormeceu passado algum tempo.

Continuei irrequieta, como é que ele conseguia estar tão calmo depois do que se tinha passado?

Não sei, nem quero saber, pelo menos hoje.

O sono não me vinha, já tinha dormido muito neste dia...por isso, levantei-me devagarinho, tranquei a porta do quarto para não deixar ninguém entrar e sentei-me no parapeito de uma janela que lá havia.

Olhei para o céu, estava tudo tão calmo, parecia que o mundo de fora tinha parado em relação ao mundo dentro das paredes deste hospital.

Olhei para Marcus, estava a dormir profundamente, o edifício podia cair que ele nem daria por isso...ok, estou a exagerar...

Sorri-lhe e sussurei no meio do silêncio que se instalava naquele quarto:

-Obrigada.

Aproximei-me lentamente do sofá onde Marcus estava a dormir e depositei-lhe um beijo na testa.

Ele continuou imóvel deitado no sofá e eu fui novamente para a cama.

Sentei-me e fiquei a olhar para o tecto, iria ficar assim a noite toda se alguém não me tivesse dito:

-Queres?- perguntou Marcus, segurando no seu telemóvel e assustando-me de morte.

Olhei bem para ele, afinal estava acordado?!

-Espera, mas tu...estavas...- tentei dizer.

-Acordado? Sim...- sorriu para mim num tom de gozo.

Eu fiquei em pânico, ele só podia estar a gozar comigo.

-Não tens que agradecer...eu sei que sou muito simpático.- respondeu, novamente a tentar irritar-me.- Mas agora a sério, queres?- voltou a mostrar-me o telemóvel.

-Para quê?- perguntei, confusa.

-Não vais conseguir dormir...ao menos ficas a fazer alguma coisa...- disse, desta vez com uma expressão mais séria.

Abanei a cabeça num gesto afirmativo e, cheguei-me para a berma da cama para pegar no telemóvel.

-É preciso passe...- respondi, num tom seco.

-Atira.- disse o Marcus.

Assim o fiz, e foi por um triz que o telemóvel não caiu ao chão.

Ele lá pôs a passe e devolveu-me o seu telefone.

O Marcus não tinha nenhum jogo, só algumas aplicações.

Olhei para a galeria...era tão tentador...

Voltei a cabeça para o lado e disse:

-Marcus...

-Sim...precisas de alguma coisa?- a sua voz estava ensonada, o que eu acho super fofo!

-Não te importas?- virei o telemóvel na sua direção.

-Queres ver as minhas fotos?

-Bem...sim.- eu ia me sentir mal se as visse sem ele querer.

-Podes, não tenho aí nada de interessante...

Abri a galeria...eram para aí umas quatrocentas fotografias!

Haviam fotos do Marcus em vários lugares...e existia uma, em particular, na praia onde uma rapariga estava abraçada a ele.

Primeiro eu fiquei chocada...mas não podia tirar conclusões precipitadas.

-Marcus...tens alguma irmã?- perguntei, com algum receio.

-Ahm...não, porquê?- disse ele.

Suspirei...eu sabia que isto ia acontecer!

Não consegui dizer nada, apenas lhe mostrei a fotografia.

O Marcus começou a rir-se, não percebi porquê.

-Tu és demais!- disse ele, no meio de gargalhadas.- Essa é a minha prima!

Uma sensação de alívio invadiu o meu corpo...

-Estavas com ciúmes, era?- perguntou, a tentar conter o riso.

-Não! Achas?!- disse.

-Parecia...- olhou para mim com um ar de desafio.

-Eu não estou com paciência para isso... mas só por curiosidade...a tua prima anda lá na escola?- interroguei.

-Não...ela não vive aqui...vem de vez em quando só para visitar-me e à nossa família.- declarou.- Mas isso agora não interessa...estou demasiado cansado para te responder a essas perguntas.

Encostou-se melhor ao sofá e adormeceu passado algum tempo.

Fiquei a ver as suas fotografias por mais algum tempo e adormeci com o telemóvel ainda nas minhas mãos.

The same thing (Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora