Toda a gente presente na sala se virou para mim.
-Vocês conhecem-se?- perguntou o meu pai.
-Ahm...não...- respondi, com a voz trémula.
-Então como é que sabes o nome dele?- continuou.
-Ele foi uma das pessoas que me apresentou a escola...- menti.
-O Edward foi à escola, mesmo sem ter aulas? Até estou impressionada...já agora, sou a mãe dele, a Mary.- a senhora levantou-se e cumprimentou-me.
-Sou a Jane...- disse, exibindo um sorriso.
-Querida, eu e a mãe do Edward estávamos a tratar de uns assuntos de trabalho, importam-se de irem os dois lá para cima?- pediu o meu pai.
Ele só podia estar maluco!
Agora queria mesmo que o Marcus estivesse aqui! Ao menos sabia que ele me podia ajudar...
Eu e o Edward subimos as escadas e entramos no meu quarto.
Fiquei perto da porta, caso precisasse de fugir dele...
-Posso sentar-me?- perguntou ele, apontando para a minha cama.
-Sim...- declarei, a minha voz estava fraca.
-Ok...preciso de te dizer uma coisa...eu sinto-me mesmo mal depois do que aconteceu. Podes perdoar-me, Jane?
Isto é que eu não estava à espera...
-É um bocado difícil...não sei...- só neste momento é que reparei que ele tinha algumas nódoas negras nos braços e na testa, talvez por aquela pequena luta com o Marcus.
-Mas é que eu...- deu um passo em frente.
-Afasta-te!- disse, segurando com mais força a maçaneta da porta.
-Pronto...- recuou novamente.
-Olha, eu não quero falar contigo neste momento...já aconteceram muitas coisas em tão pouco tempo, nem sei se no final deste ano irei estar viva...com o que anda a acontecer, nunca se sabe...
O Edward olhou para mim com uma expressão confusa.
Decidi nem lhe ligar e, quando me preparava para sair do quarto, o Edward fecha a porta e encosta-me sobre ela.
-Sabes...Jane...é bom que saibas que se não fizeres o que eu te mandar, o Marcus é que sofre as consequências...- sussurrou, mesmo perto do meu ouvido, o que fez com que eu sentisse a sua respiração acelerada a bater contra a minha pele.
-Então era para isso que querias falar comigo!? Ameaçar-me?!- exclamei.
-Achavas mesmo que te ia pedir desculpa? Nem te cheguei a fazer mal...o Marcus é que fez com que caísses!- disse.
-Ele não teve culpa! Não sabes o que é um acidente?!
O Edward ignorou-me e saiu do quarto, batendo a porta com força.
Inacreditável, só faltava agora vir-me o assassino à porta!
Desci as escadas e fui para a sala.
-Vou dar uma volta...se precisarem de mim, liguem.- disse.
-Jane...não te posso deixar fazer isso...- respondeu o meu pai.
-Porquê?!- perguntei.
-Anda um assassino à solta, acabaste de sair do hospital...acho que hoje devias passar cá o resto do dia. O Edward e a mãe dele vêm aqui jantar, isso é bom, não é?- apontou para eles, que estavam atentamente a ouvir a nossa conversa.
-Tu não me podes obrigar!- corri para fora de casa e andei até chegar ao parque que havia naquela cidade.
O sol já se estava a pôr...já não se viam quase pessoas na rua...o que era muito assustador.
Sentei-me num banco que estava no meio do relvado e fiquei a observar as coisas em volta.
A noite já reinava no céu, as pessoas recolheram-se para as suas casas e o ar estava preenchido pela escuridão.
Levantei-me e comecei a andar pelo passeio.
Nada parecia estar certo...a perseguição, a morte no hospital...estava tudo trocado.
Era como se o mundo me estivesse a querer dizer qualquer coisa! E a parte mais irritante é eu não conseguir saber o que é!
Voltei para casa a pé...tinha medo de ainda estar lá o Edward...ele era mesmo irritante!
Abri a porta de entrada muito devagarinho para ninguém notar a minha presença.
Mas o problema, é que a sorte nunca me caiu aos pés!
Estava a dirigir-me à escadaria, mas fui interrompida por uma voz masculina que me chamou:
-Onde é que pensas que vais? Estás a faltar ao jantar...- disse o Edward, sarcasticamente.
-Não estou com fome.- resmunguei.
Ele agarrou-me pelo braço bruscamente.
-É melhor vires agora, portanto, faz o melhor sorriso que és capaz e anda jantar!- declarou, num tom ameaçador.
-Ou tu me largas ou eu conto-lhes que me andaste a perseguir!
-Obriga-me...
Sem o Edward esperar, pisei-lhe o pé com a máxima força que tinha e ele quase que caiu com a dor.
-Eu avisei-te. - disse.
Saí do Hall e fui até à sala, com um sorriso estampado na cara.
-Onde é que andaste?- perguntou o meu pai.
-Fui só ao parque...apanhar ar.- respondi.
Nesse momento, o Edward entrou na sala a cochear.
-O que é que se passa, querido?- interrogou a sua mãe, ao ver a forma como ele estava a andar.- Magoaste-te?
Antes de responder, olhou para mim, parecia estar mesmo irritado.
-Nada, nada mesmo...- disse ele.
-Deixa-me ver...pode estar pisado.- insistiu.
-Mãe, eu já disse que não preciso!- exclamou.
A senhora voltou a sentar-se com o olhar pousado no chão.
Uma parte de mim ficou destroçada ao ver a mulher e o filho a discutir, mas a outra só queria que a mãe do Edward se levantasse e lhe desse um valente estalo na cara.
Fui para uma cadeira vazia e servi-me.
O resto do jantar foi horrível, o silêncio era insuportável.
Sentia o olhar de ódio do Edward sobre mim, o que não melhorava a situação.
No final, eu e o meu pai levamos até à porta Mary e o seu filho.
Quando estava a abraçar a senhora, ela puxa-me mais contra si e sussurra:
-Tem cuidado com ele, por favor. O Edward pode ser insensível, às vezes.
Olhei para ela, parecia que iria começar a chorar a qualquer momento.
-Eu sei.- respondi.
A mulher forçou um sorriso e saiu da casa.
Fui para o meu quarto e adormeci passado pouco tempo.
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The same thing (Pausa)
Mystery / ThrillerJane é uma rapariga que se muda para uma escola nova a meio do ano. Ela foi viver com o seu pai para uma cidade onde começaram a ocorrer alguns assassinatos e descobre que o assassino também a quer matar. A partir desse momento, vai fazer de tudo pa...