Desvendado.

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- O que aconteceu? – San perguntou protetor enquanto pegava o menor no colo e o abraçava com carinho.

- É só um pesadelo. – resmungou em lágrimas.

- Ei... ei... vai ficar tudo bem, ok? – perguntou carinhoso e o menor o abraçou.

- Nunca vai ficar bem, eu nunca vou esquecer.

- Já passou, ok? Já passou... psiu... – o mimou com cuidado, embalando-o como se fosse um bebê.

- Ela acabou comigo, maldita. – falou em um sussurro.

- A sua madrasta?

- Sim.

- Esse choro tem ligação com ela?

- Sim.

- O que ela fez?

- Por inúmeras vezes ela me deixou sem comer, ela me trancava no quartinho embaixo na escada e me deixava lá por dias, não se preocupava em me levar água ou comida, eu só não morria porque ela sabia que se isso acontecesse ela seria presa, por isso a cada três dias ela me levava alguma migalha, mas migalhas mesmo, tipo... um quarto de um pão velho.

- Mas ninguém desconfiava?

- Seus castigos pioravam durante as estações frias e quando o colégio entrava em recesso, por isso ninguém desconfiava.

- Entendi.

- Eu assumo que sinto vergonha de me tocar na sua frente, eu assumo que me sinto intimidado com a sua presença, com o seu olhar febril sobre mim, mas eu sinto prazer! Eu gosto de provocar, eu gosto disso, muito embora me sinta mais confortável estando sozinho, mas as suas palavras... isso eu não consigo superar.

- Perdão... perdão. – pediu enquanto o abraçava com mais força.

- Não importa quantas vezes eu tente esquecer, essas lembranças sempre voltam em forma de pesadelo.

- Mas agora mais ninguém vai ferir você, ninguém. – falou firme e Wooyoung anuiu.

- É fácil lidar com o presente e o futuro, o problema é o passado! 

- Como assim?

- Enquanto o presente e o futuro estão em constantes mudanças o passado... – suspirou pesado – Já aconteceu e nada apagará as dores que as lembranças causam.

- Ei... ei... vai ficar tudo bem, esse pesadelo já acabou, ok? Você está seguro agora.

- Ela me fez tão mal e o meu pai nunca se importou, ele passou a me odiar depois do enterro da minha mãe.

- Acabou... acabou. – sussurrou pesaroso, era nítida a dor na voz do menor.

- Ele nunca se importou. – suas lágrimas eram “pesadas” demais.

- Esse pesadelo já acabou, ok? Já acabou.

- Eu odeio ela.

- Ei... psiu... já acabou, você está seguro agora. – falou calmamente.

- Eu às vezes fico pensando em como seria a minha vida se a minha mãe não tivesse morrido.

- Com certeza seria mais feliz, mas ela morreu e infelizmente não podemos fazer nada.

- Eu nunca consegui entender os motivos que levaram o meu pai a virar um monstro, nós éramos tão felizes até ela morrer, eu lembro que quando ela se foi ele me abraçou e disse as mesmas coisas que você, “fica calmo, vai dar tudo certo, eu vou cuidar de você” e então, no dia seguinte, depois de voltarmos do enterro... – deu um grito agoniado – Eu levei a primeira surra, o meu pesadelo começou durante o meu luto.

S U B M I S S O | WOOSAN. (+18) *EM HIATUS*Onde histórias criam vida. Descubra agora