Sick

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Três semanas depois, janeiro de 2025 – inverno

– Não acredito, Noah. Febre de novo? Já é a quarta vez desde o início de tudo – falei enquanto segurava a porta para ele passar. – Parece criança.

– Eu sou sensível demais para essas coisas.

– É, eu percebi – eu fechei a porta. – Essa nevasca só piora tudo.

– Acha que tem alguém aqui? – perguntou.

– Acho que não. Mas vou cobrir toda a casa, fique aqui.

Peguei minha pistola e comecei a olhar cada cômodo, dando passos leves, para que se caso houvesse alguém, não me ouviria.

– E aí? – perguntou ao me ver descer a escada.

– Nada.

– Eu caminhei por aqui e tem um alçapão em baixo do tapete. Acho que é tipo um porão.

– Você entrou?

– Não.

– Ok. Espere aqui que eu vejo – falei e ele se sentou na cadeira, parecia zonzo.

Abri a porta devagar e olhei atentamente o andar. Não tinha nada. Não tinha pessoas, objetos, comida ou qualquer outra coisa. Era só um cômodo vazio.

– Vamos ficar ali em baixo. Vou buscar um colchão lá em cima e uns edredons para você.

– Tá bom...

Abri um guarda-roupa que tinha em um dos quartos e vi que tinha vários cobertores, então peguei tudo e joguei pela escada.

– Vou pegar o colchão – gritei para Noah que olhava confuso para as cobertas que joguei no pé da escada.

Voltei ao quarto e peguei um dos colchões, descendo devagar.

– Você pode me ajudar a colocar lá em baixo.

– Claro... – ele se levantou devagar e me ajudou a enrolar o colchão para poder passar pela portinha.

– Foi.

Enfiei minha mão no alçapão, tentando desprender a escada.

– Consegui.

Peguei as cobertas e desci as escadas (daquelas que são em pé), ajustei o colchão no chão e coloquei as cobertas por cima.

– Pode vim – falei e logo vi Noah descendo as escadas devagar.

– Eu me sinto exausto... – falou retirando a mochila e caindo na cama.

– Desvantagens da febre.

– E a febre tem alguma vantagem? – perguntou.

– Antes tinha. Ter desculpa para faltar aula – falei me deitando ao seu lado. – Mas honestamente, prefiro ir à escola do que ficar com febre. Você sente muito frio, alucina, tem dor de cabeça, sono, tem que tomar remédios ruins... É uma merda.

– Eu não precisava de desculpas para faltar a aula. Meus pais não ligavam se eu ia ou não. Depois que me emancipei, fiquei sem ir à escola por um mês todo. Aí eu vi que se eu continuasse assim, meus pais teriam que ser obrigados a voltar a viver com a gente.

– E você não queria isso?

– Não... Se eles voltassem a viver com a gente, ficaríamos sozinhos da mesma maneira, só que... quando eles chegassem, eles iam discutir com a gente sem motivo nenhum e eu e Chloe não temos muita paciência – falou, sua voz saía rouca e falhava.

The Last of Us - Noah SchnappOnde histórias criam vida. Descubra agora