22 | Desgaste

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Kang Mina P.O.V.

— Hoje a educação física será prática... — Após o professor informar essa "novidade", imediatamente já pude sentir diferentes tipos de calafrios serpenteando por toda a extensão do meu corpo. — Vistam roupas apropriadas para exercícios físicos e vão direto para o ginásio, não tolerarei faltas, a não ser que tenham justificativas plausíveis. — Depois do recado o Professor de educação física sai da sala, e suponho que vá reto para o ginásio.

Remexo-me no assento, desconfortável. Não tinha dúvidas de que hoje eu estaria ferrada. Uma hora ou outra eu teria que enfrentar os exercícios físicos, tola da minha parte achar que poderia escapar. E o pior de tudo isso, é que ontem na janta eu não consegui engolir nada, e quando foi na manhã de hoje, acordei super atrasada, consequentemente não ingeri nada. Só não estou em completo jejum porque consegui pelo menos beber um mísero copo d'água. Só torço para que a falta de suprimento em meu estômago não resulte em fraqueza.

Eunha que estava ao meu lado, faltava engolir os dedos da mão, de tanto que roía as unhas, nervosa. E pela sua expressão, acho que não é nenhum pouco por animação, e sim, pavor. Fico até um pouco contente em saber que alguém aqui também não gosta muito de suar, e que não passarei por isso sozinha. Não que eu seja uma pessoa horrível com esportes físicos, mas é que, depois de um certo momento, isso virou algo que tento evitar de todas as formas. Antes de uma tragédia ter acontecido comigo e Jisoo, com esporte era basicamente onde eu mais gostava de ficar.

Eu preciso superar!

Eu e Eunha corremos para nosso quarto, apressadas. Não queríamos levar puxão de orelha daquele professor que dava medo só com o olhar. Recolho uma muda de roupa e corro para dentro do banheiro. É até engraçado falar, mas tenho vergonha de me vestir na frente de outras garotas, pode até mesmo ser minha melhor amiga, que ainda prefiro ir ao banheiro sozinha.

— AH, MAIS QUE CARALHOOO!!! — Eunha grita do nada, me fazendo ter um leve sobressalto com o susto.

— Meu Deus! O que foi?! — Passo a mão pelo peito e olho para o teto, na intenção de conseguir aguçar minha audição para escuta-la.

— EU NÃO QUERO FAZER EDUCAÇÃO FÍSICA!!! — Grita, e dava quase de apalpar sua indignação daqui de dentro do banheiro.

Sorrio enviesada e retiro minha calça jeans. Coloco um short-saía de pano branco, não muito curto, e retiro minha blusa de mangas compridas. Derrepente, lembro-me de algo que me faz arfar, e recordar o motivo pelo qual não gosto muito de exercícios.

Franzo o cenho e um pouco hesitante, olho para o reflexo do meu dorso seminu no espelho da pia. E lá está ela, entre o vão dos seios, a cicatriz que tento esconder a sete chaves, que me faz descartar roupas lindíssimas só pelo simples fado de trasparecer a marca e a pele repuchada. Bom, para início de conversa, eu deveria agradecer por ter um coração novamente, mas, é tão... Tão... Tão melancólico, que às vezes não consigo olhar pelo lado positivo.

Suspiro. Tenho que parar de ficar remoendo um passado que me machuca e que sangra, passar a bola para frente... Mas, é tão difícil... Quando sinto um nó se formar na garganta, chacoalho a cabeça e olho para a outra blusa que escolhi para usar, uma regata azul, mas que felizmente esconde minha vergonha. Sei que não vou conseguir ficar muito tempo em público com essa blusa, então pegarei uma jaqueta. Provavelmente eles irão sorrir de mim, mas não devo me importar com a opinião alheia, né?

Respiro funto e luto para que nenhuma lágrima embebeda meus olhos. Retiro meu sutiã de renta e o coloco sobre o mármore, junto com a calsa e a blusa. Ainda de frente para o espelho, observo meu dorso, agora nu, e uma pergunta brilha em neon em minha cabeça: Alguém me aceitaria assim, com essa marca horrível entre os seios?

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