26 | Ressaca

48 7 0
                                    

Kang Mina P.O.V.

— Kristian? — Sussurro, arregalando os olhos. Me apoio no batente da porta e me curvo um pouco para trás, a cena que vejo me aterroriza.

Kristian, meu amigo que conheci na China, está logo à minha frente com um homem grandalhão sobre si, enquanto assertá-lhe socos. O rosto do meu amigo já está inchado e sangue escorre de sua bochecha e nariz. O homem grandalhão que o acerta golpes se vira para mim e arregala os olhos, se levanta de cima de Kristian, e anda em minha direção.

— Mina? — Escuto a voz de Kristian, que se levanta do chão e goste, passando a mão pela bochecha machucada. — Ai, meu Deus! Anjo, vai embora! Sai daqui! — Ele arregala os olhos e corre para perto do homem, puxando seu braço, fazendo-o voltar um passo para trás. Acirro os olhos, achando confuso sua ação. — Vai...

— Mas o quê... — Cubro a boca com a mão e meus olhos começado a arderem. Meu coração salta na caixa torácica e minha bexiga pulsa.

— Quem é essa, Kristian?! — O homem diz, e percebo o quão grossa é sua voz. Sinto um calafrio passar por minha espinha dorsal, me fazendo convulsionar levemente.

— Eu não conheço ela, Edu! — Vejo uma lágrima escorrer de sua bochecha, e eu tento me aproxima, mas Kristian nega com as mãos, em movimentos rápidos e desesperados. Chacoalho a cabeça e penso no que fazer.

O cara tava batendo no meu amigo?

— S-sai daqui... — Kristian nega com a cabeça e eu não sei o que fazer. Meus pés travam no chão. — Vai logo! Sai daqui, Mina! — Ele anda até perto de mim, me lança um olhar molhado de lágrimas e com os lábios espremidos em uma linha fina; me empurra cuidadosamente para trás, fechando a porta na minha cara.

Uma lágrima escorrega por minha bochecha. Fico olhando para a porta, com lentidão, até que consigo raciocinar com coerência, e "corro" até onde Jackson e eu estávamos. Um pouco desengonçada desço as escadas e ando pela multidão, tomo o máximo possível de cuidado para não me esparramar no chão. Minha visão fica turva e meu coração falta sair pela boca. Eu começo a chorar, porque tenho medo daquele cara maluco matar meu amigo.

Quando encontro Jackson ainda escorado no balcão, puxo seu braço, forçando sua vinda comigo.

— O que foi, Mina? — Jackson estreita os olhos, mas não resiste quando o puxo escada à cima.

— Kris... — Minha voz sai entrecortada, e minha visão anuvia. — Meu amigo...

— Quem é Kris? — Jackson me força a parar e segura em meus braços, fazendo eu olhar para ele diretamente... Não tão diretamente assim. — E que amigo é esse?

Repiro fundo e inflo o peito, sinto que minha consciência não é das melhores nesse momento. Tento olhar para Jackson, mas não o enxergo direito, tudo o que vejo é imagens agitadas e sem foco algum. Bato em minha própria tempora e faço uma careta.

— E-eu... — Suspiro. Então lembro-me novamente da careta de dor que meu amigo fez ao levar um soco no maxilar, e a racionalidade volta como um tiro. Meu amigo precisa de mim! — E-eu preciso da sua ajuda! Eu tava indo no banheiro quando vi meu amigo dentro de um quarto, sendo espancado por uma cara musculoso e grandalhão... — Me disparo a falar, meus olhos se agitam e Jackson franze o cenho.

— O quê? — Entorta minuciosamente a cabeça para o lado, como um tique. — Você foi no banheiro e viu seu amigo sendo espancado no quarto? — Sua pergunta tem um vinco de humor, e eu perco a paciência. Aquiesço. — Você foi no banheiro ou no quarto?

— AISH! — Bato em seu peito, fazendo-o se encolher. — Eu não cheguei no banheiro, mas quando achei que tinha chegado, abri a porta errada e meu amigo tava lá dentro! Dentro de um quarto, merda! — Passo as mãos pelos cabelos. — Você vai me ajudar ou não? — Me volto para ele, que me encara por alguns segundos, segundos esse que me fazem negar com a cabeça e partir sozinha, vendo que não teria ajuda.

A Second Chance Onde histórias criam vida. Descubra agora