Capítulo 6 - Vizinhos.

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Noah P.O.V

Algo sobre o timing exato de certos acontecimentos me assustam um pouco. Como sua vida poderia ter sido completamente diferente por um milésimo de segundo, tipo aquelas pessoas que se atrasaram alguns minutos e se salvaram do ataque às torres gêmeas. Coisas do tipo, saca?

Eu sinto que agora é um desses momentos. 

Sabina me encara sem qualquer emoção, é quase como se eu fosse um ser inanimado qualquer, um poste ou um muro que aconteceu de estar no caminho dela. Não que isso me surpreenda ou me afete, porque desde que éramos crianças é assim que ela me olha.

Ela finalmente desvia o olhar e se senta na calçada em frente em à sua casa, com um cigarro e um isqueiro rosa em mãos, e logo o acende. 

- Então, você acha que a Sina vai querer manter o mesmo grupo para o trote desse ano? - Ela pergunta sem me encarar, e eu rio. 

- Não sabia que agora éramos vizinhos que ficam de conversa fiada, Sabina. - O sorriso debochado está grudado em meu rosto, e é a primeira coisa que ela vê quando desprende a atenção dos seus pés descalços, e me olha. 

Ela revira os olhos, e solta a fumaça. 

- Não somos. - Ela diz simples e continua a saborear seu cigarro como se eu não estivesse mais lá, completamente não afetada pela minha falta de resposta. 

Me irritava profundamente o quanto ela estava pouco se fodendo pra tudo, a não ser ela mesma.

Os minutos não se prolongaram, e nem a sua estadia na calçada, já que ao fim do segundo cigarro, ela os jogou no chão e rumou em direção à porta, e me deixou pra trás pensando o que pode ter acontecido pra alguém se tornar tão fria e apática como Sabina Hidalgo era, mas assim como ela, os questionamentos não se demoraram na minha cabeça, e eu logo me vi acendendo a ponta do meu último baseado, pra poder ter uma boa noite de sono. 

- -

- Cara, só você pra me fazer vir pegar droga às 7 horas da manhã de uma terça-feira. - Era a vigésima vez que ouvia Bailey reclamar do nosso passeio matinal. 

- Caralho, dude, hoje você acordou mais insuportável que o normal. Acordou do lado errado da cama? - Ele coloca os óculos de sol no rosto, e se vira para a janela, fingindo prestar atenção na paisagem ensolarada de Orange. - Anda May, desembucha, tá chatão assim por que? 

Ele bufa, coloca os óculos de sol na cabeça e faz uma careta. 

- Ontem eu levei a maior bronca da história. - Eu dou uma gargalhada, que logo cessa com o olhar feio que ele me lançou. - Não foi igual os sermões que ela normalmente me dá, acho que ela tinha brigado com o pai da Sabina e foi tudo pior, como se já não bastasse, a Sabina conseguiu brigar com ela também e piorar ainda mais o humor da minha mãe.

Bailey abre o vidro do carro, e tira do porta luvas um maço de cigarro, e acende um, dando um longo trago, e soltando lentamente. É, meu amigo está realmente muito puto. 

- Minha mãe me acordou às 5 horas da manhã hoje, me tirando da cama e revirando meu quarto todo, cara. Ela achou minha erva e meus comprimidos e jogou tudo na descarga! Ela tirou a chave do carro de mim e disse que enquanto eu não virar gente eu não vou ter de volta. 

- Aconteceu o mesmo com a Sabina? - Eu pergunto, meio que já sabendo a resposta. 

Ele balança a cabeça negativamente e volta à olhar a paisagem. 

Dava pra entender porquê o cara tava puto, os dois eram tratados bem diferentes dentro de casa, mesmo eles sendo extremamente... iguais. Claro que eu não me atrevia em dizer isso pro Bailey em voz alta, mas era verdade. A única diferença palpável entre os dois, eram seus pais. 

Enquanto a mãe do Bailey era super protetora e controladora, o pai de Sabina vez ou outra parecia se esquecer que tinha uma filha adolescente em casa. 

- Cara, isso é muito fodido. - Eu digo simplesmente. - Não sei como te consolar, mas pelo menos a gente já tá indo recuperar suas drogas.

- Nem sei se vou pegar mais, tenho certeza que minha mãe vai me fazer ficar de porta aberta e vai me revistar todo dia. Aquilo vai virar uma ditadura. 

- Eu moro do seu lado, bro, qualquer coisa você joga pra mim e eu escondo. 

Ele não diz nada, mas dá pra ver que ele pareceu menos puto com a situação. 

Ah, as drogas, capazes de acalentar o mais agitado dos corações.

- -

- Onde vocês estavam? - Josh pergunta assim que me sento ao lado dele no gramado da escola. 

- Fui pegar mais bagulho, o meu tinha acabado. 

Nate nos olha indignado. 

- E vocês não nos chamaram? 

- Calma, cara! - Bailey dá dois tapinhas nas costas do nosso amigo. - Sexta-feira vamos ter que voltar lá de todo jeito. 

Todos nós nos olhamos com a confusão estampada na cara. Eu tinha pego droga o suficiente pra duas semanas, do que caralhos o Bailey tava falando?

- Do que caralhos você tá falando, May? - Josh externa meus pensamentos. 

- Ué, vamos precisar de bastante doce pra nossa festa de comemoração por termos ganhado o trote mais um ano. - Ele abre um sorriso presunçoso, eu por outro lado, abro um semblante preocupado. 

- A Sina falou com você? - Eu pergunto.

- Ainda não. - Ele dá de ombros, e se levanta pegando sua mochila. Faço o mesmo.

- Será que ela vai pra outro grupo esse ano? - Josh pergunta, seguindo nossos movimentos, ao lado de Nate. 

Bailey ri debochado. 

- Até parece! Ela pode ser boa, mas nenhum outro grupo vai conseguir executar as ideias dela com maestria como nós fazemos. Acreditem, ela vai nos procurar, e nós vamos ganhar. 

Ele nos dá as costas e ruma em direção ao colégio.

**

Oie!

Depois de um tempo longe, resolvi voltar a escrever HTBAH, e dessa vez pra valer!

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Obrigada por lerem, votem, comentem e divulguem pros amigos, porque isso me ajuda bastante, e é sempre bom receber um feedback. <3 

Um beijo,

Manu.

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