Capítulo 5 - Naive

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Sabina P.O.V

Após longos 17 minutos cravados, Bailey foi liberado dos gritos incessantes de sua mãe, e antes de ir até seu quarto me fez uma breve visita pra dizer que: "você é uma mesquinha e egoísta que um dia vai precisar da minha ajuda e eu prontamente irei negar."

Palavras dele.

Agora Luisa estava muito ocupada gritando com o meu pai, que mal tinha chego do trabalho e já ouvia um sermão sobre não saber impor limites nos filhos, e em partes eu concordo com ela, mas tudo que eu queria era dormir antes do jantar, tarefa essa que se tornou impossível com o falatório dessa mulher.

Bufei irritada quando mais 12 minutos se passaram e Luisa não dava indícios que pararia de gritar. Levantei impaciente e liguei minha caixa de som no máximo, sorri quando 'Naive' do The Kooks começou a tocar tão alto que as batidas do meus coração sincronizaram com a música, e não pude evitar cantar junto.

Menos de vinte segundos depois, meu pai escancara minha porta e sinaliza com a mão para eu abaixar o som, e eu o faço prontamente.

— A discussão já acabou, já pode parar de agir como uma adolescente fora de controle, Maria Sabina. – ouço ele dizer com a voz firme enquanto afrouxava o nó da gravata em seu pescoço. Não consigo conter uma careta pelo uso do meu nome composto, ele sabe que eu odeio.

— Ela é uma adolescente fora de controle, Mark. – Ouço Luisa sussurrar ao passar pela porta do quarto em direção ao do casal. Meu pai lança um olhar repreendedor à ela.

— Por que você não vai se foder, Luisa? – Eu digo sem rodeios colocando minha cabeça no corredor.

Pronto, estava feito, meio segundo depois o caos estava instalado novamente no corredor da família Hidalgo May.

Com um sorriso presunçoso tranco minha porta antes que minha doce madrasta a alcance, e aumento novamente o volume do meu som, mas ainda sou capaz de ouvir Luisa esmurrando minha porta com toda força.

Lar doce lar.


O relógio marca 4:18 da manhã.

É a hora que meu estômago sente falta das refeições puladas ao longo do dia e faz uma alta reclamação.

O silêncio que se faz presente enquanto eu desço as escadas em direção a cozinha é música para os meus ouvidos, e uma cenário nem um pouco comum, mas quanto mais perto da cozinha eu chego, menos silencioso o ambiente fica.

Meu rosto se transforma em uma careta instantânea quando piso na cozinha e vejo que Bailey teve a mesma necessidade que eu. Ele está sentado na bancada da cozinha comendo iogurte com granola. Não consigo conter a careta.

— Aposto que você ficou bem feliz né, Sabina? – Ouço ele dizer assim que eu passo por ele.

Reviro meus olhos mesmo que Bailey não possa ver, já que estou de costas pra ele, e decido ignorar pelo bem da nossa convivência.

— Você pode me ignorar o quanto quiser, Hidalgo, mas eu e você sabemos que não vai dar pra ignorar quando o universo mandar a conta de todas as merdas que você faz. – Ele pisca pra mim e sai de vista.

Dou risada porque eram quatro da manhã e o Bailey estava falando essa baboseira hippie na minha cozinha, minha vida poderia ser mais patética?

Deixo pra lá a ideia de comer algo, e resolvo ir na rua fumar um cigarro, nada melhor do que substituir minhas refeições por nicotina não é mesmo?

how to be a heartbreaker | urridalgoOnde histórias criam vida. Descubra agora