Capítulo 4 - Semana do trote.

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Sabina P.O.V

O final do dia chegou com rapidez, muito mais do que eu esperava, e logo eu me vi deitada na grama verdinha do parque que ficava logo em frente ao colégio, minha blusa levemente levantada para aproveitar os raios de sol e os óculos escuro repousavam em meu rosto.

Olhando em volta eu podia ver muitos rostos conhecidos, já que a maioria dos alunos costumavam se encontrar ali após o período escolar, alguns grupos apenas jogavam conversa fora, outros mais aplicados adiantavam os deveres, ao voltar meu olhar para meus amigos pude observar Jaden fumando seu baseado com a maior tranquilidade que um fim de tarde poderia proporcionar. Sorri com a cena.

- Então, meus pais saem de viagem na quinta-feira. - Maya comentou casualmente após um tragada no baseado que ela e Jaden dividiam.

Já sabia o que aquilo significava.

- Da última vez que fizemos festa na sua casa, sua mãe apareceu de supetão e quase estourou nosso miolos. Eu e Jaden somos muito seus amigos, sua mãe não vai hesitar em socar nossa fuça caso aconteça de novo.

Maya revirou os olhos teatralmente e sorriu, o sorriso angelical que fazia ela conquistar tudo o que queria, mas eu e Jaden já estávamos imunes pela longa convivência.

- Nem adianta sorrir pra gente assim senhorita Serena. - Jaden externalizou meus pensamentos me fazendo soltar um risinho. Ele pegou o baseado de volta e deu uma longa tragada. - Além do mais, temos outra prioridade para o fim dessa semana.

Eu levantei de supetão me dando conta do que aquilo significava. Foi um verão tão tranquilo que a antiga tradição entre os alunos do ensino médio havia fugido da minha cabeça.

Orange High School tinha uma tradição intensa que já existe por anos, e não dá sinais de que pretende se esvair em algum momento. Todo início de ano os alunos se dividem em grupos, o objetivo é fazer alguma pegadinha ou algum trote épico até o final da primeira semana de aula. Nem todos os alunos do ensino médio participam dessa tradição, mas como nós queremos ter histórias interessantes para contar aos nosso filhos, todo ano nosso grupo participava, e eu tenho que dizer, apesar de inusitado e disfuncional, desde a nossa junção, não perdemos nenhum ano.

- Meu deus a semana do trote! - Eu abro o maior sorriso que consigo. - Precisamos conversar com o pessoal logo!

- Será que manteremos o mesmo grupo de sempre? - Maya pergunta com receio na voz. - Você sabe, depois do que rolou ano passado.

Eu e Jaden fazemos uma careta de dor lembrando do fatídico dia que preencheu as páginas de fofoca do colégio.

- Bem, eu espero que sim! - Eu falo tirando os óculos do rosto e pendurando na minha regata. - Eles não são minhas pessoas favoritas do mundo mas somos um bom time.

Maya acena com a cabeça em concordância.

- Acho que vamos ter que esperar pra ver. Se for rolar, logo logo ela vai nos procurar. - Jaden sorri e dá uma piscadela.

Sabíamos como funcionava a abordagem de Sina Deinert, e eu preciso confessar: era o que eu mais adorava dela.

**

Assim que fecho a porta da sala posso ouvir os gritos que a mãe do Bailey dando por ele ter desaparecido noite passada. Era um ciclo, mas Luisa parecia não se acostumar nunca, o que difere do meu pai, que só começa a se desesperar caso eu passe mais de dois dias sem dar notícias. Esse era um motivo recorrente das brigas que eles tinham quase diariamente, Luisa se importava demais, era super protetora, Mark se importava de menos, trabalhava demais...

É o que eu sempre digo crianças: não se casem.

Ainda ouvindo o sermão que Bailey recebia, subi para o meu quarto fechando a porta, pronta pra tomar um banho gelado pra amenizar o calor escaldante que fazia na Califórnia, deitar na minha cama e fazer o que eu faço de melhor: ignorar meus problemas.

how to be a heartbreaker | urridalgoOnde histórias criam vida. Descubra agora