Capítulo 29

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Um gemido, alto, longo e explicitamente dolorido. Parecido até com o de um animal ferido. Com a diferença de que, com animais, haveria muito menos imprecações. Aqueles ruídos, vindos de trás de mim, não remetiam a momentos felizes. Não, aqueles barulhos remetiam a um nível determinado e muito específico de inferno chamado “a manhã seguinte” de uma ingestão absurda de álcool.
– Camz. – Lauren enterrou o rosto na minha nuca, pressionando a pele quente na minha. – Cacete.
– Humm?
– Tá doendo.
– Humm.
A mão enfiada na parte da frente da minha calcinha se flexionou e se curvou. Pressionando todo tipo de lugar interessante, ela fazia com que eu me retorcesse.
– Por que colocou a minha mão na sua calcinha enquanto eu dormia? Pra que isso? – ela mormurou. – Jesus, mulher. Você está descontrolada. Estou me sentindo violada.
– Não fiz isso, meu bem. Foi você mesma.
Ela gemeu de novo.
– Você foi bem insistente em manter a mão aí. Pensei que depois que você dormisse, eu conseguiria tirá-la, mas não deu. – Esfreguei o rosto no meu travesseiro: o bíceps dela.
– Essa bocetinha é minha. – Os dedos se esticaram, forçando o tecido da calcinha e acariciando sem querer a parte interna das coxas. Não era hora de ficar excitada. Tínhamos que conversar.
– Pois é, você disse isso. Várias vezes.
Ela grunhiu e bocejou, depois esfregou o quadril em mim. A ereção matinal pressionou minha nádega.
– Você não deveria ter me dado tanta bebida. Foi muita irresponsabilidade sua.
– Acho que isso também foi por sua conta. – Tentei me sentar, mas ela me segurou.
– Não se mexa ainda.
– Você precisa de água e de Advil, Lauren.
– Ok...
A mão dela se afastou da minha virilha, e ela rolou de costas com muitos grunhidos e bufadas. Não consegui levá-la para o chuveiro na noite anterior. Como era de se esperar, agora de manhã, tanto ela quanto eu fedíamos a suor e uísque.
Peguei uma garrafa de água e dois comprimidos, sentando-me na lateral da cama.
– Levante. Engula.

Ela abriu um olho turvo.
– Engulo se você engolir.
– Fechado.
– É melhor estar falando sério. Nenhuma mulher gosta que lhe mintam sobre esse tipo de coisa. – Muito lentamente, ela se levantou, o cabelo liso e negro pendendo da cabeça. Pôs a língua para fora e eu larguei os comprimidos nela, depois lhe entreguei a água. Por um instante, ela só ficou ali sentada, sorvendo goles de água e me observando. Eu não sabia o que viria em seguida, o que eu deveria dizer. Era muito mais fácil só fazer piadas sem graça em vez de tentar dizer algo profundo e significativo para ajudá-la.
– Eu sinto muito – disse, só para quebrar o silêncio.
– Por quê? O que você fez? – ela perguntou com suavidade.
– Sobre Clara.
Ela ergueu as pernas, apoiou os cotovelos nos joelhos, e deixou a cabeça cair. Nada além do barulho do ar condicionado e do som de talheres no quarto ao lado. Quando ela, por fim, olhou para mim, seus olhos estavam avermelhados e líquidos. Os meus logo o imitaram em solidariedade. Não havia nenhuma parte minha que não se condoesse por ela.
– Não sei qual é a sensação, por isso não vou fingir que entendo – eu disse.
Os lábios dela continuaram fechados.
– Mas eu sinto muito, Laur. E sei que isso não ajuda nada. Não vai mudar nada.
Nenhuma reação ainda.
– Não tenho como ajudá-la e odeio isso.
A verdade era que uma parte de querer aplacar a dor de alguém era para que você se sentisse útil.
Nada do que eu dissesse, entretanto, dissiparia a dor dela. Eu poderia me desdobrar, dar-lhe tudo o que eu tivesse, e isso ainda não poria um fim no que quer que Clara tivesse.
– Eu nem mesmo tenho um relacionamento saudável com a minha mãe, por isso não faço a mínima ideia. A verdade é que eu costumava desejar que ela estivesse morta. Agora, eu só quero que ela me deixe em paz. – Falei de uma vez, depois parei, percebendo a minha estupidez. – Droga. É a pior coisa que eu poderia ter te dito agora.
– Continue.
Caramba, ela estava falando sério.
Abri a boca e minha garganta se fechou. As palavras foram arrancadas à força, chutando e gritando:
– Ela... hum... ela desistiu de mim e de Sofia. Papai foi embora, e ela foi para a cama. Essa foi a solução dela para o problema do esfacelamento da nossa família. Não tentou conseguir ajuda, nada
De médicos, apenas ficou deitada no escuro sem fazer nada. Ela basicamente ficou no quarto por três anos inteiros. A não ser pela vez em que o Serviço de Proteção Social a Crianças veio nos visitar.
Conseguimos persuadi-los de que ela não era um completo desperdício de espaço. Que piada.
Ela ficou me olhando, os lábios finos e brancos.
– Um dia, cheguei em casa e ela estava sentada na beira da cama com uma fileira de pílulas coloridas na mesinha de cabeceira. Ela segurava um copo de água. Sua mão tremia tanto que ela derrubou a água por toda parte, a camisola ficou toda molhada. Não pensei em fazer nada, a princípio.
Aquele momento estava horrendamente marcado na minha cabeça. Parada à porta do quarto, dividida quanto ao que fazer. Devia ser homicídio ficar de lado e permitir que aquilo acontecesse.
Algo desse tipo devia deixar marcas.
– O que quero dizer é que foi tentador... – eu disse, minha voz se partindo. – Pensar em não ter mais que lidar com ela... mas, então, Sofia e eu seríamos mandadas para o sistema de lares adotivos, provavelmente separadas. Eu não podia arriscar. Ela estava melhor em casa comigo.
O olhar dela estava firme; o rosto, pálido.
– Então, fiquei em casa para ficar de olho nela. Ela tentou se matar mais umas duas vezes, depois desistiu disso também, como se morrer fosse um esforço tremendo. Alguns dias, eu só desejei ter chegado cinco minutos mais tarde, para que ela tivesse conseguido dar cabo de si mesma. Então, eu me sentia culpada por pensar assim.
Ela sequer piscou.
– Eu a odeio tanto por ter nos colocado nessa situação... Sei que a depressão pode acontecer e que é uma doença séria, horrorosa, mas ela sequer tentou encontrar ajuda! Eu agendava horários com médicos, tentava incentivá-la a ler livros a respeito da doença e das informações de que precisava, e ela só... Sabe, ela tinhas filhas, não tinha a porra do luxo de poder desaparecer dentro de si mesma. – Lágrimas desceram pelo meu rosto sem que eu as enxugasse. – Papai não foi muito melhor, embora mandasse dinheiro. Talvez eu devesse ser grata por ele não ter esquecido de nós por completo.
Perguntei a ele o motivo de ter ido embora, e ele simplesmente disse que não conseguia mais fazer aquilo, que lamentava muito, como se tivesse marcado o quadradinho errado num formulário e, depois, tivesse mudado de ideia. Família? Não. Ai, puxa, eu marquei “sim”? Ops! Que idiota. Como se dizer que lamenta muito quando está indo embora pudesse mudar alguma coisa.
– Ninguém imagina o tempo despendido para cuidar de uma casa, pagar as contas, cozinhar e limpar até que tenha que fazer isso. O meu namorado continuou comigo por alguns meses, mas logo se ressentiu porque eu não podia sair aos sábados à noite para ir a festas e me divertir. Ele era jovem, queria sair, se divertir, e não ficar em casa cuidando de uma maníaco-depressiva e de uma garota de treze anos.
Afundei a cabeça, tentando ordenar os detalhes importantes na minha cabeça. Não era fácil, visto que passei muito tempo tentando esquecer.
– Então, Sofia se rebelou e só piorou a situação. Ela odiava o mundo, e quem poderia culpá-la?
Pelo menos, quando ela se comportava como uma garota imatura e egoísta existia um motivo real por trás, já que era uma. Ela foi apanhada roubando numa loja. Consegui convencer o gerente a não prestar queixa. O susto pareceu fazer com que ela saísse daquele estado. Ela sossegou, voltou a se concentrar nos estudos. Uma de nós tinha que ir para a faculdade. Eu tentei, mas não havia como eu ter um bom desempenho estudando sozinha em casa.
Que maldita cena eu estava fazendo. Pisquei furiosamente e enxuguei as lágrimas.
– Sabe, eu queria mesmo era animá-la ou algo assim...
O silêncio dela estava me matando.
– Então, essa é a minha história. – Lancei um sorriso. Sem dúvida foi tão horroroso quanto eu estava me sentindo.
– Mamãe está com câncer no ovário – ela disse com a voz rouca. – Na melhor das hipóteses, ela tem uns dois meses de vida...
Foi como se o meu coração tivesse parado. O tempo parou. Tudo.
– Lauren...
Ela afastou o cabelo, entrelaçando os dedos na cabeça.
– Ela fica tão feliz quando você está por perto. Ficou falando disso no jantar, de como você é maravilhosa. Você é o sonho dela se tornando realidade em relação a mim. Já faz um tempo que ela quer que eu sossegue.
Assenti, tentando melhorar meu sorriso.
– Ela é maravilhosa.
– É... Droga, Camila. Mas não é só por isso que... quero dizer... no começo foi boa parte do motivo – Ela agarrou a nuca, os músculos se flexionando. – Agora existem outros motivos além de deixá-la feliz, antes que ela... – Ela fez uma pausa, os lábios se retorcendo, incapaz de pronunciar a palavra. – Você sabe que tem mais, não sabe? Não somos mais um fingimento. Sabe disso, né?
– Sei. Sei, sim. – Desta vez, meu sorriso foi radiante. – Está tudo bem.
Então, o nosso começo fora duvidoso. Isso não mudava onde estávamos agora.
– Vem tomar banho comigo? – Ela estendeu a mão.
– Claro.
Ela me lançou uma galante tentativa de sorriso.
O banheiro era espaçoso, feito em mármore branco com decoração dourada. Até tínhamos um piano na sala de estar, caso desse vontade de tocar. Os pais dela ficaram na suíte presidencial, por isso tivemos que nos contentar com a segunda melhor opção. A segunda melhor opção era bem legal.
Ela despiu a cueca. Eu abri a água para ajustar a temperatura, deixando que o cômodo se enchesse de vapor. Mãos escorregaram por mim, vindas de trás, abaixando a minha calcinha e levantando a minha camiseta velha do Stage Dive. Foi a única coisa que ela me deixou vestir para ir dormir na noite anterior, em sua sabedoria ébria. Estávamos no nosso mundinho perfeito, no calor do cubículo do chuveiro. Lauren se colocou debaixo da água e molhou os cabelos, deixando que a água escorresse pelo seu belo corpo. Passei os braços ao redor da cintura dela, apoiando a cabeça em seu peito. Os braços que me envolveram fizeram com que tudo ficasse perfeito.
Conseguiríamos lidar sozinhas com essas situações. Claro que poderíamos. No entanto, era muito melhor juntas.
– O pior é sempre de manhã – ela disse apoiando a cabeça no topo da minha. – Por alguns segundos, tudo está bem. Depois eu lembro que ela está doente e... só... eu nem sei como descrever.
Abracei ela com força, como se minha vida dependesse daquele gesto.
– Ela sempre esteve presente. Costumava nos levar de carro para os espetáculos. Sempre foi a nossa maior fã. Quando recebemos o disco de platina, ela fez uma tatuagem do Stage Dive para comemorar. Aos sessenta anos de idade, a mulher fez uma tatuagem... e agora está doente. Não consigo aceitar. – O peito se inflou contra mim quando ela respirou fundo, deixando o ar escapar devagar.
Afaguei as costas dela, percorrendo a extensão da coluna, para cima e para baixo, alisando com a mão a curva de suas nádegas, escorregando meus dedos pelas costelas. Ficamos debaixo da água quente, e eu a confortei o melhor que pude.
Deixando-o saber que era amada.
Peguei o sabonete e passei pelo seu corpo, ensaboando-a como a uma criança. Primeiro, a parte de cima, desde os ombros até os músculos dos braços, cada centímetro do peito e das costas. Lavar seus cabelos foi mais complicado, por causa da diferença de altura.
– Abaixa. – Coloquei xampu nas mãos e esfreguei, massageando seu couro cabeludo, sem pressa. – Vamos enxaguar.
Ela me obedeceu sem fazer nenhum comentário, levando a cabeça para debaixo do chuveiro. Em seguida, foi a vez do condicionador. Com cuidado, penteei-o com os dedos.
– Você está proibida de cortar os cabelos – informei.
– Ok.
– Em tempo algum.
Ela me lançou um quase sorriso. Estava definitivamente chegando perto.
Depois que a parte de cima foi completada, ajoelhei-me nos ladrilhos, ensaboando os pés e tornozelos. A água batia nas minhas costas, mantendo-me aquecida. Mesmo de cara com o pênis endurecido, ignorei-o. Ainda não era a hora. Os músculos das longas pernas eram bem interessantes.
Acho que eu devia mesmo aprender seus nomes. Ela se retraiu quando lavei a parte de trás dos joelhos.
– Coceguinhas? – perguntei, sorrindo. – Sou forte demais para coceguinhas. – Ah. – Passei a mão ensaboada em toda a extensão das coxas, frente e trás. Maldição, ela iria ser a baterista mais limpa e imaculada do rock’n’roll mundial. A água escorria pelo seu corpo, acentuando os montes e vales, a curva dos seios e o cetim de sua pele. Eu deveria simplesmente
Chamá-la de bolo e comê-la com uma colher.
– Pretende subir? – O desejo engrossara a voz dela.
– Uma hora... – Ensaboei as mãos e deixei o sabonete de lado. – Por quê?
– Curiosidade.
A “curiosidade” estava apontando para mim, bem grossa e exigente. Segurei-a de lado, passando a outra mão entre as pernas. O pau duro aqueceu minha palma. Uma mulher paciente teria curvado os dedos ao seu redor, apertando-o. Eu era péssima em esperar.
Lauren prendeu a respiração, o tanquinho do abdômen se contraindo visivelmente.
– Adoro a sua bunda – eu disse, passando os dedos ensaboados pela fenda antes de amparar suas bolas. Toda porção dela era sublime, corpo e alma. O bom, o ruim e o complicado. As vezes que eu queria que ela fosse séria e as vezes que eu não tinha ideia do estado dela. Ela sempre me incitava a querer mais, ao mesmo tempo em que me sentia extremamente grata pelo que eu já tinha. Porque ela era minha, e isso estava evidente desde o olhar.
– Não sei como fui ter tanta sorte. – Esfreguei o nariz no osso do quadril, deslizando os dedos pela pele macia do pênis.
– Você gosta tanto assim da minha bunda?
– Não, acho que é mais uma questão do todo.
Apertei seu pau mais uma vez, e seus olhos ficaram turvos, do jeito que eu tanto gostava. As coisas definitivamente tinham despertado entre as minhas pernas, mas agora a hora era dela. As pontas dos dedos desceram pelas laterais do meu rosto, o seu toque suave, reverente.
Chega de brincadeira.
Guiei a cabeça do pau dela para a minha boca e suguei. Mãos se enterraram nos meus cabelos, segurando firme. Minha língua resvalou a ponta, atiçando a borda sensível antes de mergulhar mais adentro e esfregar o ponto mais vulnerável. Engoli mais fundo, sugando com vigor, de novo e mais uma vez. O quadril dela se projetou, pressionando para dentro da minha boca. Nunca me aperfeiçoara na arte da garganta profunda, sinto muito. Mas Lauren fez com que eu quisesse aprender. Algo me dizia que ela não se oporia aos exercícios e treinos. Com uma mão eu amparava suas bolas, massageando-as. A outra permaneceu firme na base do pênis, impedindo-a de ir longe demais e forçar minha garganta. No entanto, eu a tomei o mais fundo que consegui, recuando e deleitando-a com as atenções da minha língua. Tracejando as veias grossas e brincando com a fenda.
Os dedos em meus cabelos seguraram mais firme, provocando uma dorzinha de nada. Tudo bem.
Tudo estava bem. Eu simplesmente adorava poder fazer aquilo por ela
Tomei-a fundo e suguei, estimulando-a. Ela gozou com um grito, entrando na minha boca o quanto a minha mão permitia. E eu engoli.
E disseram que o romance não existia mais...
Ela arquejou, os braços pendendo frouxos e os olhos fechados. Caramba, aquilo foi perfeito.
Devagar, fiquei de pé, os joelhos estavam bambos. Depois do sexo oral, parecia que sempre existia esse momento de timidez. Talvez eu devesse ficar convencida, me vangloriar um pouco com alguma dancinha da vitória, mas o fato é que não havia espaço para tanto no chuveiro.
Lauren abriu os olhos e me encarou, os braços me envolvendo pelos ombros. Levou-me para junto dela e depositou beijinhos no meu rosto.
– Obrigado – ela agradeceu, a palavra abafada em minha pele.
– Foi um prazer.
– Sinto muito pelos seus pais, Camz. Sinto muito, muito mesmo...
Meus dedos se apertaram no quadril dela num ato involuntário. Um dia eu deixaria de reagir assim e esqueceria o passado.
– Sinto muito pela sua mãe.
– Hum. – Ela esfregou meus braços, deu um beijo na minha testa. – Temos que pensar em coisas boas. E pedir uma montanha de bacon com ovos. E waffles também. Gosta de waffles?
– Quem não gosta?
– Exato! Qualquer um que não goste de waffles deveria ser preso! Tranque-os numa cela e jogue fora a chave!
– Com certeza.
– Chega de tristeza por hoje – ela disse, com voz rude.
Ela apanhou o sabonete e começou a me lavar, prestando uma atenção especial aos seios.
– Só tem mais uma coisa sobre a qual devemos conversar – eu disse, enquanto ela esfregava uma sujeira imaginária no meu mamilo esquerdo. Estava bem gostoso, para falar a verdade.
– Sobre o quê?
– Bem... Sobre o que você disse quando voltamos para cá. Sobre começar uma família.
A mão dela fez uma pausa, cobrindo meu seio direito.
– Começar uma família?
– Sim. Você disse que queria muito isso. Chegou a jogar todos os preservativos pela janela e deu descarga nos meus anticoncepcionais.
– Puxa, isso é sério mesmo. Nós transamos?
Pisquei os cílios para ela e lancei-lhe um olhar inocente, mas, de certa forma, maldoso.
– Não. Claro que não.
O branco dos olhos dela ficou ressaltado.
– Deus... Você quase me fez enfartar.
– Desculpe. – Beijei-a no peito. – Mas você jogou mesmo as camisinhas pela janela. Só não encontrou minhas pílulas. Depois se deitou e começou a batizar todos os nossos filhos.
– Todos?
– Deduzo que não vamos mais ter treze?
As sobrancelhas dela se ergueram.
– Cacete. Hum... Talvez não...?
– Melhor assim. Você poria o nome de David em três deles. Acho que ia acabar em confusão.
– Quanta asneira falei ontem? Só por curiosidade...
– Não muita. Caiu da cama algumas vezes, tentando lamber meus dedos dos pés, e depois acabou dormindo.
Ela enxaguou o sabonete das mãos e pegou o frasco de xampu, massageando meu couro cabeludo
Em seguida.
– Ai – arfei. – Devagar.
– O que foi?
– Não lembra?
Ela virou a cabeça ligeiramente de lado e me olhou de esguelha.
– O que foi agora?
– Você pode ter, acidentalmente, chutado a minha cabeça enquanto levantava do banco da bateria.
– Ah, não. Porra, Camila...
– Você não me machucou. É só um galo.
Com o rosto contraído, ela enxaguou o xampu com cuidado e passou o condicionador. Ficava balançando a cabeça, com a testa toda enrugada.
– Ei – eu disse, segurando o queixo dela. – Está tudo bem. Sério.
– Vou compensar você por isso.
– Já fez isso. – Apoiei a mão sobre o coração dela, sentindo-o bater em minha palma. – Você ouviu a minha história sem me julgar. Contou-me o que estava acontecendo com você. Essas duas coisas são muito importantes, Lauren. São, sim. Estamos bem.
– Vou compensá-la ainda mais. Isso não vai mais acontecer.
– Ok.
– Sério.
– Sei que é.
Ela me lançou um olhar meio torto, depois sorriu de repente.
– Já sei o que vou te dar. Já faz um tempo que venho pensando nisso.
– Você não precisa me dar nada. Embora os waffles sejam uma boa ideia, já que estou morrendo de fome. – Terminei de enxaguar o cabelo, pronta para sair do banho.
– Você vai receber mais do que waffles. – Seus braços passaram por trás de mim e uma mão escorregou por entre as pernas. Com toques sutis, ela começou a massagear os lábios do meu sexo, para frente, para trás. – Mas antes você precisa gozar.
– Ok.
Ela riu no meu ouvido.
– Tão atenciosa com os seus orgasmos. Gosto disso.
Passei os braços ao redor do pescoço dela com vigor. Ela levou uma mão à boca, molhando alguns dedos. Em seguida, um deles escorregou pela fenda do meu sexo, provocando-me. Senti um formigamento da cabeça aos pés. Com lentidão, ela pressionou mais fundo, depois recuou para atiçar minha entrada, espalhando a umidade. Ela me excitou sem nenhuma demora, a respiração se acelerando. Torci meu corpo ao encontro da mão dela.
– Você tem que ficar parada, Camila – ela me repreendeu, pousando uma mão no meu estômago.
Dois dedos me penetraram, esfregando alguma coisa deliciosa ali dentro. – Vamos lá, cê não tá nem tentando.
– Não consigo.
– Mas precisa. Não consigo fazer isso direito se você não ficar quieta.
– Ah! – Arfei quando o polegar resvalou meu clitóris, lançando um raio de luz pela minha espinha.
– Viu? Fez meu dedo escorregar.
O modo como ela adorava me provocar era tanto uma benção quanto uma maldição. Os dedos recuaram, deixando-me vazia, e toda a atenção dela se voltou para o meu clitóris. Ela esfregou os dois lados ao mesmo tempo, fazendo-me gemer.
– Parada...
– Estou tentando.
– Tente com mais vontade. – De leve, ela deu um tapa no alto do meu sexo. A reação foi imediata, meus quadris se projetando para a frente. Ninguém nunca fizera isso antes. Todas as minhas terminações nervosas pareceram prestes a explodir.
– Gostou da repercussão? – ela perguntou.
– Nossa – foi a única palavra que emiti.
Ela cantarolou com os lábios fechados em meu ouvido e voltou a trabalhar ainda rápido no meu clitóris. A pressão só aumentava. Tão perto...
– Lauren. Por favor...
Ela me deu outro tapinha, e eu desmoronei. Gritei, e meu corpo cedeu. Se ela não estivesse ali
para me sustentar, eu teria caído no chão. A mulher provavelmente precisava ser trancada para a proteção das mulheres de todo o mundo.
A água parou de cair. Ela me enrolou numa toalha e me colocou como uma boneca de pano na bancada do banheiro.
– Ei, olhe pra mim – ela disse, diante de mim.
– Oi.
Ela colocou meu cabelo atrás das orelhas com carinho.
– Sinto que a gente precisa falar sobre essa coisa de relacionamento. E eu deveria dizer alguma coisa profunda. Mas não sei se consigo. Ainda mais hoje... – Ela exalou com força. – Você é ótima pra transar, uma garota incrível, eu odeio quando você está triste e não gosto quando não está por perto. Estou até me acostumando com as brigas e todo o dramalhão de vez em quando, porque o sexo quando fazemos as pazes é de fazer a terra tremer. E, além disso, você vale a pena.
A ponta da língua dela passou pelo lábio superior.
– Basicamente é isso. Não necessariamente nessa ordem... Ok?
– Ok. – Eu ri, mas só um pouco. Afinal, ela estava sendo sincera.
– Você é a minha garota. Tem que saber isso. – Ela sorriu e apoiou as mãos nos meus joelhos. – Precisa de mais alguma coisa de mim?
Fiz uma pausa, pensei um pouco.
– Somos monogâmicos?
– Somos.
– Vamos ver onde isto vai dar?
– Uhum.
– Então, tudo bem por mim.
Ela assentiu, deu um apertão nos meus joelhos.
– Se precisar de alguma coisa de mim, espero que me diga.
– O mesmo vale para você. Qualquer coisa.
– Obrigado, Camz. – Ela sorriu e me beijou. – Pronta pra turnê, senhorita Cabello?
– Com certeza.

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⏰ Última atualização: Mar 18, 2021 ⏰

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