Capítulo - 14

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Limpei a garganta e fortaleci minha espinha. Hoje, eu estava cerca de dez
vezes mais alta.
— Shawn, Lauren e eu estamos vendo um ao outro.
— Nós estamos morando juntos — Lauren corrigiu.
— Certo. Isso também. Eu ia lhe contar. Lauren e eu estamos morando muito
felizes juntos desde anteontem.
— Lauren? — Meu chefe congelou. — Lauren Jauregui, a baterista?
— Sim.
Os olhos vermelhos de Shawn ficaram ainda mais brilhante. Nada mais foi dito.
— Agora que nós temos isso resolvido, eu vou tomar banho — Lairen
anunciou. — Dando a vocês crianças uma oportunidade para conversar.
— Obrigada — Eu disse.
— Não tem problema — Sua mão bateu na minha bunda, fazendo-me saltar.
Em seguida, seus dedos preguiçosamente coçaram o queixo, ela passeou
até o banheiro. A minha nádega ardia. Eu fiz uma nota mental para matá-la mais
tarde, uma vez que estivéssemos sozinhas. Matá-la ou me enroscar nela, seja qual
for. Meus hormônios estavam tão confusos.
No segundo que a porta se fechou Shawn agarrou meu braço e me empurrou
para a pequena cozinha. A alvorada ainda tinha que fazer uma aparição. A luz da
sala brilhava fracamente no seu rosto mal-humorado. Seus óculos de aro preto
estavam tortos, acrescentando que toda a sua aparência completamente
desalinhada. Eu provavelmente deveria ter ficado com ciúmes. Mas pela primeira
vez eu realmente não estava.
— O que diabos é isso, Camila? Você disse que a conheceu, isso é tudo. Foda-
se, eu pensei que ela parecia familiar...
— Ela veio como uma surpresa para mim também. Mas é ótimo, né? — O
garoto tinha cabelo de cama e não era de dormir. De jeito nenhum que ele estava
vindo em minha casa e me dar a merda sobre encontrar-me da mesma forma
(supostamente) ocupada.
— Ótimo — Ele respondeu sem rodeios.
— Ela é um garota muito legal quando você começa a conhecê-la.
— Claro.
— Ela me faz sorrir, você sabe? Não me toma como garantido — Eu disse,
indo para mata-lo. Então eu tenho alguma sede de sangue do início da manhã
acontecendo. Não era como se ele não merecesse isso por ser rude com Lauren. Eu
posso não gostar da maioria das mulheres que ele tinha pendurado em volta em
vários momentos, mas com certeza nunca as insultei. — E eu agradeceria que
você não a insultasse novamente.
A boca de Shawn se abriu.
— Camila, do jeito que ela falou comigo...
— Você está indo me dizer que ela começou? Sério? Você não bate na minha
porta a essa hora e chama a pessoa que atende de idiota, Shawn. Isso não é legal.
— Desculpe — Ele deu a minha surrada velha geladeira um olhar sujo.
— O que está acontecendo aqui? Você nunca se importou comigo
namorando antes. Não que eu tenha feito muito isso ultimamente.
— Nada. Eu só não esperava...
Eu esperei, mas ele não terminou a frase. Talvez fosse melhor deixar esse
assunto para lá.
— Você gostaria de um café?
— Não, eu estou indo para casa.
— Ok. Bem, obrigada pelos donuts — Coloquei a caixa destruída em cima
do balcão.
— Não tem problema — Ele só olhou para mim, seus olhos numa mistura
de furioso e triste. Eu realmente não sabia o que fazer com isso. A raiva ainda me
agarrava.
— Shawn...
— Está tudo bem.
— Eu não quero que isso afete nossa amizade.
Seus ombros empurraram para trás.
— Não. Claro que não.
— Ótimo — Não sei o que deu em mim, mas eu tive que abraçá-lo. Ele estava
se sentindo para baixo, eu quis corrigir. Mamãe nunca estivera para as coisas
melosas e eu herdei seu talento, ou a falta dele. Assim, meus braços estavam
rígidos, estranho. Bati-lhe uma vez nas costas e, em seguida, saltei o inferno fora
de lá antes que ele pudesse reagir. Um ataque de surpresa, se você quiser.
— Como foi seu encontro ontem à noite? — Não foi nada especial. O que você estava fazendo?
— Lauren pediu o jantar. Apenas uma noite tranquila — Assim que mencionei
o nome de Lauren, o rosto de Shawn voltou ao mal-humorado. Teria sido mais fácil
simpatizar com ele, se ele não tivesse cheirando a sexo e se comportasse como
um idiota, intitulado.
— Estou indo — Ele disse. — Te vejo mais tarde.
— Mais tarde.
Eu ainda estava ali olhando para ele muito tempo depois da porta da frente
ter fechado. Lá no fundo, eu não estava nem zangada nem triste. Apenas um
pouco chocada, talvez por descobrir que Shawn se importava comigo daquela
maneira depois de tudo. Como isso afetaria as coisas, eu não tinha ideia.
Quando Lauren reapareceu estava com o seu longo cabelo penteado.
O cabelo estava muito mais escuro estando molhado e os ângulos de seu rosto eram
exibidos com perfeição. Ela colocou uma calça jeans e uma camiseta velha com
aparência suave, desgastada do AC/DC. Mas seus pés estavam descalços.
— Café? — Perguntei, já servindo-lhe um copo. Ela me deu uma desculpa
sólida para olhar longe de seus dedos aparentemente fascinantes. O que era isso
sobre seus pés descalços?
— Sim, obrigado. Seu amiguinho moderno já foi embora?
Eu coloquei a xícara em cima do balcão e ela começou a acumular com o
açúcar do recipiente. Uma, duas, três colheres de acumuladas. Toda a sua energia
tinha que vir de algum lugar, eu acho.
— Shawn saiu um tempo atrás — Confirmei, escolhendo através dos pedaços
de donut. Delicioso.
— Difícil não pensar menos de você lá.
— Por quê?
Lairen tomou um gole de café, olhando-me por cima da borda.
— Você gosta do idiota. Você gosta muito dele — Eu enchi minha boca com comida. Como uma grande desculpa para não responder. Se realmente
mastigasse bem devagar poderia matar toda a conversa. — Mesmo com você me
dando olhos loucos, eu poderia dizer — Ela continuou, infelizmente. — Você tem
sorte que eu não sou o tipo ciumenta.
Engasguei com a comida na minha boca.
— É por isso que você começou com as histórias de aventuras sexuais? —
Ela riu, baixo e zombeteiro. Mas de quem ela estava rindo, exatamente, eu não
poderia dizer. — Lauren?
— Ele aparece aqui, fresco de uma noite de beber e foder, esperando
encontrá-la de braços abertos... Eu não gostei disso.
— Somos apenas amigos.
Ela desviou o olhar, lambeu os lábios.
— Camila — A decepção em sua voz picou. Eu queria dar desculpas. Estender
os antigos padrões. Eu queria me proteger. Mas eu nem sabia do que estava me
protegendo. Lauren não tinha me atacado. Sua reprovação tranquila passou por
minha guarda de uma forma que as palestras e as demandas de Dinah nunca
poderiam — O fato é que vocês estão em linha reta — Ela disse. — Homens e
mulheres como amigos realmente não funciona. Uma pessoa está sempre na
outra. Fato da vida.
— Sim, eu gosto dele — Eu admiti. — Tem algum tempo. Ele, ah... Ele não
me vê dessa forma.
— Talvez sim, talvez não. Ele com certeza - pra caralho - não gostou de me
encontrar aqui — Lauren pousou a xícara e se encostou no canto do balcão da
cozinha cinza desbotada, braços apoiados em ambos os lados. Seu cabelo úmido
deslizou para frente, protegendo seu rosto. — Você estava pensando em me usar
para fazer-lhe ciúmes?
— Manipulando-o e sendo uma estúpida com você? Não, eu não tinha
planejado fazer isso. Mas obrigada por perguntar.
— Eu não me importo — Ela deu de ombros. — E ele é um idiota que merece
o que ganha. Passando aqui, agindo como se lhe devesse alguma coisa. Passei meus braços em volta de mim.
— Eu sinto muito que ele foi rude com você. Tive uma palavra com ele. Isso
não vai acontecer novamente.
El bufou uma risada.
— Você não tem que me proteger, Camila. Eu não sou tão delicada.
— Irrelevante — Eu tomei um gole de café.
— Você sabe, eu posso viver com você me usando para chegar a ele. Inferno,
nós já estamos usando um ao outro, certo? — Algo na maneira como ela disse que
me fez parar. Se ela não estivesse se escondendo atrás de seu cabelo, que eu
pudesse vê-la melhor, avaliar aonde isso ia. — Não há razão porque nós não
podemos dar leite a esse bebê para tudo que vale a pena — Ela disse.
— Você faria isso por mim?
Ele deu um meio sorriso.
— Se é isso que você quer. Apertar os botões do babaca é muito fácil, mas
eu estou disposta a fazer o esforço. Inferno, esse corpo nasceu para fazer ciúmes
aos homens e mulheres mortais — Eu sorri de volta para ela, com cautela. Não me
comprometendo com nada. Essa situação exige uma reflexão séria. A tentação de
saltar era enorme. — Eu acho que ela está certa sobre uma coisa. Você pode fazer
melhor — Os olhos verdes me olharam fixamente. Havia diversões lá, como
sempre. Ela parecia estar me desafiando, empurrando-me para ver o que
aconteceria. Eu realmente queria empurrar de volta.
— Mas seja qual for... — Ela disse, revirando os ombros para trás em algum
tipo de encolher de ombros superdesenvolvido. — Sua chamada. Afinal de contas,
você conhece esse cara por quanto tempo?
— Dois anos.
— Dois anos você esteve com ele e nunca fez nada sobre isso? Você deve ter
suas razões, certo?
— Certo — Eu disse, soando nem um pouco convincente.
Ela riu e logo em seguida, eu não gostava dela apenas um pouco. Eu nunca
admitiria abertamente a minha coisa por Shawn a ninguém e aqui estava Lauren, sempre tão docemente esfregando isso na minha cara. A coisa era que, a situação
atual com Shawn era infinitamente preferível a qualquer coisa que tive desde que
eu tinha dezesseis anos. Se ele se estabelecer com alguém, meu coração não seria
quebrado. Mas quem sabe, poderíamos ficar juntos um dia.
Por que agir quando fazendo tão pouco estava me servindo tão bem?
a grande garota de cabelo escuro zombando de mim com os olhos, sorriso no lugar. Ela
sabia. Eu não sei como ela sabia, mas definitivamente sabia. Cara, eu odiava ser
uma conclusão precipitada, especialmente para ela. Odiava isso com a paixão de
milhares de fogo de inferno.
— Tudo bem — Eu disse. — Vamos fazê-lo — Ela parou de rir. — Estou
falando sério. Eu quero fazer ciúmes ao Shawn. Se você ainda estiver disposta a
me ajudar, é claro.
— Disse que não faria a um minuto atrás. Não acho que você realmente irá
para ele, mas... — Ela pegou sua xícara de café e esvaziou. — Isso vai ser
interessante. Exatamente o quanto você sabe sobre ser uma destruidora de
corações?
— Eu preciso ser uma destruidora de corações? — Do outro lado da sala, a
porta do banheiro estava aberta. A toalha molhada jogada esquecida no meio do
chão. A cueca boxer de Lauren estava abandonada ao lado.
Eu precisava fazer alguma limpeza hoje.
— Problema? — Ela perguntou.
— Não.
Engraçado, quando Ariana tinha morado aqui, eu geralmente acabava
fazendo a maior parte da arrumação para ela também. Não tinha me ocorrido no
momento. Um hábito que tinham restado de administrar uma casa precocemente,
provavelmente.
— O que é, Camila?
—A sua toalha e roupas sujas estão no chão do banheiro — Apontei para
elas, apenas no caso dela ter esquecido onde era o banheiro.
— A mudança aleatória de tópico — Lauren se esgueirou ao meu lado, estando mais perto do que precisava. — Mas você está certa. Elas estão, na verdade
decorando o chão e fazendo um belo trabalho também — Ela não disse mais nada.
A roupa suja estava lá, me provocando. E eu tenho certeza que Lauren em seu silêncio
fazia o mesmo. Ou isso, ou eu estava uma bagunça neurótica. Isso era próximo a
um convite. — O que você vai fazer sobre isso, Moranguinho? — Ela perguntou em voz
baixa.
— Eu realmente não gosto de você me chamando assim — Ela fez um ruído
de desprezo em sua garganta. Eu suspirei. Essa era uma guerra que eu
provavelmente nunca ganharia. Se assumir os cuidados de uma adolescente de
treze anos, me ensinou alguma coisa, era escolher as minhas batalhas. — Isso
não é problema meu. — Eu disse.
— Não?
— Precisa arrumar depois você mesmo — Eu disse com firmeza.
— Isso é um limite que estou ouvindo aí?
Levantei mais alto.
— Sim, isso é. Eu não sou sua mãe. Você precisa pegar a sua merda, Lauren.
Ela sorriu.
— Eu vou dar um jeito nisso.
— Obrigada — Sorri para ela, já se sentindo mais leve. — O que era aquilo
em ser uma destruidora de corações?
— Você vai me quebrar em duas, depois de mostrar a esse babaca a
namorada memorável que será, é claro — Eu sempre tinha estado no fim da
recepção de desgosto. Mas foda-se também. Maus hábitos podem ser quebrados.
— Eu posso fazer isso — Lauren olhou para longe.
— Eu não posso.
— Eu não duvido de você, Mila. Não duvido de você em tudo.

Camren G!POnde histórias criam vida. Descubra agora