Capítulo 1

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MEU CORPO DOI, mas a falta de ar que me consome me faz ignorar, tento buscar ar de todas as formas possíveis, chegando a tossir algumas vezes. Em uma dessas observei que em minhas mãos havia sangue.

Não tive tempo de identificar onde estava, o elevador se mexia rapidamente e sem parar.

Até que parou.

Deitei minha cabeça sobre o chão frio e senti meus olhos pesarem, ainda não podia respirar.

Ouvi um barulho e vozes, o que pareciam ser perguntas.

"O que tem aí?"

"Uma garota"

"Como ela é? É gostosa"

"Será que todos receberemos uma?"

"Todos calem a boca"

Coloquei minha mão sobre a garganta ainda sem conseguir me mexer muito, parece que algo me impede de respirar.

— Ei, fique tranquila — Ouvi uma voz calma — Consegue me ouvir?

Assenti mesmo que não conseguisse vê-lo direito.

— Ótimo, meu nome é Newt — Sua voz soou calma — Se lembra do seu nome.

Abri a boca algumas vezes sentindo a garganta seca e não consegui respondê-lo.

— Tragam água — Sua voz agora era mais alta, com autoridade.

Depois do que pareceram horas ele voltou a se aproximar, com cuidado me ajudou a erguer minha cabeça e finalmente meus lábios e garganta se molharam.

Pude sentir que voltava a vida.

Olhei à minha volta, ainda estava no elevador barulhento e agora posso ver que não estava sozinha. Haviam algumas coisas nos cantos guardadas em sacolas e caixotes.

— Consegui me dizer o seu nome?— Busquei em minha memória, mas nada passou por ela— Tudo bem, vai se lembrar em um ou dois dias — Levei meus olhos a quem ainda estava ao meu lado.

Sua feição combina com sua voz, seu semblante é calmo.


— Esther, se você não der um jeito em Thomas, eu, Minho, vou fazer isso.

Em minha cabeça uma voz carregada de sarcasmo se fez presente, como se estivesse ali, sussurrando em meu ouvido.

Pisquei algumas vezes, Thomas definitivamente não é o meu nome, não me sinto como Thomas.

Continuei me concentrando.

Também não acho que seja Minho.

— Esther, meu nome é Esther.

Vi o garoto loiro sorrir.

— Bem vinda a Clareira, Esther — Ele disse se levantando — Agora vamos sair dessa mertila de caixa.

Ele se levantou e estendeu sua mão para me ajudar a fazer o mesmo, esfreguei as minhas nas roupas antes de aceitar sua ajuda.

Gemi de dor assim que me erguei fazendo-o se aproximar para segurar meu corpo antes que eu pudesse cair.

— Parece que alguém foi à guerra antes de entrar aqui — Ouvi alguém dizer.

— Gally — Uma voz mais grave o repreendeu e conheci o dono dessa voz quando ele estendeu sua mão me puxando para cima — Dêem espaço.

Senti o toque macio da grama em minha pele e a claridade queimar meus olhos, por mais que o céu esteja azul, não acho que estou em casa.

Inalcanzable - Minho Onde histórias criam vida. Descubra agora