Capítulo 5

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- bom dia - caçarola comprimentou alguém enquanto eu cortava tomates de costas

- bom dia - a voz estava rouca de sono, mas ainda era a mesma voz do sonho, a voz da outra tarde

A voz do garoto que evita falar comigo desde que eu disse que me lembro dele, parece até ter medo

Não que eu o tenha procurado para conversar, só não aconteceu

- Ester já preparou algum dos lanches?- caçarola perguntou e eu assenti finalizando com algumas rodelas de tomate

- só um minuto - eu disse passando o papel filme em volta antes de levar até o balcão e no caminho peguei também uma garrafa d'água - prontinho - sorri orgulhosa de mim por ter me lembrado de tudo - bom dia Minho - tentei agir naturalmente

Como se eu não tivesse tido um sonho esquisito com ele

- bom dia, Esther - meu nome saiu bem por seus lábios - seu olho parece menos roxo - fez a observação

- mas ainda o suficiente para ser notado a quilômetros - comentei tentando puxar assunto, por algum motivo eu gostava de ouvi-lo falar

- relaxa, ninguém além de todos esses garotos vai presenciar isso - piscou na minha direção, eu desfarcei um sorriso me apoiando sobre o balcão e colocando a mão sobre os lábios

Mas isso acabou nos deixando mais próximos, caçarola pareceu disfarçar indo para a bancada com tomates antes ocupada por mim

- e então, se lembrou de algo que envolva o meu nome?- Minho perguntou baixo

- nada - não menti, pois não tenho certeza de que aquele sonho se trata de lembranças e eu não diria a ele algo que pode ser apenas a minha cabeça me pregando peças

- você nao sabe mentir - essas suas palavras fizeram meu coração bater mais rápido, ele parecia me conhecer tanto quanto antes

- estou dizendo, não me lembro - foi a última coisa que eu disse antes que ele dissesse que precisava ir e sair levando consigo o lanche que preparei e a garrafa de água

Inalcanzable - Minho Onde histórias criam vida. Descubra agora