Capítulo 18

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Os dias na clareira passam rápido, talvez por conta da rotina que se repete.

— Gally — O chamei novamente fazendo o garoto reclamar antes de me responder — O que você acha de construir um banheiro ao lado da minha cabana?

— Acho que não vai acontecer — Ele respondeu concentrado em cortar a madeira.

— Por favor.

— Não tenho material e nem mão de obra sobrando pra isso.

— Você é o cara das construções, resolveria isso em uma tarde.

— E o que o Alby disse sobre?

— Não me importo — Engrossei a voz para imitar o líder.

— Newt?

— Por que não verifica com o Gally se é possível?— Falei agora com a voz totalmente calma.

— Vou falar com os outros construtores — Sorri para ele — Mas não prometo nada.

— Pensa pelo lado bom, se a teoria do Jeff estiver certa logo vai precisar mesmo de mais um banheiro.

— A teoria do Jeff de que subiria uma garota para cada um de nós falhou no mês seguinte, o mundo não acabou e nós não temos que repovoar — Gally sorriu ao se lembrar dessa teoria maluca que o socorrista deu depois de alguns copos quando nos reunimos em volta a fogueira.

— Vai que acabaram as garotas do mundo, isso me faria uma rainha e uma rainha merece um banheiro privado, talvez também um chuveiro de água quente.

Em seguida, um dos garotos chamou o encarregado que precisou me deixar sozinha, o que é estranho já que nos últimos dias tem sempre alguém junto comigo.

Principalmente depois que a conclave decidiu que Cedri apenas passaria uma semana no amansador, a dois dias o garoto voltou a andar e conviver com todos como se nada tivesse acontecido.

Me levantei da grama pronta para voltar a cozinha onde devo ajudar o caçarola, cumprimentei alguns meninos pelo caminho até lá.

— Sabe que deveria me ajudar a preparar o almoço e não só a servir, não sabe?— O encarregado disse nada contente em me ver atrasada.

— Desculpa, é que eu não queria trabalhar hoje.

— Pega os pratos e começa a servir o purê.

Depois de garantir que todo mundo estava comendo caçarola me entregou meu prato e eu caminhei até o local vazio ao lado de Chuck.

O garoto ainda tá meio perdido e os outros clareanos não fazem nenhuma questão de mudar isso.

Chuck é mais novo, fraco e não está se destacando em nenhuma função aqui então consideram algo inútil fazer com que ele se sinta bem vindo.

— A comida melhora com o tempo, você vai ver, vai até conseguir escolher uma favorita — Falei vendo-o remexer o que estava em seu prato — Eu por exemplo gostava de carne, até trabalhar com os retalhadores — Ele sorriu — Agora eu torço diariamente pelo dia do purê.

— Você trabalha na cozinha, não tem um cardápio?

Neguei.

— Caçarola chega mais cedo e organiza os armários de comida, é aí que ele decide o que tem o suficiente pra todo mundo — Expliquei — Eu só mais curto legumes, monto pratos e observo.

— Não parece muito difícil.

Sorri pra ele.

— É, eles não me deixam fazer muita coisa então — levantei os ombros — Eu tento ajudar como posso.

— Acha que se eu ajudar como posso vão gostar mais de mim?

Mexi com a cabeça concordando.

— Vão gostar de você em alguns dias quando a caixa subir novamente, aí vão ter outro fedelho pra atazanar.

— Você é legal, Esther — Ele sorriu virando o rosto pra me olhar — Escolheram a garota certa pra ser a única aqui.

Inalcanzable - Minho Onde histórias criam vida. Descubra agora